quarta-feira, 16 de novembro de 2011

IBGE erra e antecipa divulgação da inflação

Essa história do IBGE ter divulgado por engano o IPCA de outubro, na quinta-feira dia 10, ao invés do dia programado (que seria a sexta-feira dia 11) preocupa. Uma das grandes qualidades do IBGE, além, claro, do seu corpo técnico de excelente qualidade é a seriedade do órgão. Se existe uma unanimidade no País com relação a um instituto de pesquisas, é o IBGE. Para bem do órgão, é necessário que se explique como e o porquê dessa divulgação adiantada, de forma clara e transparente, sem medos. Muito provavelmente o IBGE antes das divulgações importantes dá ciência ao governo, particularmente ao Ministro Guido Mantega, o que não é de se espantar.  É até mesmo saudável que os responsáveis pela condução da economia sejam informados sempre com agilidade, sejam os primeiros a saber de tudo. Para que não se tenha dúvida sobre possíveis vazamentos ou para que não paire no ar nenhuma suspeita de conduta inadequada, o IBGE tem que explicar insistentemente o ocorrido, até porque, seus dados são muito importantes (os mais importantes do País em geral).

Dito isso, sabendo que o IBGE certamente vai corrigir esse desvio de rota, vamos ao que interessa: o IPCA de 0,43% em outubro. Como o IPCA foi muito elevado nos últimos três meses de 2010, mesmo um número acima do esperado agora reduziu o acumulado em 12 meses, que caiu de mais de 7% para 6,98%. A tendência é de que em novembro e dezembro o mesmo ocorra. Mas isso não é motivo para comemorar. A aposta do Banco Central, correta no nosso entender, é de que o IPCA vá convergir para 0,35% ao mês em média, que anualizado seria uma inflação próxima de 4,3%, dentro da meta.  Enquanto isso não ocorrer, é bom acompanharmos com atenção, pois neste mês já era esperado que o indicador viesse ao redor de 0,3% ou 0,35%, e ficou um pouco acima. Ao ritmo de outubro, o IPCA acumularia 5,3% de elevação em 12 meses, dentro da meta, mas acima do centro de 4,5%. O Banco Central tem dito insistentemente que vai buscar o centro da meta e temos que acreditar e cobrar esse resultado.
Transportes, habitação e alimentação continuaram pressionando para cima o índice neste mês e são itens muito relevantes na estrutura de consumo das famílias no Brasil. A FecomercioSP compila o IPV, Índice de Preços no Varejo, em São Paulo. Neste ano é esperado que os preços subam menos de 4%, mostrando que a inflação está mais calcada em serviços do que em bens e produtos vendidos no varejo. Em várias oportunidades, inclusive há poucas semanas, a entidade tem se pronunciado contrariamente à prática corriqueira no Brasil de se indexarem contratos e tabelas de preços de prestadores de serviços de todas as naturezas. Privilegiar a indexação contratual em detrimento do processo de negociação tem como um dos efeitos colaterais indesejados, gerar a resistência da queda da inflação. É como a aplicação de um antibiótico que vai selecionando as bactérias mais resistentes. A nossa inflação tem um elevado grau de resistência e passa a exigir antiinflacionários cada vez mais fortes, na fórmula genérica de juros. Sem indexação, certamente o Banco Central já estaria trabalhando com uma Selic de um dígito. Vamos torcer para que a inflação, mesmo assim, continue caindo e que o Banco Central possa reduzir bastante as taxas de juros do País em breve.

Assessoria Técnica

Nenhum comentário:

Postar um comentário