segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Mudanças de pesos do IPCA denotam avanço da economia brasileira

Os índices de preços servem, à priori, para que se possa acompanhar o poder de compra da moeda e, em última análise, do salário médio de um grupo de pessoas. No caso do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), por exemplo, o indicador é escolhido para ser a referência de inflação no sistema de metas inflacionárias, e, portanto, serve como referência geral do que o Banco Central considera como poder de compra da Moeda. Também é verdade que o IPCA é coletado em diversas capitais do País, mas ainda não se “interiorizou” e por isso não pode ser considerado como medida perfeita de inflação de preços. Mas a rigor, nenhum índice é medida perfeita, nem de inflação, nem de vendas, nem de qualquer coisa. O IPCA se presta de forma excelente ao que se propõe.

Mas, além de servir de índice de preços oficial e de padrão médio de poder de compra das famílias brasileiras, o indicador traz, em sua própria constituição, uma radiografia do consumo dos brasileiros ao longo dos anos. O conceito de indicador de preços obriga a entidade que confecciona o índice – no caso o IBGE – faça uma pesquisa para identificar o peso de cada item de consumo sobre o orçamento das famílias. Daí surge a POF (Pesquisa de Orçamento Familiar). Essa minuciosa pesquisa, feita hoje em dia em mais de 250 mil lares brasileiros ao longo de muitos meses, como se pode imaginar, custa caríssimo. Além de seu custo, a excelência técnica do IBGE acaba por impor um longo prazo de processamento. Por exemplo, a POF que estava sendo utilizada para cálculo do IPCA era a de 2002/2003. A mais recente foi feita em 2008/2009 e somente a partir de 2012 o indicador de preços vai incorporar essa nova estrutura de pesos.

O IPCA demanda muito tempo, e muitos recursos, mas além de proporcionar um excelente calibrador e parâmetro do poder de compra do Real, também gera, como produto derivado, um rol de informações sociais (dinâmicas e estáticas) muito relevante. Por meio do estudo das ponderações de itens e grupos de gastos da família média brasileira, podemos tirar conclusões das mais relevantes, tanto com relação ao status momentâneo, como com relação à sua dinâmica.

Por exemplo, a nova estrutura mostrou as modificações explícitas na tabela abaixo, e dela podemos fazer algumas ilações e tirar algumas conclusões.


Esses números mostram claramente que o consumo no Brasil evoluiu, como era de se esperar e como a FecomercioSP vem alertando nos últimos anos. O grupo de gastos com Serviços cresceu relativamente aos outros. A entidade sempre salientou que é o setor de Serviços que tem sustentado o crescimento e o dinamismo do País. Também fica evidente que, dentro do grupo de bens, o subgrupo dos duráveis ganhou espaço frente ao subgrupo dos não duráveis - ainda que o grupo de bens como um todo tenha perdido espaço para serviços. Essas mudanças mais do que evidenciam, elas comprovam que o crescimento da renda e do emprego é a melhor (senão única) forma de distribuir o bem-estar.  Quanto menor for o peso do consumo de bens e serviços básicos sobre o orçamento familiar, maior o grau de escolha, de decisão e sofisticação ao alcance da população. Em outras palavras: TV a Cabo e Viagens ao Exterior não são mais apenas coisas de rico.

Assessoria Técnica

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