terça-feira, 7 de junho de 2011

Preços ao produtor em abril confirmam desaceleração

O Índice de Preços ao Produtor (IPP) apresenta indicações claras de desaceleração da atividade econômica, depois de ter atingido o patamar de quase 7% de alta acumulada até fevereiro. O IPP subiu 0,34% em abril e já está “rodando” no patamar de 4,5%, ou seja, em conformidade com a meta de inflação.

Os preços ao consumidor têm, nos últimos meses, sofrido elevação superior aos do produtor, indicando que a pressão inflacionária não advém da demanda, mas é produto de custos no canal da oferta. Provavelmente em breve esse arrefecimento dos custos na indústria deve chegar ao varejo, convergindo o IPCA ao IPP.

A tabela em anexo detalha a difusão dos preços ao produtor, mostrando que 13 dos 23 setores considerados registraram alta. Provavelmente essa difusão também vai ficar menor nos próximos meses, mas a atenção deve ser direcionada para os segmentos de produtos têxteis e alimentícios. Foram os setores responsáveis pelas maiores altas no último ano (27,12% e 16,8%, respectivamente), sendo que as pressões sobre alimentos parecem estar se dissipando, mas sobre os têxteis continuam fortes, principalmente pelo aumento do algodão.

Outro setor importante é o de produtos químicos, que apresentou alta acumulada em 12 meses de 13,43% e, em abril, na margem, ainda mostra fôlego aumentando em média seus preços em 0,56%. Da mesma forma, os produtos derivados de petróleo subiram muito e continuaram bastante pressionados. Como se vê, apesar da redução do ímpeto inflacionário na indústria, setores muito relevantes mantiveram taxas elevadas de variação de preços.

A Fecomercio lembra que, em várias oportunidades, alertou para o caráter não inflacionário do consumo das famílias e os dados de inflação ao produtor de certa forma comprovam essa tese. A alta da Selic vai se mostrar desnecessária (na magnitude aplicada) e trará efeitos muito ruins sobre o emprego e a economia de modo geral.

A partir do segundo semestre deveremos vivenciar dias de produção muito mais modesta e provavelmente o mesmo ocorrerá com o consumo das famílias. O indicador de preços ao produtor não está gestando o IPCA, mas certamente existe uma correlação entre ambos, e o norte causal indica que a pressão tem origem nos custos de produção, que por sua vez se originaram em grande medida no setor externo, amplificados pela atuação do BC para conter a valorização cambial, que, em resumo, era a válvula de escape dessas pressões inflacionárias.

Assessoria Técnica

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