quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

A Economia Criativa no Brasil

A criação da Secretaria de Economia Criativa no âmbito do Ministério da Cultura anunciada à imprensa em 21 de janeiro é um fato bastante animador. A partir desse anúncio, governos estaduais começam a agir no mesmo sentido, como é o caso do Estado de São Paulo. O secretário Andrea
Matarazzo vai criar uma coordenadoria – a cargo de Fernanda Bandeira de Mello – com um amplo escopo para o desenvolvimento desse importante segmento em São Paulo.

Fábio Feldmann, que tem pautado esse assunto junto ao governador de São Paulo, conforme propôs e fez constar do Programa de Governo do Partido Verde (ao qual é filiado), está junto do secretário na iniciativa e é o responsável pela aproximação do assunto na Fecomercio. Feldmann continua conversando com o governador para instalar o Fórum Permanente de Economia Criativa em São Paulo, o qual envolveria várias secretarias e seria presidido pelo governador Geraldo Alckmin.

Criatividade, Educação e Economia Criativa
A Fecomercio saúda a criação da Secretaria pela ministra Ana de Hollanda. É um passo decisivo para ações práticas no sentido de mudar de maneira definitiva o eixo de desenvolvimento econômico. Uma infinidade de setores será estimulada a buscar no talento artístico e na diversidade cultural do País, ideias sobre novas formas de organizar talentos em instituições e empresas, novos processos, novos modelos de negócios e de gestão, entre outros.

O Conselho de Economia Criativa da Fecomercio, criado em 2010, define como elementos essenciais nessa nova economia – a economia da criatividade – a colaboração, a multidisciplinaridade e a diversidade, a crítica e o pensamento global. Agrega, de maneira inovadora a “qualidade de talentos”
como um quarto pilar da sustentabilidade.

Além dos segmentos elencados como pertencentes às chamadas “indústrias criativas”, tão bem destacados em matéria publicada na Folha de São Paulo no dia 13/2 (arquitetura, moda, design, software, mercado editorial, televisão e rádio, vídeo, artes visuais e plásticas, música, publicidade, expressões culturais, artesanato e artes cênicas), que representam o modelo inglês, também é necessário ressaltar as atividades de pesquisa e desenvolvimento em qualquer segmento. Não podemos excluir as inovações nos setores de serviços, varejo e turismo, como o turismo cultural e os serviços baseados na experiência, entre outros.

A abordagem da ministra é muito feliz em definir que as regras de incentivo induzem à produção de eventos e que eventos não são, por si só, suficientes para o desenvolvimento das indústrias criativas. Aliás, nesse aspecto, o modelo atual é bastante ineficiente já que a produção de propostas de eventos ao Ministério da Cultura atinge quatro vezes o valor que efetivamente alcança recursos incentivados por meio das políticas de incentivo. Que a criação da nova Secretaria não sirva para trazer novos segmentos candidatos às leis de incentivos.

Salvador (BA) recebeu, em 2005, o que poderia ser chamado do Segundo Fórum Internacional das Indústrias Criativas reunindo 19 países, numa organização promovida delo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). No governo brasileiro, a coordenação do tema, mais tarde transformado em Economia Criativa, esteve a cargo dos Ministérios da Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia, Desenvolvimento, Indústria e Comércio, do Trabalho e do Itamaraty. As iniciativas não prosperaram. Louve-se a criação da Secretaria de Economia Criativa cujo conceito expandido vai certamente estimular políticas convergentes em outros Ministérios.

Neste momento, é importante entender que a política pública que deve estar no topo da pirâmide é a educação de qualidade. Nos dá esperança saber que o novo governo federal trata o tema como prioritário, muito mais do que constatar que estamos 17 anos defasados em implantar o conceito de economia criativa no Brasil. Na educação, a defasagem é certamente o dobro.

Quanto mais acelerado for o investimento em educação de qualidade mais efetivo será o desenvolvimento da economia criativa no Brasil, e as indústrias criativas devem ter foco na preparação de produtores culturais com forte viés empreendedor. Assim, os benefícios das políticas públicas alcançarão o seu destino e não ficarão restritos às organizações e empresas, que invariavelmente concentram os benefícios das leis de incentivo.

Adolfo Melito é presidente do Conselho de Economia Criativa da Fecomercio

Um comentário:

  1. Caro Adolfo, parabéns pela iniciativa e sucesso nos seus empreendimentos. A questão dos Games de Computador e Simulação por computador, realmente serão os diferenciais da educação e desenvolvimento humano no sec XXI, além de possibilitar cenários mais cooperativos e interativos em TeleEducação, TeleMedicina, Emergências, etc.

    abraços
    Donizetti Louro

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