terça-feira, 8 de novembro de 2011

O tradicional período de ajustes

Após a euforia com a Grécia (depois do luto, da euforia, do luto, da euforia etc...) a semana foi de ajustes moderados nas perspectivas. Novos dados econômicos globais divulgados, dificuldades naturais e esperadas de operacionalização política e econômica do resgate grego, agitação política na Europa. Essa foi a semana. Mas em média nossa aposta vai se concretizando. A toda boa notícia se seguirão períodos de euforia e logo o balde de água fria da percepção das dificuldades reais a serem ultrapassadas. Toda notícia ruim é acompanhada de comportamentos funestos, mas logo positivamente ajustados pela visão de que o fim do mundo não será já em 2011 – nem os Maias eram tão pessimistas.

Essa sanfona de emoções deve continuar por bastante tempo, porém, o que temos que analisar efetivamente é a evolução dos fatos, que não ocorre na mesma velocidade das mudanças de humor. Na realidade, nos parece muito evidente que a situação europeia caminha para uma solução menos ruim do que o potencial explosivo que existia. Ou seja, a cada dia está sendo desarmada uma bomba e lentamente, se nenhum percalço ocorrer, vamos caminhar para um ajuste de longo prazo. Claro, mesmo esse ajuste custará anos de baixo crescimento aos europeus, que terão que repensar todo seu sistema de proteção social, as relações trabalhistas e elevar a produtividade. A outra opção é muito ruim.
Do lado de cá do Atlântico, as emoções parecem estar mais contidas há mais tempo. Os Estados Unidos deverão manter um ritmo de crescimento fraco até o final de 2011, porém já começam a surgir indícios de recuperação. A prudência nas análises ainda é muito importante, pois os dados ainda são esparsos e não muito contundentes também. Todavia a coleção de dados atual é melhor do que aquela de seis meses, ou um ano atrás. Existe o risco, evidentemente, de que haja um desarranjo internacional, com efeitos muito severos sobre a economia global, pois o equilíbrio atual foi conseguido a duras penas, muito custo fiscal e também  bastante suscetível a leves tremores, justamente por ter fragilizado as economias desenvolvidas com elevados gastos e por ter reduzido o arsenal de políticas econômicas disponíveis principalmente na Europa, Japão e Estados Unidos, nessa ordem. Ainda que essa possibilidade exista, ela é relativamente pequena e no nosso parecer tem se diluído. Também há que se considerar o seguinte: trabalhar com a hipótese do final dos tempos na economia não é nada produtivo. Se o mundo fosse acabar mesmo, qual seria a importância de traçarmos cenários para este cataclismo?

O caso do Brasil é melhor do que a média global. Para começar ainda dispomos de um arsenal de políticas econômicas muito maiores do que as economias desenvolvidas. Por exemplo, não dá mais para reduzir juros na Europa, Japão ou Estados Unidos, mas aqui o potencial de redução é brutal. Nossa dívida pública está controlada e o saldo comercial e de balanço de pagamentos são favoráveis. O desemprego está reduzido, a renda ainda cresce e o mercado de crédito ,apesar de ter se expandido muito nos últimos anos, ainda tem potencial de crescimento. Muitas empresas brasileiras estão valendo muito menos do que deveriam nas bolsas e não há evidências de que vá haver em breve uma débâcle na solvência dos consumidores. Ou seja, em média o cenário é bom, apesar dos necessários ajustes de rota. No longo prazo o País está fadado ao crescimento e a manter um mercado interno consumidor muito significativo para qualquer empreendimento. Seguem os resultados deste ajuste moderado de perspectivas na semana:




Assessoria Técnica

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