Diversos posts do blog Fecomercio têm tratado da crise europeia, que tem nesse momento epicentro na Grécia e alguma metástase já atingindo Itália e com riscos sérios de contaminar também Espanha, Portugal e Irlanda, em breve. Segundo avaliação, haverá uma solução para esses problemas, provavelmente conjunta. Será uma solução de baixo custo relativamente aos riscos de uma desintegração da União e/ou do Euro, mas ainda assim, as economias mais problemáticas terão que purgar seus pecados fiscais com muita austeridade, que é sempre complicado politicamente diante de populações que vão sofrer as consequências do arrocho.
Há meses é indicado que provavelmente uma solução de reestruturação deverá ser a mais viável e factível em um prazo razoável. Uma espécie de Plano Brady para europeus. Mesmo uma solução dessas não será fácil de implantar, envolverá resistências e também terá custos, pois deverá ser acompanhada de esforço fiscal. Nenhuma solução vai prescindir desse ajuste interno em cada economia problemática. Também é opinião corrente do boletim que de um lado, as economias em crise vão usar o risco iminente de um calote como forma de “chantagear” as economias equilibradas para que recebam ajuda a um custo muito baixo. Esse é o caso explícito da Grécia, que nas entrelinhas ameaça deixar o Euro e voltar a trabalhar com sua moeda antiga, o Dracma. Do outro lado, as economias equilibradas, França e Alemanha, com maior ênfase para esta última, não vão ceder facilmente a essas chantagens. Internamente esses países também enfrentam oposição popular ao resgate puro e simples de economias que atuaram de forma irresponsável na última década e que hoje não encontram mais condições de se reestabelecer pelas suas próprias pernas.
Nesta semana surgiu uma das ideias que se assemelham muito a uma solução conjunta: unificar as dívidas de todos os países. Em termos gerais, o Banco Central Europeu (BCE) resgataria as dívidas dos países com problemas de liquidez e emitiria nova dívida para os credores, mas desta vez uma dívida conjunta europeia, ao invés de dívida grega, italiana ou espanhola. Essa solução é excelente em alguns aspectos: minimiza o risco de calote, aumenta o grau de aceitação dos credores, reduz os juros médios pagos para novas emissões. De outro lado tem seus custos: é um resgate a fundo perdido para economias irresponsáveis, fará o Banco Central europeu “imprimir” mais moeda e não está sendo condicionada a um plano de austeridade fiscal para as economias beneficiadas. Esse plano encontra outro problema: resistência forte da Alemanha.
Ao mesmo tempo Alemanha e França surgem com uma ideia também renovadora e, segundo nossa avaliação, necessária. As duas maiores economias do continente estão criando um acordo de procedimentos fiscais comuns, que, de certa forma, simula a unificação dos dois tesouros. Isso garantiria que, nenhuma dessas economias poderia ser irresponsável às custas da outra. No blog já foi citado, por mais de uma vez, que o grande problema do Euro e da União Européia era a existência de um Banco Central, Uma moeda, e vários Tesouros Nacionais. O que a Alemanha e França estão fazendo de forma embrionária é unificar seus tesouros.
A boa notícia é que estão surgindo ideias, que são, a nosso ver, factíveis. Para a assessoria da FecomercioSP a solução definitiva será um mix de solução fiscal (unificação dos Tesouros Nacionais em um Tesouro Europeu) com a solução de crédito (resgate pelo BCE das dívidas nacionais e troca por uma única dívida), onde haverá uma nova união de procedimentos fiscais, exigência de ajustes fiscais severos nas economias com problemas, proibição para emissões de dívidas soberanas sem aval europeu e a troca das atuais dívidas individuais por uma única dívida comum. De qualquer forma, essa solução não emergirá sem muitas discussões e pressões de todos os lados, pois cada parte da solução desagrada a uma determinada situação das nações envolvidas. Como sempre dissemos, terá custo para todos, mas a solução conjunta e acordada é o menor dos custos.
Assessoria Técnica