quarta-feira, 27 de julho de 2011

Dilma deixa clara sua posição e dólar derrete

A presidente Dilma, em uma entrevista absolutamente feliz, deixou claro que a prioridade do governo é manter o poder de compra da moeda, resumindo, o combate intransigente à inflação. Se isso fizer com que haja maior apreciação cambial, que seja. Para lidar com os problemas de competitividade da indústria nacional, a solução não pode ser cambial, indireta. Para tal, a presidente afirmou que haverá redução tributária para produção de exportáveis e outras medidas pontuais e direcionadas serão adotadas.

Essa declaração fez com que o dólar atingisse o seu menor valor nominal frente ao real em 12 anos, desde 1999 que a moeda americana não estava tão barata. Se considerarmos o diferencial de inflação entre os países (os preços no Brasil subiram mais do que nos Estados Unidos) a valorização percebida é ainda maior e hoje a moeda brasileira tem o maior valor de sua história, que data de julho de 1994.
É importante ressaltar que tecnicamente a presidente tem razão, dado que tentar fazer ajuste de competitividade via cambial e ao mesmo tempo comprometer o combate à inflação por conta de medidas artificiais, seria como cobrir um santo e desvestir outro. Não faz o menor sentido arriscar o salário de muitos pela competitividade de alguns, por mais verdadeiros e justos que sejam os pleitos da indústria. O problema do País no caso da competitividade não é cambial, até porque o câmbio é flutuante e reage a outras variáveis. O problema de origem de nossa competitividade está no custo dos encargos trabalhistas, na carga tributária e na falta de infraestrutura adequada, principalmente no setor de Transportes e de Comunicações. É muito bom que se adotem medidas adequadas e direcionadas, pois não dá mais para o País viver de remendos e de novas medidas mágicas.

Também não é correto dizer que o dólar está perdendo a corrida contra o real apenas por conta dos juros brasileiros (que estão na estratosfera, sim). A moeda americana enfrenta um período de raquitismo que pode durar um pouco mais. Com problemas de crescimento interno e com o limite de endividamento chegando ao teto, os Estados Unidos passam por um dos momentos de maior vulnerabilidade econômica do pós-guerra, talvez comparado à quebra do padrão dólar/ouro e à crise do petróleo da década de 1970. O momento não é bom para a moeda americana e é muito positivo para a economia brasileira. Essa coincidência se expõe para o mundo na forma de uma paridade cambial que caminha para desvalorizar ainda mais o dólar.
No curto prazo, a tendência de valorização do real se manterá, até porque, além do diferencial favorável de nosso equilíbrio macroeconômico, temos uma taxa de juros tão alta que a atração de dinheiro para o Brasil se torna quase que gravitacional. O outro lado dessa moeda é o déficit em contas correntes que, por enquanto, é razoável e financiável, mas não pode crescer eternamente. Façamos nós o que resta de ajustes para que não façam por nós.

Assessoria Técnica

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