quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Agrícola em foco. 2ª quinzena de dezembro

Ao que tudo indica, os preços dos alimentos deverão seguir em patamares pressionados no início de 2012. Isso porque, as condições climáticas nas principais regiões produtoras (Sul e Sudeste) têm causado problemas para o desenvolvimento de algumas safras, embora alguns produtos já tenham saído do período de entressafra, como proteínas de origem animal, que não apresentaram reflexo nos preços até o final do ano passado. Na segunda quinzena de dezembro o cenário para os preços no setor agrícola foi delineado da seguinte forma:

Soja e Milho – preços já sinalizam alta por conta do clima seco e das altas temperaturas nos países produtores da América do Sul (Brasil e Argentina) provocadas pelo fenômeno La Niña. Algumas importantes regiões produtoras brasileiras já calculam os prejuízos causados pela estiagem em 2012. Havendo queda nos volumes produzidos, os estoques mundiais ficam abalados e tendem a impulsionar os preços para cima. É importante lembrar que a soja é comumente utilizada como ração animal e qualquer variação no preço desta commoditie impacta em maiores custos produtivos das proteínas animais.
Café - a produção mundial de café pode sofrer retração de 3,34% conforme estimativas da Organização Internacional de Café (OIC). Isso porque o clima não tem colaborado para o pleno desenvolvimento das safras e as ocorrências de algumas pragas corroboram ainda mais para um cenário de oferta menor. A preocupação fica por conta do comportamento dos preços frente à demanda ainda aquecida de países como Ucrânia, Rússia, Índia, México e Coréia do Sul. Ao que tudo indica, o café deve seguir com preços elevados e firmes.

Bovinos – o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que houve queda de 2,9% no abate total de animais (bois, vacas, novilhos, novilhas e vitelos) no período de janeiro a setembro. A preocupação fica com o aumento no abate de fêmea, que pode comprometer a produção futuramente.
Aves – os preços seguiram em patamares levemente altos em dezembro, fruto da aquecida demanda internacional por esta proteína em 2011. Para 2012 os embarques podem seguir aquecidos, pois há novos mercados a serem abertos, como Malásia, Paquistão e Camboja. Há expectativa de aumento da demanda chinesa pelas carnes de aves brasileiras.

Suínos – os preços também se mantiveram elevados no último trimestre do ano, mesmo com o embargo russo à carne brasileira – de acordo com estatística do setor, a Rússia absorvia 50% das exportações. Ainda assim, há expectativa de abertura para novos mercados e intensificação dos negócios com a China. De qualquer forma, é bom ressaltar que 70% do preço da carne é oriundo de ração animal (basicamente milho e soja), ou seja, havendo pressão no preço destas commodities, podemos enfrentar um 2012 de preços altos nas proteínas de forma generalizada.
Embora o medidor oficial da inflação na economia brasileira tenha ficado no limite superior da meta estipulada, os próximos meses, aparentemente, deverão registrar preços de alimentos ligeiramente pressionados. As atenções ficam voltadas à normalidade de chuvas na região Sul, que amarga uma estiagem desde meados de novembro do ano passado, e na região Sudeste, em que o excesso de chuvas prejudica o escoamento pelos estragos nas rodovias.

O lado positivo dessa história é a percepção de que os preços de commodities, tão importantes na composição do produto e das exportações nacionais, devem se manter em patamares elevados. Às vezes uma notícia ruim para o consumidor é uma boa notícia para o setor e/ou para a economia no médio prazo.

Assessoria Técnica

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