terça-feira, 22 de novembro de 2011

Jogo de cena

Na última semana, o presidente do Conselho de Planejamento Estratégico da FecomercioSP, Paulo Rabello de Castro, em seus artigos periódicos, escreveu que a Europa está em um momento complicado, mas que grande parte do que vemos na mídia é apenas jogo de cena. De certa forma já abordamos mais de uma vez esse comportamento, não exatamente com o termo “Jogo de Cena”, mas é a mesma coisa quando dizemos que a Grécia faz um tipo de chantagem e a Alemanha responde com outra ameaça. Cada um tenta jogar a melhor mão de pôquer que puder, mas nem todos os países vão continuar blefando, porque vai chegar a hora de mostrar as cartas, e como sabemos algumas economias estão absolutamente sem nada para oferecer.  Mesmo a hipótese de que se jogue tudo para o alto e que algumas economias abandonem o Euro, não é a mais provável e nem mesmo aquela que dará os melhores frutos.
Da mesma forma que a “primavera Árabe” ainda está em curso, e lá se vai quase um ano, o dilema europeu será tema para debates ao longo de todo ano de 2012, quiçá um pouco além. Isso porque a Comunidade Européia, mais especificamente a zona do Euro, seria uma economia das mesmas proporções dos Estados Unidos, ou seja, muito relevante e ao mesmo tempo muito complexa. Muitos analistas estão acompanhando de perto a situação e ninguém ousa uma aposta seca, mas de forma geral, o que se pode ler nas entrelinhas é que a maioria acredita mesmo em uma solução negociada, sem a quebra do Euro.

Até mesmo o Dr. Apocalipse, professor Nouriel Roubini, tem sido otimista em seus artigos, à sua maneira, é claro. Roubini tem apontado para a impossibilidade de solução fácil, mas também aposta em um período de “desalavancagem” longo, porém sem rupturas. Isso porque ele também entende que a saída pela ruptura seria ainda pior (para quem sai e para quem fica) do que a tentativa de um acordo. Segundo Roubini, a Europa enfrenta o pior dilema desde a Segunda Guerra: é muito grande para quebrar, mas também é muito grande para salvar. Os recursos necessários para o resgate ainda não foram reunidos e pode levar ainda algum tempo para que isso ocorra. Enquanto isso vamos ver mais chantagens e jogos de cena e eventuais resgates quando a coisa chegar próxima do precipício. Segundo o professor que antecipou a crise de 2008, o que a Europa precisa é de uma bazuca enorme para enfrentar essa crise financeira de liquidez e insolvência.
Usando uma figura muito comum entre os advogados, é sempre melhor um mau acordo do que uma batalha judicial. Ninguém sabe como terminará a batalha. Ninguém sabe o que será da Grécia ou do Euro se houver uma solução de descontinuidade, mas o que se aposta é que será ruim. Os pequenos acordos que vão dando alívios temporários funcionam como válvulas de escape para a pressão e são de fato muito importantes neste momento. Isso porque alguns países, como a Grécia, por exemplo, sofrem de iliquidez e insolvência, porém alguns como é o caso da Itália, neste momento apenas têm falta de liquidez. Todavia, a falta de liquidez recorrente tende a tornar esses países também insolventes. Resumindo, se começar um processo de deterioração ainda maior, por conta de contágio entre uma economia e outra, quem hoje tem apenas um problema de falta de liquidez em breve estará insolvente também, e aí o problema será muito mais profundo. Por isso mesmo é que a maioria dos analistas aposta em meses de problemas, com soluções espasmódicas para eventos aleatórios e com a construção de uma solução de longo prazo muito demorada. Neste cenário as Bolsas do mundo tiveram uma semana de neutra para ruim e no Brasil o câmbio voltou a se desvalorizar. Agora o Ibovespa acumula queda de 18% e o dólar sobe 8% ao longo de 2011, um quadro dentro do esperado e não será diferente até o final de 2011.




Assessoria Técnica

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