No lado da decisão empresarial, acreditamos que o melhor dos caminhos é o da liberdade. Liberdade sempre dentro dos parâmetros legais, e, quando estes são obstáculos, buscamos melhorar o arcabouço de leis para que se facilite o crescimento econômico. A FecomercioSP acredita em premiar o sucesso e não em castigá-lo com regras, tributos e empecilhos. Dessa maneira, acreditamos que não deve haver ninguém que diga ao varejista, por exemplo, como ele deve gerenciar seus negócios, ou como deve formar preços. É uma tradicional luta da FecomercioSP a abolição da proibição de se praticar preços diferenciados nas vendas à vista e com cartão. Até neste sentido achamos que é o bom senso e a estratégia individual que deve ditar como as coisas andam da porta para dentro de cada empresa – sempre dentro da lei, como já frisado.
Mas há setores da vida social que necessitam de intervenção, por mais liberais que sejamos. Em vários casos o Estado, representando a sociedade, age como juiz imparcial (pelo menos assim deveria ser) e em alguns casos extremos cabe a ele o monopólio de algumas ações. Acreditamos que ao Estado cabe a primazia da Segurança Pública (exército e polícias não podem ser privadas) da Justiça e da Emissão e Controle da Moeda. Em outros casos, menos extremos, cabe ao Estado ser o juiz, ser o analista imparcial para minimizar as chamadas imperfeições de mercado e maximizar seu funcionamento, nas melhores condições liberais, sem radicalismo.No limite do liberalismo, até mesmo a moeda pode ser emitida e controlada pelos mercados, sem a necessidade de um Banco Central que dê garantias e controle o volume de oferta monetária. Para que esse limite do liberalismo funcione, teríamos que acreditar em uma sociedade com distribuição plena de informações, sem nenhum nível de diferença de interpretação e nenhuma distorção ou privilégios dos agentes. As hipóteses que sustentariam esse universo idílico são heróicas e não são, em nosso entender, factíveis. Para os liberais mais radicais, tipicamente da Escola Austríaca, como os Estados são ineficientes e também tendem a ser cooptados pela iniciativa privada, podem ser fonte de mais males do que de soluções. No limite, acreditamos que, no mundo possível, temos que combater as possíveis distorções que o Estado possa gerar - como a FecomercioSP faz quando sente que pode ajudar a melhorar o arcabouço de leis e/ou seu cumprimento, garantindo um ambiente saudável de desenvolvimento e competição. Não imaginamos ser possível o mundo sem Bancos Centrais e ainda assim com os mercados funcionando de forma eficiente.
Para explicar de forma bem didática o que pensamos sobre às intervenções do Estado, que eventualmente são indispensáveis e intransferíveis, vamos imaginar a final da Copa do Mundo em 2014 no Maracanã. É verdade que o juiz pode entrar em campo mal intencionado e acabar por destruir o espetáculo, mudando o que seria o resultado justo. Também é possível que o juiz não seja mal intencionado, mas seja incompetente e também distorça o resultado final dando um pênalti que não existiu. Ou seja, as duas hipóteses levariam a crer, se colocadas dessa forma, que o jogo deveria transcorrer sem juiz para evitar essas distorções. Mas em sã consciência: quem acreditaria que uma final de Copa do Mundo possa ocorrer sem juiz?Não seria melhor criar os mecanismos que garantissem o melhor desempenho técnico do juiz e que impedissem a má intenção de prevalecer? Não é assim que a sociedade vem evoluindo há anos? Criando instrumentos para que o Estado produza cada vez mais garantias, confiança, estabilidade e menos distorções é que vamos avançar, mas achamos muito pouco provável que vamos prescindir, um dia, totalmente de um Estado e de alguns de seus mecanismos, como por exemplo, o Banco Central.
Assessoria Técnica
Nenhum comentário:
Postar um comentário