quarta-feira, 20 de julho de 2011

Anos de políticas desastrosas ameaçam congelar argentinos

A Argentina foi, no início do século 20, uma das maiores economias do mundo. Uma das mais bem sucedidas sociedades com elevado padrão de vida relativamente ao resto do mundo e, principalmente, quando comparada com seus vizinhos da América do Sul. O que ocorreu a partir da segunda metade do século passado foi uma sucessão incrível de péssimas administrações e uma coleção de políticas econômicas desastradas e desastrosas que depreciaram a economia platina, reduziram substancialmente o padrão de vida argentino e colocaram o país sob o risco estratégico de falta de energia e do sucateamento de sua indústria.

Hoje, com um PIB menor do que o do Estado de São Paulo, a Argentina se vê às voltas com problemas de competitividade, corrupção, pouco valor agregado de suas exportações, desabastecimento em vários setores e regiões, tudo isso emoldurado por um populismo deletério. Essa conjunção perigosa está emergindo em vários setores, com a necessidade de novas barreiras alfandegárias, acirramento comercial com o Brasil, empobrecimento visível das populações urbanas (e deterioração do mobiliário urbano). Mas, talvez, o sinal mais evidente dessa decadência quase programada seja o setor de energia.
Por vários motivos as nações e os Estados Nacionais são muito sensíveis ao desempenho do setor energético. Os receios da dependência nesse caso são sempre exacerbados, e em termos populares pega muito mal para um argentino ser lembrado que há 10 ou 20 anos seu país criou uma rede de distribuição de energia elétrica e de gás para vendar o excedente produzido para Uruguai, Chile e mesmo para o Brasil. Atualmente, a Argentina teve que cancelar os contratos de fornecimento de gás para Chile e Uruguai (fato que ainda vai gerar problemas legais para os argentinos) e está usando a rede de distribuição para receber gás e energia elétrica do Brasil, no sentido inverso do que era programado.

Em pouco mais de meia década, a Argentina viu seu resultado na balança de energia cair de um superávit superior a US$ 1,5 bilhão para um déficit de mais de US$ 3 bilhões. Pior, o governo gasta outros US$ 1,5 bilhão para subsidiar a energia que abastece os lares em seu território. Ou seja, sob o receio de que a população passe a sentir a deterioração de seu orçamento doméstico, principalmente no inverno quando o consumo de gás para aquecimento aumenta muito, as políticas públicas permanecem maquiando a realidade. O grande problema é que com os sinais errados, a população vai continuar a consumir mais do que o mercado é capaz de produzir. Esse subterfúgio funciona por algum tempo, em alguns casos, mas não todo tempo para qualquer problema. No final das contas, o consumidor argentino está pagando por meio do endividamento público, mas só vai se dar conta disso no futuro.
Para finalizar, a política é tão controversa que está havendo cortes de energia (gás e eletricidade) nas empresas, mas não nas casas argentinas. Ou seja, desagradar empresários parece ser melhor do que a população. No curto prazo, dentro do raciocínio puramente político/eleitoral, é verdade, mas no longo prazo a catástrofe pode se agigantar: a indústria argentina vai ser empurrada para o precipício, e, em breve, o desemprego vai aumentar tão rapidamente quanto a renda e o PIB vão cair.

Assessoria Técnica

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