quarta-feira, 22 de junho de 2011

Vale e Petrobras, as mais recomendadas da bolsa, um pouco por falta de opção

O mercado acionário do Brasil evoluiu muito nos últimos anos, porém ainda é pouco difundido, se comparado a economias mais maduras. Pelo fato de ser um mercado ainda “juvenil”, em franca expansão, sofre com as naturais dores do crescimento. Uma dessas dores é a concentração dos negócios em poucas empresas, acabando por distorcer os resultados dos índices de ações. Isso também facilita a ação de especuladores inescrupulosos, tornando o mercado vulnerável a problemas pontuais internos de uma ou outra empresa. Um obstáculo que não aconteceria, se houvesse maior disseminação desse tipo de aplicações.

No caso brasileiro, o Ibovespa é totalmente dominado por negócios com Vale e Petrobras. Não é de surpreender que os analistas, apesar do mau humor dos investidores nos últimos meses, mantenham indicações favoráveis para aplicações nessas duas empresas. Em primeiro lugar, devemos reconhecer que a ingerência do governo sobre a direção da Vale e o pobre marco regulatório para área de petróleo, além da interminável discussão sobre a necessidade de investimento da Petrobras nos próximos cinco anos, levaram o Ibovespa ao estágio atual, com retrocesso equivalente a mais de um ano de trabalho. De outro lado, e apesar disso tudo, investir em uma empresa do ramo de commodities metálicas, ou em uma empresa monopolista de uma das principais áreas de energia – uma das maiores economias do mundo –, tende a ser um bom negócio, pelo menos no longo prazo.
Um dos truques tradicionais dos analistas é recorrer ao longo prazo para definir uma estratégia de investimentos. Como isso pode ser traduzido de diversas maneiras, esse subterfúgio funciona como uma espécie de termo de indeterminação. Ou seja, dá um aconchegante e providencial caráter vago às dicas. Mas é fato que a tendência de longo prazo para os preços de energia e commodities minerais se mantenha em alta. Ainda que os índices de preços de commodities tenham sofrido quedas nos dois últimos meses, a média desses preços é cerca de 60% a 70% superior aos de 2005, e não parece que haja uma tendência de reversão dessa magnitude.

Aliás, as perspectivas mais aterrorizantes e alguns analistas, como Nouriel Roubini, são de muito pouca utilidade. Se é fato que a economia americana vai entrar em estagnação, como a japonesa está há mais de uma década, então teremos que contar com uma profunda queda dos preços de commodities e de bens de consumo, portanto, com uma inevitável crise na China. Esse cenário indica que o melhor que podemos fazer para nos proteger é plantar uma horta e ao menos garantirmos o que comer. Mas, felizmente, esse cenário é muito improvável, até porque as condições da economia norte-americana são muito distintas daquelas que levaram o Japão a um período muito longo de estagnação. Não é possível que uma economia ainda jovem, que atrai investimentos e com potencial de consumo e de produção tão grandes como a americana, fique parada por mais de uma década. O fraco desempenho atual americano ainda é reflexo de uma crise de grandes proporções em 2008, mas um alento está no fato de que hoje eles já voltaram a crescer, apesar de pouco.
Se o cenário mais provável é de recuperação lenta e gradual dos Estados Unidos – e é –, muito provavelmente também a China se mantenha crescendo fortemente nos próximos anos e, por derivação, os países emergentes também manterão vigor. Quem tiver paciência e não quiser definir exatamente o que quer dizer longo prazo, ainda deve ter bons retornos aplicando na Vale e na Petrobras. Apostamos que 11 em cada dez analistas ainda vão sugerir essas companhias para os investidores, e todos eles vão falar em longo prazo.

Assessoria Técnica

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