quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Aumenta o número de pobres nos Estados Unidos

Era de se esperar que, com a economia crescendo muito menos, com o aperto do mercado de crédito e com o aumento do desemprego o número de pobres fosse crescer nos Estados Unidos. E cresceu mesmo. Hoje a maior economia do mundo conta com quase 50 milhões de pobres em um universo de pouco mais de 300 milhões de habitantes. São 16%, ou um sexto da população em condições, que, segundo os padrões norte-americanos, se encontram abaixo da linha de pobreza.

Essa avaliação é até um aprendizado para os brasileiros e outras economias. O conceito de pobreza varia muito de acordo com a cultura, com a renda média e com o custo de vida, mas de uma forma ou de outra, todos nós entendemos o que quer dizer ser pobre: é receber menos do que o mínimo para viver com dignidade. Nos Estados Unidos o conceito de pobre é o seguinte: renda familiar, de uma família composta por dois adultos e duas crianças, abaixo de US$ 23.343,00 anuais. Traduzindo para renda mensal em reais, é o equivalente a uma família de quatro pessoas no Brasil com renda inferior a R$ 3.250,00, ou pouco mais de R$ 800,00 por pessoa na família. Evidentemente o conceito e pobreza por lá é muito distinto do nosso, dado que a renda média das famílias no Brasil é de pouco menos de R$ 2.900.
Se usássemos o mesmo padrão para definir pobreza o Brasil teria entre 35 milhões e 40 milhões de famílias pobres e apenas algo entre 17 milhões e 22 milhões de famílias vivendo acima da linha divisória. No mínimo teríamos 60% de nossas famílias vivendo dentro desse conceito de pobreza, quatro vezes mais do que nos Estados Unidos. Mas é claro, a comparação não vale, até mesmo porque a categorização de riquezas e classes sociais é arbitrária e certamente relativa. Não que o custo de vida no Brasil hoje não seja elevado, quase o mesmo daquele percebido pelos americanos (em muitos casos é até maior). Já se foi o tempo em que se vivia melhor aqui com menos dinheiro. Também é bom lembrar que o PIB per capita nos Estados Unidos é de US$ 50 mil e no Brasil pouco mais de US$ 10 mil, o que diferencia muito o conceito de riqueza aqui e lá. Com esses dados em mente, fica ainda mais indigesto lembrar que grandes partes dos bens duráveis aqui consumidos custam de 2x a 3x o preço de lá. Ou também que nossa carga tributária é proporcionalmente muito maior do que a deles - 35% contra 25% do PIB, respectivamente.

De qualquer maneira, seja qual for o conceito, o que importa é que o número de pobres na maior economia do mundo está crescendo. E isso não é nada bom, nem para eles, e nem para nós. O preço elevado de commodities e dos bens exportados por países emergentes, tem sua origem primeira no consumo maciço dos norte-americanos. É a elevadíssima propensão a consumir (qualquer coisa, principalmente da China) que dá início a uma cadeia de eventos que tem beneficiado o Brasil. Americanos compram bilhões de dólares (trilhões) ao ano de bugigangas chinesas. Os chineses compram trilhões de dólares de commodities e assim por diante. Se um elo quebrar, toda corrente desaparece. Por enquanto, os americanos estão em uma parada técnica, portanto o elo não foi rompido, apenas está esgarçado. Vamos torcer para que o número de pobres caia rapidamente por lá e que o consumo global volte a se aquecer. Menos pobres nos Estados Unidos significam menos pobres no Brasil, guardadas as diferenças do que é ser pobre lá e cá.
Assessoria Técnica

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