O lazer, as compras, os negócios são derivados intencionais ou não do turismo e multiplicam os efeitos desses deslocamentos sobre as economias em todos os cantões do mundo. Esse é mais um dos setores de serviços que gera um grande volume de empregos, investimentos crescentes através de atividades ecologicamente sustentáveis. Não há setor mais moderno e atrativo do que o de turismo na economia global e globalizada.
No mundo, o turismo movimenta em receitas cambiais de turistas estrangeiros cerca de US$ 900 bilhões, com um total de 900 milhões de visitantes. Enquanto isso, no Brasil, esses números atingem US$ 6 bilhões ao ano, com a recepção de pouco menos de 6 milhões de pessoas de diversos destinos. O País representa hoje 0,7% dessas receitas e a mesma proporção dos visitantes globais. Por essas contas, chega-se ao gasto médio de US$ 1 mil por visitante estrangeiro no Brasil. São números muito pequenos para as dimensões de nossa economia e para o potencial turístico de um país com milhares de quilômetros de praias e patrimônio natural.
Quando se desce ao detalhe, a divisão de turistas que chegam ao nosso País privilegia os argentinos (cerca de 1,5 milhão de turistas) e, em segundo lugar, os americanos que estão atingindo a marca de 700 mil visitantes ao ano. A essas principais origens de visitantes somam-se Itália, Alemanha, França, Uruguai, Portugal, Paraguai, Espanha e Inglaterra. Esses dez países representam 70% da origem de nossos visitantes.
Os dez países mais visitados do mundo são, pela ordem, França, Estados Unidos, Espanha, China, Itália, Reno Unido, Turquia, Alemanha, Malásia e México. Note-se que, em grande parte, são países europeus, e o turismo intra-continental responde por essa forte onda de turistas. Os outros países atraem certamente por sua pujança econômica. Esses dez países respondem por mais de 45% do total de chegadas – fluxo receptivo internacional – do mundo. Em qualquer prisma que se observe, o Brasil se coloca aquém de suas possibilidades, seja pela sua crescente importância econômica, seja pelo potencial turístico tradicional.
Perspectivas
O Brasil precisa urgentemente de um plano de atuação que o coloque em uma posição merecida como destino preferencial. Hoje, o turista brasileiro gasta US$ 16 bilhões no exterior e o Brasil recebe US$ 6 bilhões do bolso de turistas estrangeiros. Mesmo com essa diferença e com o fraco desempenho relativamente ao potencial, o turismo no Brasil seria a quinta maior receita de exportações, perdendo apenas para minério de ferro, óleos de petróleo, soja triturada, açúcar de cana. Portanto, o potencial é enorme e o País está atrasado nos investimentos nessa indústria moderna, não poluente e forte geradora de emprego e renda.
Para isso, são imprescindíveis algumas ações:
1. Facilitar a ida e vinda de turistas. Especificamente, não há motivação para exigência de vistos de turistas vindos de locais como os Estados Unidos. Essa exigência de reciprocidade apenas afeta negativamente o fluxo de potenciais turistas norte-americanos. Não garante ou defende a soberania brasileira;
2. Investir em capacitação da mão de obra: poucas pessoas falam outro idioma além do português no Brasil, e há falta de cursos de formação específica na área, apesar da existência de experiências bem-sucedidas como o Senac;
3. Investimento na limpeza e mobilidade urbana, assim como em segurança;
4. Divulgação mais adequada da imagem do País, que ainda sofre com estereótipos pouco honrosos e por vezes inverídicos.
O Brasil hoje representa cerca de 4% a 5% do PIB global e quase 6% da área mundial não coberta por oceanos. De qualquer forma, o seu desempenho no setor de turistas fica muito abaixo de sua importância mundial e mesmo de suas dimensões geográficas. O momento não poderia ser mais oportuno para endereçarmos esses assuntos: vamos receber em menos de uma década os quatro eventos esportivos mais importantes do planeta: Copa das Confederações, Copa do Mundo, Paraolimpíadas e Olimpíadas. A esses eventos mundiais já se somam milhares de eventos de negócios e esportivos anuais, principalmente em São Paulo. Temos que somar essas oportunidades ao potencial atual e aproveitar esses eventos como o ponto de transformação do País em um destino global preferencial, e, para isso, temos que criar essa agenda e aguçar o senso de oportunidade e responsabilidade.
Assessoria Técnica
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