As análises das nossas publicações sempre tentam antecipar movimentos da economia e do mercado financeiro. Apesar do glamour atrelado às bolsas e aos mercados financeiros, é opinião da Fecomercio que a geração de emprego, riqueza e mesmo de oportunidades financeiras se inicia no chamado “lado real” da economia. Não nos parece possível que as bolsas, por exemplo, tenham consistentemente bons resultados enquanto a economia vai mal, até porque as ações representam frações de empresas e o conjunto das organizações representa a economia. É apenas uma questão de lógica.
Temos analisado alguns setores importantes e que podem dar uma indicação antecipada de nível de atividade, confiança do consumidor e comportamento do mercado de crédito. São acompanhados setores específicos como automobilístico, imobiliário e dados como desempenho da indústria, balanço de pagamentos e a execução orçamentária do governo. Em todos os casos, a percepção é de que o melhor momento da economia brasileira destes últimos anos ficou em 2010 e, como se diz no jargão das companhias de ônibus, “precisamos de uma freada de arrumação” (é a brincadeira corrente entre motoristas para quando o ônibus está muito cheio e os passageiros não se ajeitaram completamente: freia-se bruscamente e a acomodação ocorre de maneira forçada).
Essa freada de arrumação está se mostrando com o crescimento praticamente nulo da venda de automóveis entre janeiro e abril de 2011 comparado ao mesmo período de 2010. Também no setor imobiliário os dados são inequívocos: queda de 40% das vendas no primeiro trimestre.
Nesta semana, o IBGE divulgou a produção física da indústria de abril no País e apontou queda de 1,3% em relação a abril de 2010. Esse último dado é relativamente mais importante porque não se trata de um setor específico que pode, em tese, estar descolado do resto. Essa fotografia é uniforme e o desaquecimento, portanto, não só é percebido no geral, mas completamente difuso entre quase todas as atividades ou categorias de produção.
Talvez o dado mais importante dessa divulgação seja a queda no desempenho do setor que produz bens de capital. O segmento reage fortemente à propensão de investimento e dá o tom do longo prazo. Essa área chegou a crescer mais de 20% em alguns momentos de 2010, mas o crescimento acumulado nos 12 meses encerrados em abril foi de apenas 0,1%, ou seja, muito abaixo do ritmo frenético do ano passado e indicando que os investimentos estão, por ora, suspensos.
Nos próximos dias, outros dados importantes devem completar esse quadro e devemos acompanhar: até o final de maio saem dados de preços ao produtor e o PIB do primeiro trimestre. Os dados de PIB são especialmente importantes porque vão ser comparados com a expectativa que havia de inércia econômica positiva (carry over) entre 2010 e 2011. Os dados de preços vão indicar quais os valores ao produtor e o nível de repasses que está ocorrendo entre a indústria e o consumidor final.
Na semana que vem, os dados de maio do setor automobilístico fecham esse ciclo. Em menos de duas semanas teremos um conjunto de informações que permitirão a reavaliação das projeções para 2011 e a expectativa é de que esses ajustes sejam feitos para baixo. Vamos acompanhar.
Assessoria Técnica
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