segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Os rumos da Economia

Algumas pessoas quando se deparam com profissionais liberais, fazem desse contato, uma consulta informal não remunerada. Com um médico, comentam uma dor estranha. Em um encontro com um amigo dentista em uma festa, exibem um pivô mal colocado. Se o primo vende automóveis de luxo, fazem uma sondagem dos preços de carros que nunca vai adquirir.

Os economistas também recebem esse tipo de abordagem. A pessoa entra em uma festa ou em uma reunião que não seja da área, e começam as perguntas: com quantos pontos a Bolsa vai fechar neste ano? O dólar vai continuar caindo? A crise no Egito pode pressionar os preços do petróleo? Tem uma boa dica de investimento?

Dentre os profissionais liberais, talvez o economista seja o que mais frustra seus amigos. Normalmente não tem palpite sobre a Bolsa, não sabe onde o dólar vai parar e não entende nada do mercado de petróleo. Se soubesse de tudo isso seria muito rico. Uma boa dica é fazer perguntas sobre investimentos para pessoas ricas, mesmo que não sejam economistas.

Nas últimas semanas os economistas estão sendo procurados, pois todos querem saber para onde vai a economia. Essa talvez seja a resposta mais difícil de se dar nesse momento. Se essa pergunta fosse feita em janeiro de 2010, a resposta básica seria: o País está se preparando para crescer mais de 6% e com isso vai aumentar o consumo, o emprego e a renda. Os investimentos em dólar serão ruins pois a tendência é de queda da moeda americana e provavelmente a Bolsa terá um bom desempenho. 
Na realidade a resposta era simples porque o cenário era claro: todos os indicadores apontavam para o mesmo lado: juros ao consumidor mais baixos, crédito crescendo, indústria aquecida, elevadas vendas no varejo, inflação controlada.

Hoje o cenário é nebuloso, e isso é o melhor que um economista pode dizer agora. Enquanto a demanda interna ainda cresce, o Banco Central adota medidas para restringir o crédito e elevar os juros. A produção industrial ainda cresce e o mercado imobiliário está aquecido, mas o governo anuncia corte de gastos para conter a inflação. O mercado de trabalho está contratando, mas o ganho de renda está comprometido por conta da aceleração inflacionária.

Uma boa dica é a cautela. Se existe alguma mensagem nesse cenário é de que a tendência aponta para dias mais austeros do governo e do Banco Central, que vão buscar controlar a inflação. As variáveis ainda estão desconexas por conta de um efeito chamado delay - demora entre a adoção de
políticas econômicas e os efeitos sobre o lado real da economia.

Não cabe argumentar se o país está ou não preparado para crescer de forma mais acelerada em um período mais longo sem que isso gere esses problemas e uma espécie de punição atrasada aos bons momentos. Mas, enquanto o País não criar as condições ideais para que o crescimento seja robusto e de longo prazo, é melhor que agora o governo seja o estraga prazeres e contenha a inflação ao custo de um desempenho econômico fraco no segundo semestre, para que em 2012 a casa esteja arrumada e, quem sabe para uma nova festa.

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