terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Mais uma semana sem surpresas

Já se somam semanas de alta nas Bolsas ao redor do mundo e de valorização do Real (frente ao dólar e a outras moedas importantes). Esse desempenho não chega a surpreender, haja vista o que se tem escrito sobre o tema por aqui desde meados de dezembro. Todavia o otimismo continuado de um mês não deve prevalecer durante todo o ano ininterruptamente. Sempre que há uma sequência relativamente longa e acentuada de alta (rally no jargão de mercado), a tendência é de que aconteça momentos de realização de lucros, e isso deve ocorrer em breve. Isso não quer dizer que o otimismo acabou, mas representa um padrão de comportamento tradicional.

O otimismo em relação ao Brasil, especificamente, advém do fato de que os preços de commodities continuam elevados, o mercado interno de consumo está forte, o setor bancário se mantém hígido e em expansão. Além disso, o País está praticamente no pleno emprego e recebe investimentos estrangeiros robustos que devem manter a capacidade de financiamento de dívidas brasileiras em excelente condição. Junte-se a isso a perspectiva de recuperação americana (mais acentuada e mais cedo do que se esperava) e a elevada liquidez global com poucas opções de investimento, o quadro indica que o Brasil será uma economia de forte crescimento por um período longo, talvez mais de uma década. Nosso mercado interno, de uma classe média emergente de mais de 100 milhões de pessoas, atrai olhares de todos os investidores, sejam eles japoneses, chineses, americanos ou europeus.
Do lado do câmbio, mesmo a queda da Selic - e a perspectiva de que as taxas básicas de juros no Brasil ainda podem (e devem) cair abaixo de 10% - não foi suficiente para inverter uma nova onda de valorização de nossa moeda. Na realidade, o governo vem atuando há mais de um ano, com pouco sucesso, para conter a valorização do Real. Dificilmente logrará êxito, pois o que realmente importa para precificar as taxas de câmbio é a oferta e a demanda por essa ou aquela moeda. Como o influxo de capitais estrangeiros superou US$ 60 bilhões líquidos, apenas na vertente de investimentos diretos, os instrumentos que o governo dispõe para direcionar o câmbio são pouco eficientes. Se de fato as autoridades quiserem controlar o câmbio e trazê-lo para uma trajetória de desvalorização, a batalha será muito dura e o risco de danos sérios à nossa economia é elevadíssimo.


Assessoria Técnica

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Carga tributária não garante qualidade de vida

Juntando o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e a carga tributária de 30 países selecionados na tabela abaixo, algumas conclusões podem ser rapidamente tiradas:

1.    Maior carga tributária não garante um IDH proporcionalmente alto;

2.    Eficiência nos gastos públicos é imperioso para que o País se desenvolva;

3.    O modelo americano de baixa intervenção estatal tem se mostrado muito eficiente;

4.    O Brasil tem uma das piores relações entre a carga tributária e o desenvolvimento humano;

5.    O modelo europeu gera bons indicadores sociais, porém a um custo muito mais elevado do que se poderia, se adotado o modelo americano.

  

Os cálculos da FecomercioSP mostram que os Estados Unidos têm a melhor relação entre o que o governo arrecada e a geração de bem-estar social. Na realidade, é um erro achar que somente o governo pode prover as condições para o desenvolvimento humano. Certamente a presença do Estado é indispensável na vida social, porém temos que refletir sobre o tamanho ideal e os setores e graus de atuação desse Estado. No caso americano, por exemplo, a carga tributária não cobrada tem se revertido em investimentos privados que geram excelentes efeitos sociais, que, no limite, dependem de renda, de infraestrutura e de desenvolvimento tecnológico de ponta.

O cálculo da FecomercioSP é simples: queremos saber quantos centésimos de IDH são gerados em cada país com um ponto percentual de carga tributária, ou seja, a eficiência dos tributos em gerar ou não bem-estar.  Nos Estados Unidos cada ponto percentual de carga tributária gera 3,67 centésimos de IDH, e na Bélgica (pior colocada) gera 2,02. O Brasil é o 27º País em eficiência tributária pelo critério da FecomercioSP, no universo de 30 países.

Cai um mito

O modelo europeu, muito badalado, é no mínimo muito caro também. Além do problema de longo prazo que esse modelo de alta carga tributária e bem-estar provido pelo setor público que esse modelo gera – no longo prazo cai o estímulo à eficiência privada e reduz a produção econômica induzindo à baixa produtividade – os resultados sociais também começam a ser colocados à prova. O maior IDH da tabela é da Noruega, mas a um custo bastante elevado: 6ª maior carga tributária do planeta. A seguir, em relação ao IDH estão posicionados a Austrália, os Estados Unidos, a Nova Zelândia e o Canadá que têm as suas cargas tributárias nas seguintes posições respectivamente: 28ª, 30ª (a menor), 19ª e 20ª. Dos cincos melhores IDHs apenas a Noruega pertence ao bloco europeu e também apenas a Noruega está entre as 10 maiores cargas tributárias do universo estudado. De certa forma, faz muito, mas dispõe de muitos recursos para o que faz. Não haveria de ser surpresa dado que consegue bons resultados com muitos recursos disponíveis. Os outros quatro países do TOP 5 fazem muito, com muito menos recursos. É o caso de estudarmos dois pontos: como reduzir a carga tributária e ao mesmo tempo melhorarmos a qualidade dos serviços públicos? Aparentemente dá para ser feito.

Assessoria Técnica

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

São Paulo registra 4,7% de desocupação

A Região Metropolitana de São Paulo encerrou 2011 com taxa de desocupação de 4,7%. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o resultado é 0,6 ponto porcentual menor do que o registrado em dezembro de 2010.

No total, são 9,5 milhões de pessoas empregadas. E não foi só o total de trabalhadores que cresceu, mas o salário também. A renda mensal média dos trabalhadores cresceu 2,4% entre dezembro de 2010 e de 2011, atingindo R$ 1.755,5. Com isso, a massa de rendimento do período subiu 3,6%, o que significa mais de R$ 580 mil para as famílias gastarem com cursos, bens de consumo, serviços etc.
As notícias são boas e devem ser comemoradas, contudo, a Assessoria Técnica da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) pondera que ainda há muito por fazer. Um bom ponto de partida seria a desoneração da folha de pagamento, ao menos enquanto uma reforma trabalhista não vem. Afinal, podemos viver um período de pleno emprego, mas metade dos trabalhadores ainda atua informalmente.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Sobre a China

Em livro recente com o título “Sobre a China”, Henry Kissinger nos dá uma excelente visão da cultura e das estratégias de um povo milenar e, sem dúvida, intrigante. Hoje, mais do que durante todo o século passado, o interesse sobre a China se exacerba, por motivos óbvios: a taxa de crescimento alta, a mega população, o desempenho comercial, a estratégia quase suicida de produção e a centralização de poder. Tudo isso torna a China um país único no mundo, com um modelo praticamente impossível de ser reproduzido ou emulado em outros países.
Apesar de muito interessante e de ser um bom guia para quem quer realmente iniciar estudos mais aprofundados sobre a segunda maior economia do globo, são outros aspectos da China que nos causam mais curiosidades. O passado pode ser estudado e bem entendido por meio do filtro de Kissinger e até ajudar a compreender como o Império do Meio chegou ao ponto atual. Porém, antecipar o que vai acontecer daqui para frente é de suma importância. Neste sentido, uma análise rápida, porém quase cirúrgica de Ricardo Amorim, economista brasileiro, revela um futuro bastante promissor para China e também para o Brasil.
Para Amorim a China está no meio de um processo de crescimento acelerado, ou seja, os últimos 30 anos darão lugar a pelo menos mais 30 anos de acelerado desenvolvimento. Na realidade não interessa o raciocínio de curto prazo, pois em questões econômicas e financeiras a análise muito míope com foco muito restrito pode fazer com que percamos a beleza da paisagem toda. Claro, neste ano ou em um determinado ano entre hoje e as próximas três décadas, momentos de crise podem e devem ocorrer, mas a regra não será essa para a maior parte das economias e nem mesmo para a maior parte dos seres humanos. O mundo ainda deve manter décadas de crescimento acelerado, com inclusão social (relativa, claro) de populações que consomem pouco e consumirão mais (talvez ainda pouco para padrões europeus) ao longo desses 30 anos. Essa é uma boa notícia, e o Brasil, sem muito esforço está bem posicionado.

A lógica de Ricardo Amorim é simples: a China acabou de ver sua população urbana ultrapassar sua população rural. Hoje, a população urbana atinge 51% do total de chineses. Esse padrão era verdadeiro no Brasil pouco depois da Segunda Guerra Mundial, ou seja, 40 ou 50 anos atrás. O processo de urbanização e crescimento acelerado se repetiu (claro que com momentos de interrupção) por mais 30 anos, até atingirmos certa maturidade social e econômica e finalizarmos um ciclo na década de 1980. Se Amorim estiver certo, a China pode mesmo mostrar ao mundo taxas de crescimento elevadas (menores que as atuais, porém elevadas) por mais três décadas.
Vamos a uma conta rápida e arredondada: há mais ou menos 30 anos, no início desse processo chinês alucinante, a população rural era 75% do total. Ou seja, de lá para cá a população urbana dobrou e a rural caiu 1/3. Ou seja, as cidades tiveram que basicamente dobrar de tamanho. Daí a aceleração da construção civil, do consumo de aço, metais, energia e mesmo alimentos. Como a população da China responde por 20% da população global, esses efeitos foram também eles globais. O que se deve ressaltar é que, para que a produção do campo fosse mantida, a produtividade deveria ter subido 50%, o que não ocorreu. Mais uma vez, a demanda mundial por alimentos cresceu, mas a oferta na própria China não acompanhou esse crescimento. Para a China atingir uma distribuição demográfica semelhante à brasileira, as cidades ainda vão praticamente dobrar (o Brasil tem quase 95% da população urbana) e o campo terá que se virar com 5% da população, ou um décimo do contingente atual. Mais, muito mais aço, alimentos, energia, e tudo o que se pode imaginar nos próximos 30 anos. Mais ainda: a produtividade no campo teria que se multiplicar por 10 para que a produção atual fosse mantida. Isso não é muito provável. Boa notícia para quem planta e alimentará o mundo nas próximas décadas.

Como o Brasil se beneficiará disso:
Não só o Brasil, mas muitos países, e a rigor o mundo todo vai se beneficiar dessa descentralização do crescimento e do consumo global. O crescimento chinês, apesar de mais benéfico evidentemente para a China, vai se espalhar pelo mundo. Países como o Brasil que produzem exatamente o que a China precisa (aço, minérios, energia, grãos e alimentos protéicos) serão mais diretamente beneficiados.

Todavia a economia globalizada tem um efeito positivo que se alastra para todos os países. Não é sem motivo que o crescimento global nas duas últimas décadas foi mais acelerado do que a média histórica. Provavelmente assim será por mais duas ou três décadas, e o Brasil vai aproveitar. Cabe a nós maximizar a oportunidade.

Assessoria Técnica

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Os mercados continuam otimistas no Brasil

Na última semana, mais notícias positivas preencheram as análises econômicas. De forma geral os dados mais importantes vieram dos Estados Unidos, onde a recuperação parece mesmo ter chegado para ficar e o ritmo de atividade está um pouco mais acelerado do que se projetava para este ano. Esse cenário não resolve todos os problemas, mas ao menos tira uma das espadas que pairavam sobre os mercados. A Europa terá um ano muito difícil, provavelmente de recessão, com desemprego em alta. A exceção será a Alemanha, talvez.

Esse cenário pode ser completado pelo crescimento chinês que, em sua trajetória de ajuste está beirando os 10%, o que ainda é muito. Índia e sudeste asiático no mesmo caminho. Isso garante bons preços para commodities (e o Brasil é campeão em produção desses itens) e para energia. Tudo conspira favoravelmente ao desempenho da economia brasileira e para melhorar a distribuição de lucro de nossas empresas, principalmente as listadas na Bolsa. A única variável complicada ainda é a inflação que continua um pouco resistente, mas nestas últimas semanas o dólar voltou a se desvalorizar o que reduz a pressão pela “válvula” externa. Se o governo não acenar com novas medidas que possam contaminar esse ambiente (como mais protecionismo para setores específicos), a tendência é de que o IPCA, em breve, venha a completar esse cenário positivo.
Do lado real, o consumo continua em alta: a renda, o emprego e o crédito se mantém aumentando substancialmente o papel das classes médias como protagonistas da sustentação do ciclo de consumo e produção. Neste início de ano esses fatores estão influenciando fortemente os resultados dos mercados de renda variável e pressionando o câmbio para baixo. Apesar do déficit em conta corrente externa, o País está contando com o forte afluxo de capitais de investimento (direto e em portfólio) para manter a moeda valorizada. Não que isso seja uma estratégia deliberada do governo, mas é o que está redundando de todo esse cenário, e no curto prazo, nada deve se alterar rapidamente.

Com isso o Ibovespa subiu mais de 5% na semana e já acumula quase 10% de alta no ano, que acabou de começar. De outro lado o dólar atinge novamente o patamar de R$ 1,75, com desvalorização de quase 6% em 2012. Esse direcionamento deve continuar, ainda que não ininterruptamente. Todavia as variáveis que levaram a esse desempenho permanecem presentes, e devem se manter no curto e médio prazos. Conforme nossas projeções no final de 2011, o ano de 2012 promete ser melhor do que o projetado para o País na média das análises.



Assessoria Técnica

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Estados Unidos continuam com sinais de recuperação

Desde o segundo semestre de 2011, o blog aponta para a tendência de recuperação da maior economia do globo. Um primeiro indicador forte, e não tão evidente, foi o aumento do transporte de carga (calculado por peso) que atingia mais de 8% no primeiro semestre de 2001 em comparação ao primeiro semestre de 2010. Certa vez um grande economista lembrou que é possível avaliar o desempenho da economia do Brasil pelos congestionamentos em São Paulo. Claro, era uma brincadeira sem precisão científica, mas que tinha grande carga de realidade e de lógica. Quem vai de lá para cá e ainda enfrenta trânsito ruim, ou está fazendo isso para ganhar dinheiro, ou para gastar dinheiro. De uma forma ou de outra, o trânsito de carros, caminhões e pessoas tem correlação com o PIB.

Do meio do ano passado para cá, nossa tese de recuperação americana tem sido confirmada, assim como seus efeitos sobre outras economias ou, por exemplo, sobre o desempenho da Bolsa. Muitos dados de emprego, de vendas, de encomendas na indústria americana mostravam esse cenário em evolução positiva. A variável mais defasada certamente é o emprego: a economia demora para desempregar e as empresas também demoram para empregar. O custo dessa manobra, incluir ou retirar trabalhadores de postos de trabalho, é muito caro, portanto empresários tendem a esperar um pouco para saber se há crise duradoura (quando pensam em reduzir seu plantel) e também titubeiam para certificar de que o crescimento veio para ficar. Nos dois últimos meses os dados de emprego têm sido positivos e parecem confirmar que a confiança está gradativamente voltando entre os norte-americanos.
O número de pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos caiu ao menor nível em quase quatro anos na semana passada: segundo o Departamento de Trabalho dos Estados Unidos, o total de pedidos teve queda de 50 mil, para 352 mil, na semana terminada em 14 de janeiro. É o menor número desde abril de 2008 e a maior queda desde setembro de 2005. Analistas previam queda para 385 mil, e o número efetivo foi bem melhor do que as expectativas, que já eram modestamente positivas. Nesse ritmo a economia americana vai evidenciar em breve que o pior ficou no passado e não há a perspectiva de um rebote da crise de 2008. Claro, a Europa é o fator a ser acompanhado e uma eventual ruptura no bloco seria desastrosa para a economia mundial. Porém, o que se espera na realidade é uma solução demorada, complexa e dolorida, mas sem rupturas no continente europeu.

Esses dados vão corroborando nossa posição um pouco mais otimista do que a média para o mundo e, principalmente para o Brasil, da mesma forma que no início do ano passado a FecomercioSP tinha um prognóstico mais modesto do que os analistas em geral para o desempenho do PIB e do varejo. Esperamos acertar mais do que errar novamente e acreditamos que a notícia do emprego nos Estados Unidos é de fato um bom indício de que a maré realmente mudou.
Assessoria Técnica

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Existe um pacto contra o liberalismo no Brasil?

Em recente entrevista o renomado economista Pérsio Arida, que já foi presidente do Banco Central e hoje comanda algumas das maiores operações bancárias do País, alegou existir um pacto antiliberal no Brasil. Ao longo da entrevista, o economista explica que a palavra pacto talvez não seja a ideal, pois acredita que não há um acordo, e sim uma percepção comum, um comportamento natural antiliberal no Brasil.

De qualquer forma, a opinião de um dos economistas mais bem formados do País, um técnico de capacidade irrefutável, que participou da extinção da inflação no Brasil (o Plano Real na realidade tem suas origens no plano Larida, de Pérsio Arida e Lara Resende) deve ser levada em conta. Além de suas credenciais como técnico e de sua formação que inclui doutorado pelo MIT, hoje no controle de operações muito complexas no mercado financeiro, conseguiu uma façanha: juntar uma vasta gama de conhecimento teórico a um grau de experiência prática quase única no País. Tudo isso para mostrar quão importante é entender o que pensa esse brasileiro um tanto especial. Concorde-se ou não com Arida.
Ao acompanhar seu raciocínio em textos e mais recentemente em sua entrevista para a Folha de S. Paulo, a FecomercioSP pode dizer que coaduna em grande parte dos conceitos e  visões do economista. Especificamente na visão de que hoje a antipatia contra a economia de mercado está arraigada ideologicamente e carece de racionalidade. Essa mentalidade média pode ser o entrave para o avanço de políticas modernas e para a distribuição de renda.

O economista discorda, por exemplo, das políticas industriais da forma em que estão sendo feitas. Acredita serem concentradoras de renda, pontuais e casuísticas. Também não vê como algo estratégico a defesa de mercado para algumas multinacionais em detrimento de outras, no caso do setor automobilístico. Lembra que o BNDES jamais empresta para quem não tem acesso a capitais fartos e baratos, o que é em si um contrasenso: o BNDES deveria exatamente emprestar a bons projetos de empresas que não tenham acesso ao mercado externo de financiamento ou ao mercado de ações, e ocorre exatamente o contrário. Ou seja, deixa à míngua quem não consegue capital e empresta a juros subsidiados a quem conseguiria financiar seus projetos no mercado. Talvez bons projetos e mais empregos tenham deixado de ser criados e, certamente, a renda se concentrou nas mãos de poucas empresas, sob o véu do nacionalismo e da falta de espírito de mercado dos brasileiros.
A FecomercioSP aproveita a tese e a excelente companhia de visão estratégica para adicionar: em uma economia que se desenvolve e distribui renda, é essencial que, ao se fazer uma política de incentivo ao crescimento, o acesso a crédito seja cada vez mais democrático, e quando houver necessidade de direcionamento que o governo faça por meio da redução de carga fiscal e da política monetária correta. Também é bom lembrar que não faz nenhum sentido o BNDES atuar prioritariamente (para não dizer completamente) no setor industrial (e para grandes indústrias) quando o setor de serviços hoje gera 65% do PIB e do emprego no País. Não se quer que o BNDES passe a definir campeões no varejo e nos serviços, mas que atue de forma democrática, respeitando minimamente a contribuição que cada setor dá ao produto nacional e à geração de novos empregos.

Abaixo, link da entrevista do economista Pérsio Arida, divulgada na Folha de S. Paulo nesta semana.
http://www1.folha.uol.com.br/poder/1034168-pais-tem-pacto-antiliberal-entre-elites-e-governo-diz-persio-arida.shtml

Assessoria Técnica

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Poucas surpresas

Se alguém chegar em uma reunião e vaticinar que a China caminha para ser uma das maiores economias do mundo, provavelmente ninguém ficará surpreso. Talvez alguns presentes até lembrem que o país já é uma das maiores economias do globo, dado que seu PIB é inferior apenas ao dos Estados Unidos. Mesmo se alguém disser que, em meados do século 21 a China vai ultrapassar a economia americana, não haverá comoção. Essas hipóteses são muito prováveis, e, na realidade, nada mais dizem do que: países com renda per capita baixa tendem a crescer mais, dentro das atuais circunstâncias econômicas, do que países desenvolvidos.

Enquanto o mundo crescer e privilegiar preços de commodities e países ainda periféricos conseguirem competir por meio de baixos custos de mão de obra, a tendência de crescimento da periferia é maior que o centro. Essa visão é muito racional e tem grandes probabilidades de se cumprir pelos próximos anos. No entanto, dificilmente ao longo desse percurso as coisas se manterão exatamente como estão. Aliás, a própria caminhada nesse caso, é um fator que vai mudar o desenho das trilhas.
Por exemplo: quando o argumento leva em conta que o baixo custo da mão de obra nestes países se configura em uma vantagem comparativa que vai acelerar seu crescimento econômico, não podemos esquecer que o crescimento econômico ao longo do tempo vai necessariamente elevar o custo relativo da mão de obra e, portanto, reduzir essa vantagem comparativa. Exatamente por isso, as taxas de crescimento se desaceleram. Dessa maneira a Europa cresce menos do que o Brasil que, por sua vez, cresce menos do que a China ou a Índia. Claro, os modelos de políticas econômicas adotados podem acelerar ou retardar um pouco o crescimento, mas não vão se sobrepor nunca ao fundamental: o estágio econômico e social dos países comparados. Ou teríamos que acreditar que ninguém na Europa é competente para fazer o continente crescer como a China. Bastaria então que se importassem os modelos e economistas chineses para França, Alemanha ou Itália. Mas só funcionaria se também fossem importados trabalhadores chineses com remuneração inferior a US$ 50 por mês.

A Goldman Sachs, em 2003, por meio de um trabalho de Jim O’Neil, foi muito feliz em não só identificar e popularizar esse fenômeno de crescimento acelerado de países periféricos, como também por ter gerado o famoso acrônimo BRIC. Neste estudo se revelou que, em 2050, as quatro economias do BRIC (Brasil, Rússia, índia e China) estariam ao lado dos Estados Unidos entre as cinco maiores do mundo. Novamente, isso não deveria surpreender muito, pois essas economias, todas, têm em comum o fato de possuírem grandes populações, muitas riquezas naturais e cada uma, a seu modo, vantagens competitivas em áreas distintas como commodities no Brasil e Índia, mão de obra barata na China e também na Índia, tecnologia mais avançada como nos Estados Unidos e em menor escala na Rússia, fonte de energia exportável como a Rússia e o Brasil. Nenhum outro país do mundo reúne as condições como esses cinco. A grande sacada do estudo, além de popularizar o tema, que já era corriqueiro entre analistas, foi o de criar o termo BRIC para designar as economias que seriam os motores – como estão sendo – do crescimento do PIB e, mais ainda, do consumo mundial.

Mesmo que, tudo correndo exatamente como proposto nessas hipóteses, sendo a China a maior economia global em 2050, é necessário perguntar se dado a um indivíduo a chance de escolher se ele quer nascer na China, na Noruega ou nos Estados Unidos, acreditamos que a primeira alternativa será rapidamente descartada. Um país  com muitos milhões de habitantes tem que ter uma produção absoluta maior do que países de populações muito menores, e para chegarmos a essa conclusão não precisamos de grandes modelos matemáticos ou econométricos.

Assessoria Técnica

América do Sul tem o maior crescimento no turismo mundial em 2011

O fenômeno global em que se transformou o turismo avança de forma significativa no Brasil. A indústria de viagens e turismo representa hoje 6% do comércio mundial e contribui com 5% do PIB do planeta.
Os resultados do desempenho do turismo em 2011 divulgados pela OMT - Organização Mundial de Turismo mostram que não há outro setor com tanta capacidade de contribuir com a geração de postos de trabalho, principalmente para jovens e mulheres. No mundo o turismo é responsável por 1 em cada 12 empregos.
Um crescimento de 4,4%, em média, levou 980 milhões de pessoas a cruzar fronteiras ano passado. A Europa, que cresceu 6% recebeu a metade das pessoas que fizeram viagens internacionais. E a América do Sul foi a sub-região que mais cresceu (+10%), enquanto toda a região das Américas cresceu em média 4% e os países emergentes como um todo cresceram em média 3,8%. O Brasil saltou de 5,2 para 5,5 milhões de visitantes.

No campo das receitas com gastos de visitantes, a média de crescimento foi de 4%, e, alguns países registraram resultados muito superiores à essa média. Estados Unidos cresceram 12%, China 25% e Espanha 9%. O Brasil saltou de 5,9 bilhões de dólares em divisas em 2010 para 6,7 bilhões ano passado.
Os visitantes que mais gastaram em suas viagens vemos que os emergentes entraram de fato para o rol dos mais "gastadores": China +38%, Brasil + 32%, Índia + 32% e Rússia + 21%.

Para 2012 a expectativa  é de continuidade de crescimento do turismo no mundo, mesmo que em menor ritmo, entre 3 a 4 %, em média. As regiões emergentes mais uma vez devem continuar a receber muitos visitantes e a viajar bastante no ano que começa.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Turismo avança no Brasil

As explicações são sempre as mesmas: renda, crédito e confiança do consumidor. Mas também não há outras boas variáveis que justifiquem o comportamento do consumidor normal. Este consumidor, quando tem aumento de seus rendimentos (normalmente a unidade de consumo relevante para esta análise é a família e não o indivíduo), se beneficia com o aumento do bem-estar que isso possa proporcionar. Mais salário e mais renda são convertidos pelos consumidores normais, em mais consumo de bens, em melhores casas, em viagens. O consumidor que não age assim, não é “normal”, mas para a sorte dos estudos econômicos, o grupo de pessoas que consome menos quando ganha mais é numericamente desprezível em relação ao resto do universo. Vamos ficar com os normais para o propósito do texto.
A FecomercioSP, por meio de larga experiência com pesquisas e sondagens é credenciada como uma fonte de informações e de geração de conhecimento relativo ao consumo e comportamento do consumidor. Com base nas milhares de edições de pesquisas e sondagens é fácil comprovar que, dentre os sonhos de consumo dos brasileiros, além da casa própria e do automóvel zero, as viagens de lazer ocupam o topo das prioridades. Ou seja, sabemos então que, com emprego e renda disponíveis, os brasileiros vão comprar, reformar ou equipar seus lares, colocar um carro na garagem e buscar pacotes de turismo para conhecer o Brasil ou o exterior. Talvez não exatamente nesta ordem, mas esses itens são os mais desejados. – completa a lista como sonho de consumo das famílias brasileiras o plano de saúde, por motivos óbvios.

Mas vamos falar do turismo. Em 2011, o setor acumulou recordes de desembarques nacionais e internacionais. Para o ministro do Turismo, Gastão Vieira, os dados confirmam que 2011 foi o melhor ano do turismo brasileiro, tanto no que se refere à circulação de pessoas pelo País, quanto ao incremento de divisas por meio do turismo. Entre janeiro e novembro, o incremento nos voos domésticos foi de 16,6% sobre os 61,7 milhões de desembarques registrados no mesmo período de 2010 – um recorde desde o início da série histórica, em 2000. O Brasil pode ter encerrado 2011 com 79 milhões de desembarques domésticos ante 68,2 milhões de 2010. Nos voos vindos do exterior, a previsão é de que esse número chegue a nove milhões de desembarques enquanto em 2010 foram 7,9 milhões de chegadas internacionais, ou 14% de incremento em um ano. No mesmo período, o turismo no mundo cresceu bem menos: 4,4% (http://br.finance.yahoo.com/news/N%C3%BAmero-turistas-mundo-efebr-451385364.html?x=0).
O crescimento dos embarques de brasileiros para o exterior também é substancial. Em 2011 os brasileiros foram os que mais aterrissaram em Nova Iorque ao lado dos ingleses.

Esses números são extremamente importantes porque não somente denotam que o consumidor brasileiro quer e pode viajar mais, mas também comprovam que o País está definitivamente entrando no imaginário dos estrangeiros, seja para se fazer negócios em uma das economias mais promissoras do mundo, seja para aqueles que colocaram nosso País no mapa de suas visitas de férias. Dentre os brasileiros viajando pelo Brasil, o setor também comemora recordes, pois o País oferece uma gama enorme de opções para quem quer passar as férias se divertindo, descansando, e falando português.
Problemas: Temos evidentes deficiências que a rigor se tornam mais expostas justamente quando a demanda no setor está em alta. São aeroportos acanhados, pouco aconchegantes e com serviços muito ruins. Estradas mal conservadas, cidades com equipamento para receptivo muito aquém do que se deseja. O lado bom dessas evidências é que ao expor as mazelas, também se iniciam as cobranças para o setor público agir. Ampliam-se as oportunidades para o setor privado investir. De uma forma ou de outra, se o foco não for perdido, o aumento da demanda e a evidência dos gargalos será convertida em excelentes oportunidades e em melhorias no médio e longo prazo.

Assessoria Técnica

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Os mercados calmos na segunda semana do ano

Ao contrário de muitas análises, a FecomercioSP alertava há tempos para uma crise europeia de proporções severas, porém que não seria deflagradora de um momento de ruptura. Além de tudo isso, a entidade lembra desde o começo do quarto trimestre de 2011, que a economia americana dava todos os sinais de que estava realmente se recuperando. Os fatos estão, até o momento, confirmando nossas hipóteses que, perto do consenso, são muito otimistas. Nossas hipóteses são apenas realistas e não há nenhum analista da FecomercioSP tentando predizer o improvável e torcendo para o pior apenas para obter os 15 minutos de fama que Andy Warhol garantiu que todos teriam nessa sociedade moderna. Nosso intuito é ser uma fonte de informações, ser o guia de bons negócios e decisões, mesmo que para isso tenhamos que ser óbvios e enfadonhos por muitas vezes.

No entanto, reconhecemos que existem obstáculos complexos a serem transpostos neste ano e que, em grande medida, o que acontecer na Europa ditará o rumo da economia neste e talvez nos próximos anos. Reconhecemos que houve desaceleração de algumas economias na segunda metade do ano passado e reconhecemos, principalmente, que as dificuldades não serão sobrepostas apenas com boas intenções e otimismo. Mas não estamos encontrando elementos para cravar a derrota total do modelo atual já neste ano. Ao contrário, pelos últimos números esse será mesmo um ano de aquecimento econômico (alguns ainda mais otimistas acreditam que já no primeiro trimestre isso ficará claro) e é mais provável que o Banco Central comece a falar em elevação de juros ainda em 2012 do que manter a trajetória da Selic em queda até o ano que vem.
Nesse ambiente, se for ratificada a retomada americana, e não havendo ruptura na Europa (as duas hipóteses são mais prováveis do que os resultados opostos), os investimentos em ações devem mesmo trazer bons retornos e o nível de emprego, renda e consumo será conservado. Além disso, é provável que neste bojo a própria indústria – setor que sofreu muito neste ano com a competição internacional – possa mostrar também sua resistência e voltar a crescer. Os números mais relevantes dos mercados no curto prazo seguem abaixo:




Assessoria Técnica

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Mudanças de pesos do IPCA denotam avanço da economia brasileira

Os índices de preços servem, à priori, para que se possa acompanhar o poder de compra da moeda e, em última análise, do salário médio de um grupo de pessoas. No caso do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), por exemplo, o indicador é escolhido para ser a referência de inflação no sistema de metas inflacionárias, e, portanto, serve como referência geral do que o Banco Central considera como poder de compra da Moeda. Também é verdade que o IPCA é coletado em diversas capitais do País, mas ainda não se “interiorizou” e por isso não pode ser considerado como medida perfeita de inflação de preços. Mas a rigor, nenhum índice é medida perfeita, nem de inflação, nem de vendas, nem de qualquer coisa. O IPCA se presta de forma excelente ao que se propõe.

Mas, além de servir de índice de preços oficial e de padrão médio de poder de compra das famílias brasileiras, o indicador traz, em sua própria constituição, uma radiografia do consumo dos brasileiros ao longo dos anos. O conceito de indicador de preços obriga a entidade que confecciona o índice – no caso o IBGE – faça uma pesquisa para identificar o peso de cada item de consumo sobre o orçamento das famílias. Daí surge a POF (Pesquisa de Orçamento Familiar). Essa minuciosa pesquisa, feita hoje em dia em mais de 250 mil lares brasileiros ao longo de muitos meses, como se pode imaginar, custa caríssimo. Além de seu custo, a excelência técnica do IBGE acaba por impor um longo prazo de processamento. Por exemplo, a POF que estava sendo utilizada para cálculo do IPCA era a de 2002/2003. A mais recente foi feita em 2008/2009 e somente a partir de 2012 o indicador de preços vai incorporar essa nova estrutura de pesos.

O IPCA demanda muito tempo, e muitos recursos, mas além de proporcionar um excelente calibrador e parâmetro do poder de compra do Real, também gera, como produto derivado, um rol de informações sociais (dinâmicas e estáticas) muito relevante. Por meio do estudo das ponderações de itens e grupos de gastos da família média brasileira, podemos tirar conclusões das mais relevantes, tanto com relação ao status momentâneo, como com relação à sua dinâmica.

Por exemplo, a nova estrutura mostrou as modificações explícitas na tabela abaixo, e dela podemos fazer algumas ilações e tirar algumas conclusões.


Esses números mostram claramente que o consumo no Brasil evoluiu, como era de se esperar e como a FecomercioSP vem alertando nos últimos anos. O grupo de gastos com Serviços cresceu relativamente aos outros. A entidade sempre salientou que é o setor de Serviços que tem sustentado o crescimento e o dinamismo do País. Também fica evidente que, dentro do grupo de bens, o subgrupo dos duráveis ganhou espaço frente ao subgrupo dos não duráveis - ainda que o grupo de bens como um todo tenha perdido espaço para serviços. Essas mudanças mais do que evidenciam, elas comprovam que o crescimento da renda e do emprego é a melhor (senão única) forma de distribuir o bem-estar.  Quanto menor for o peso do consumo de bens e serviços básicos sobre o orçamento familiar, maior o grau de escolha, de decisão e sofisticação ao alcance da população. Em outras palavras: TV a Cabo e Viagens ao Exterior não são mais apenas coisas de rico.

Assessoria Técnica

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Sesc-SP é finalista do Prêmio Governador do Estado de São Paulo

Baseado na sua ampla atuação na área cultural, o Serviço Social do Comércio de São Paulo (Sesc-SP), administrado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), concorre como finalista do Prêmio Governador do Estado 2011, na categoria Instituição Cultural.
O prêmio é uma realização do Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria da Cultura e pode ser votado por qualquer pessoa, pela internet, até o dia 23 de janeiro. Uma das mais tradicionais láureas do setor cultural, o Prêmio Governador do Estado foi criado na década de 50 e, durante anos, simbolizou prestígio e reconhecimento. Interrompido por mais de duas décadas, a edição do ano passado resgata seu valioso histórico.

Eleito por uma comissão julgadora formada por pessoas de notório saber em suas áreas de atividade, o Sesc-SP foi colocado como uma das cinco melhores instituições culturais do Estado. Com mais de 30 unidades distribuídas entre capital, litoral e interior do Estado, a entidade é referência na realização das mais variadas atividades culturais como shows, espetáculos teatrais, dança, artes plásticas, cinema, literatura, entre outras.
Valorizando a arte com a arte, a categoria Voto Popular será premiada com um troféu criado exclusivamente para o Prêmio Governador do Estado 2011 por um artista de atuação reconhecida.

Para participar, basta acessar o site do prêmio. Vote:  http://www.cultura.sp.gov.br/StaticFiles/PremioGovernador2011/index.htm

O impacto dos feriados no comércio

A chegada de um novo ano sempre traz expectativas de que seja mais próspero que o anterior. Os empresários do comércio precisam começar a traçar as estratégias que serão utilizadas nos próximos meses a fim de conquistar o consumidor e aumentar suas vendas. Para que isso aconteça na prática, é preciso ficar atento aos impactos gerados pelos feriados nacionais. Estudo da FecomercioSP projeta a influência que as datas comemorativas nacionais de 2012 podem afetar os empresários do setor.
Janeiro: O primeiro mês do ano é momento certo para realizar um balanço das vendas e fazer o planejamento estratégico para o ano. Nesse momento é importante que o empresário defina as metas que pretende atingir. As liquidações e promoções realizadas pelas grandes redes estão em evidência e o setor de papelaria se aquece com a volta às aulas. Como muitos consumidores estão em férias e com mais tempo disponível é importante que o vendedor aproveite, pois pode ser uma boa oportunidade de segurar o consumidor por mais tempo dentro do estabelecimento e oferecer maior diversidade de produtos.
Fevereiro: O mês é marcado pelo feriado de Carnaval, maior festa popular do País e que representa um bom motivo para a realização de promoções especiais. A data impulsiona as vendas dos setores de vestuários, alimentos, bebidas e turismo. Nesse período o consumidor está mais realista e menos impulsivo, sendo necessário um estímulo ou um trabalho de persuasão para realizar sua compra. 

Março: As compras que antecedem a Páscoa devem ser estimuladas com a preparação visual das lojas. O setor alimentício pode continuar promovendo promoções para obter ganhos maiores.
Abril: No mês da Páscoa o segmento alimentício pode registrar aumento nas vendas. Ser criativo na hora de oferecer os produtos e promoções pode fazer a diferença, para aumentar as vendas.

Maio: O Dia das Mães, data que é considerada a segunda melhor do ano para o comércio em vendas, tem um forte apelo emocional. A qualidade no atendimento é um fator diferencial que deve ser observado, bem como criar condições acolhedoras no estabelecimento para o público masculino que irá às compras.
Junho: Mês em que é comemorado Dia dos Namorados e o Dia de São João, datas que podem trazer bom fluxo de clientes para as lojas. O setor de vestuários e calçados deve apresentar bom aquecimento no dia dos namorados. Já, na data de São João, as festas se multiplicam no Nordeste e atraem um grande fluxo de clientes e de turistas que podem incrementar as vendas locais. Nas outras regiões a procura será por roupas e comidas típicas, em menor escala. Além disso, em junho com a chegada do inverno, devem crescer a procura por produtos relacionados ao período mais frio do ano, como aquecedores e também itens da coleção de vestuário que são, em geral, de preço bem mais elevado.

Julho: No início do segundo semestre as principais datas comemorativas já passaram: Dia das Mães e Dia dos Namorados. É época das férias e o comércio na cidade deve ficar mais preocupado com a saída de turistas. Nessa época os gastos com lazer se intensificam.
Agosto: O dia dos Pais também movimenta o comércio no segundo semestre. A data não tem um apelo comercial tão grande quanto o Dia das Mães. Deve existir um cuidado especial na oferta de produtos direcionados ao público masculino.

Setembro: Com o início da primavera, os estabelecimentos ficam mais coloridos, especificamente as vitrines, com as cores e tendências da estação. As lojas de vestuário costumam se destacar nessa época e os vendedores devem estar bem treinados para oferecer um bom atendimento e orientar os consumidores sobre as novas tendências de moda.
Outubro: É o mês das crianças e o forte é a venda de brinquedos. Lojas de vestuário infantil e lojas de departamentos também devem apresentar aquecimento. Com a evolução tecnológica as crianças estão cada vez mais se interessando por eletrônicos e as lojas do setor devem aproveitar e destacar os produtos que pode oferecer. Já começa nessa época a seleção para a contratação de temporários para o natal. Os planos para as vendas de final de ano devem ser revistas, pois começam a ocorrer nessa época.

Novembro: É quando realmente começam os preparativos para as vendas de Natal. O comerciante deve ficar atento para a verificação de seu estoque, para planejar as compras, decoração de vitrines e para o planejamento e divulgações de promoções. Vale lembrar que o consumidor, que recebe neste mês a primeira parcela do 13º salário, poderá antecipar as compras.
Dezembro: O mês de dezembro é o mais esperado pelo comércio, pois é a melhor data de vendas e apresenta um crescimento sazonal de 30% nas vendas em relação ao mês de novembro. Os consumidores, que tendem a comprar presentes de maior valor, costumam gastar mais, elevando o tíquete médio. O comércio deve preparar sua equipe para receber o aumento no fluxo de clientes na loja para o bom atendimento ao consumidor que, geralmente, está com pressa. Como o horário do comércio é estendido nessa época, à equipe passa a trabalhar em horários especiais e deve ser estimulada para não perder a qualidade no atendimento. O pagamento de bônus e incentivos para os vendedores podem trazer melhores resultados.

Para a Assessoria Técnica da FecomercioSP, em 2012, a perspectiva é que a economia brasileira tenha um desempenho bem parecido com o ano passado. Com a reversão das medidas macroprudenciais o crédito deve continuar como mola propulsora para o consumo das famílias. Portanto, nesse ano, o empresário do comércio deve ser criativo e aproveitar ao máximo as oportunidades que virão, oferecendo condições atrativas para o consumidor que terá renda e crédito para comprar, condições essenciais para a obtenção de boas vendas no comércio.

Assessoria Técnica

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Agrícola em foco. 2ª quinzena de dezembro

Ao que tudo indica, os preços dos alimentos deverão seguir em patamares pressionados no início de 2012. Isso porque, as condições climáticas nas principais regiões produtoras (Sul e Sudeste) têm causado problemas para o desenvolvimento de algumas safras, embora alguns produtos já tenham saído do período de entressafra, como proteínas de origem animal, que não apresentaram reflexo nos preços até o final do ano passado. Na segunda quinzena de dezembro o cenário para os preços no setor agrícola foi delineado da seguinte forma:

Soja e Milho – preços já sinalizam alta por conta do clima seco e das altas temperaturas nos países produtores da América do Sul (Brasil e Argentina) provocadas pelo fenômeno La Niña. Algumas importantes regiões produtoras brasileiras já calculam os prejuízos causados pela estiagem em 2012. Havendo queda nos volumes produzidos, os estoques mundiais ficam abalados e tendem a impulsionar os preços para cima. É importante lembrar que a soja é comumente utilizada como ração animal e qualquer variação no preço desta commoditie impacta em maiores custos produtivos das proteínas animais.
Café - a produção mundial de café pode sofrer retração de 3,34% conforme estimativas da Organização Internacional de Café (OIC). Isso porque o clima não tem colaborado para o pleno desenvolvimento das safras e as ocorrências de algumas pragas corroboram ainda mais para um cenário de oferta menor. A preocupação fica por conta do comportamento dos preços frente à demanda ainda aquecida de países como Ucrânia, Rússia, Índia, México e Coréia do Sul. Ao que tudo indica, o café deve seguir com preços elevados e firmes.

Bovinos – o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que houve queda de 2,9% no abate total de animais (bois, vacas, novilhos, novilhas e vitelos) no período de janeiro a setembro. A preocupação fica com o aumento no abate de fêmea, que pode comprometer a produção futuramente.
Aves – os preços seguiram em patamares levemente altos em dezembro, fruto da aquecida demanda internacional por esta proteína em 2011. Para 2012 os embarques podem seguir aquecidos, pois há novos mercados a serem abertos, como Malásia, Paquistão e Camboja. Há expectativa de aumento da demanda chinesa pelas carnes de aves brasileiras.

Suínos – os preços também se mantiveram elevados no último trimestre do ano, mesmo com o embargo russo à carne brasileira – de acordo com estatística do setor, a Rússia absorvia 50% das exportações. Ainda assim, há expectativa de abertura para novos mercados e intensificação dos negócios com a China. De qualquer forma, é bom ressaltar que 70% do preço da carne é oriundo de ração animal (basicamente milho e soja), ou seja, havendo pressão no preço destas commodities, podemos enfrentar um 2012 de preços altos nas proteínas de forma generalizada.
Embora o medidor oficial da inflação na economia brasileira tenha ficado no limite superior da meta estipulada, os próximos meses, aparentemente, deverão registrar preços de alimentos ligeiramente pressionados. As atenções ficam voltadas à normalidade de chuvas na região Sul, que amarga uma estiagem desde meados de novembro do ano passado, e na região Sudeste, em que o excesso de chuvas prejudica o escoamento pelos estragos nas rodovias.

O lado positivo dessa história é a percepção de que os preços de commodities, tão importantes na composição do produto e das exportações nacionais, devem se manter em patamares elevados. Às vezes uma notícia ruim para o consumidor é uma boa notícia para o setor e/ou para a economia no médio prazo.

Assessoria Técnica

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

No limite do liberalismo

Um dos princípios sempre defendidos pela FecomercioSP é o da livre iniciativa. A entidade tem um exuberante histórico na defesa dos empresários do setor. A entidade atuou fortemente para conseguir simplificar e reduzir a tributação para pequenas empresas, criando o Simples Paulista. Da mesma forma hoje trabalhamos para simplificar e baratear a geração de empregos na pequena empresa. A FecomercioSP ainda está do lado do consumidor e do empresário do setor quando defende que não devemos voltar aos tempos do protecionismo, que tanto atrasou nossa economia. Por isso, não endossamos nunca uma elevação de carga tributária, principalmente quando esta for seletiva e direcionada, como o IPI majorado para carros importados.

No lado da decisão empresarial, acreditamos que o melhor dos caminhos é o da liberdade. Liberdade sempre dentro dos parâmetros legais, e, quando estes são obstáculos, buscamos melhorar o arcabouço de leis para que se facilite o crescimento econômico. A FecomercioSP acredita em premiar o sucesso e não em castigá-lo com regras, tributos e empecilhos. Dessa maneira, acreditamos que não deve haver ninguém que diga ao varejista, por exemplo, como ele deve gerenciar seus negócios, ou como deve formar preços. É uma tradicional luta da FecomercioSP a abolição da proibição de se praticar preços diferenciados nas vendas à vista e com cartão. Até neste sentido achamos que é o bom senso e a estratégia individual que deve ditar como as coisas andam da porta para dentro de cada empresa – sempre dentro da lei, como já frisado.
Mas há setores da vida social que necessitam de intervenção, por mais liberais que sejamos. Em vários casos o Estado, representando a sociedade, age como juiz imparcial (pelo menos assim deveria ser) e em alguns casos extremos cabe a ele o monopólio de algumas ações. Acreditamos que ao Estado cabe a primazia da Segurança Pública (exército e polícias não podem ser privadas) da Justiça e da Emissão e Controle da Moeda. Em outros casos, menos extremos, cabe ao Estado ser o juiz, ser o analista imparcial para minimizar as chamadas imperfeições de mercado e maximizar seu funcionamento, nas melhores condições liberais, sem radicalismo.

No limite do liberalismo, até mesmo a moeda pode ser emitida e controlada pelos mercados, sem a necessidade de um Banco Central que dê garantias e controle o volume de oferta monetária. Para que esse limite do liberalismo funcione, teríamos que acreditar em uma sociedade com distribuição plena de informações, sem nenhum nível de diferença de interpretação e nenhuma distorção ou privilégios dos agentes. As hipóteses que sustentariam esse universo idílico são heróicas e não são, em nosso entender, factíveis. Para os liberais mais radicais, tipicamente da Escola Austríaca, como os Estados são ineficientes e também tendem a ser cooptados pela iniciativa privada, podem ser fonte de mais males do que de soluções. No limite, acreditamos que, no mundo possível, temos que combater as possíveis distorções que o Estado possa gerar - como a FecomercioSP faz quando sente que pode ajudar a melhorar o arcabouço de leis e/ou seu cumprimento, garantindo um ambiente saudável de desenvolvimento e competição. Não imaginamos ser possível o mundo sem Bancos Centrais e ainda assim com os mercados funcionando de forma eficiente.
Para explicar de forma bem didática o que pensamos sobre às intervenções do Estado, que eventualmente são indispensáveis e intransferíveis, vamos imaginar a final da Copa do Mundo em 2014 no Maracanã. É verdade que o juiz pode entrar em campo mal intencionado e acabar por destruir o espetáculo, mudando o que seria o resultado justo. Também é possível que o juiz não seja mal intencionado, mas seja incompetente e também distorça o resultado final dando um pênalti que não existiu. Ou seja, as duas hipóteses levariam a crer, se colocadas dessa forma, que o jogo deveria transcorrer sem juiz para evitar essas distorções. Mas em sã consciência: quem acreditaria que uma final de Copa do Mundo possa ocorrer sem juiz?

Não seria melhor criar os mecanismos que garantissem o melhor desempenho técnico do juiz e que impedissem a má intenção de prevalecer? Não é assim que a sociedade vem evoluindo há anos? Criando instrumentos para que o Estado produza cada vez mais garantias, confiança, estabilidade e menos distorções é que vamos avançar, mas achamos muito pouco provável que vamos prescindir, um dia, totalmente de um Estado e de alguns de seus mecanismos, como por exemplo, o Banco Central.
 

Assessoria Técnica