quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Os investimentos estrangeiros borbulham em nossas praias

Não faz muito tempo o blog abordou a facilidade com que o Brasil ainda financiava seus déficits mensais em Contas Correntes. Neste ano, o déficit deve atingir US$ 50 bilhões, talvez US$ 55 bilhões, ou algo entre 2% e 2,2% do PIB. Caminha para que em 2012 esse déficit atinja pouco mais de 3% do PIB, o que, em um passado não tão distante, seria acompanhado de sinais de estresse internacional com relação à nossa capacidade de honrar os pagamentos de dívidas.

Quando o País mantinha uma taxa de câmbio fixa e ainda lidava com muitas dificuldades para controlar os gastos públicos (meados da década de 1990), o limite que o Brasil tinha lá fora, ou seja, possibilidade de financiamento externo era bem pequeno. Para completar, de lá para cá houve um bônus internacional para nosso País: os preços das commodities dispararam, e com eles, saltaram os volumes disponíveis em nossas reservas internacionais. Hoje, o Brasil tem câmbio flutuante, contas públicas bastante controláveis - ainda há muito que melhorar em termos de eficiência e corte de gastos, mas relativamente a outros países o Brasil tem hoje uma das melhores condições fiscais do mundo – e, além de ser um grande exportador de commodities, se destaca ao lado de outras poucas economias como mercado potencial e com tendências de crescimento econômico acima da média global.  Ou seja, além da casa em ordem, o mundo paga caro pelos nossos produtos e os poupadores globais (hedge funds) não têm muitas opções de investimentos seguros e rentáveis.
Tudo isso culmina na facilidade que estamos encontrando em financiar um déficit razoável em contas correntes, que em outros momentos poderia estar pressionando fortemente ou a taxa de câmbio ou a taxa de juros. Como se sabe, nenhuma dessas coisas está acontecendo. Para deixar o cenário ainda mais positivo no que tange a liquidez, e principalmente a solvência do País, em outubro o déficit em contas correntes foi de US$ 3,1 bilhões, ou US$ 400 milhões abaixo do estimado e esperado pelo mercado. As principais surpresas positivas foram:

1.         Remessas de lucros de US$ 1,5 bilhões, enquanto se estimava que a rubrica facilmente ultrapassaria os US$ 2 bilhões;
2.         O Investimento Estrangeiro Direto (IED) atingiu US$ 5,6 bilhões, quando se esperavam apenas US$ 4,2 bilhões;
3.         O IED soma em 12 meses US$ 75 bilhões.

As recentes medidas para reduzir o gasto com viagens, como o aumento do IOF e a pressão para que o câmbio se desvalorizasse, ainda não surtiram os efeitos desejados, e suspeitamos que não irão mesmo reduzir o ímpeto turístico internacional enquanto o mercado de trabalho e de crédito no Brasil estiverem aquecidos como estão. Salvo se houver uma desvalorização cambial muito grande, mas descartamos essa hipótese, pois isso faria com que o País passasse por um segundo ano consecutivo de inflação em alta e o Banco Central não iria tolerar esse fenômeno sem usar as reservas para conter uma exagerada queda do valor do Real.
As remessas de lucros em queda e aumento no Investimento Estrangeiros Diretos, são, de certa forma, a mesma coisa, pois quem deixa de remeter lucro para as matrizes, está usando esses recursos internamente como investimentos. Essa é a melhor notícia de todo esse boletim, pois isso significa que, por qualquer que seja o motivo, alguns inclusive já explicados aqui, o País tende a manter um ritmo de crescimento elevado no próximo ano e mesmo no longo prazo. Quem investe traz aumento do consumo interno ao longo do tempo na maturação de seus resultados e mais demanda imediata, pois o dinheiro gasto na expansão da capacidade produtiva entra no circuito da economia bem antes da maturação em si dos projetos. Outra conclusão é de que, quem investe hoje, espera colher frutos por muitos anos, o que mostra a boa aposta que os estrangeiros estão fazendo com relação ao Brasil. Cabe a nós melhorar o ambiente de negócios e mostrar que os investidores estrangeiros fizeram a aposta correta em nos escolher.

Assessoria Técnica

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