segunda-feira, 20 de junho de 2011

Risco Brasil é menor do que o risco americano

Uma boa notícia para a Presidente e para sua equipe econômica. Depois de tanta pedrada e confusão, algumas notícias positivas chegam ao Brasil. Hoje o País tem um risco estimado em 60 pontos e os Estados Unidos em 110 pontos, e pela primeira vez na história tem risco de Default (de dar calote) menor do que os americanos. Não que isso signifique que todos os nossos problemas estão resolvidos, mas para os investidores é importante saber que o risco de se colocar dinheiro no Brasil atualmente é muito baixo, principalmente porque a dívida interna é baixa e a externa totalmente garantida por um volume de reservas superior a US$ 300 bilhões. Restam agora algumas questões a serem resolvidas sob esse prisma de baixo risco soberano.

“Deve ser por isso que temos os maiores juros do mundo!”

Comentários irônicos como esse pipocaram na internet após a notícia da queda do risco Brasil. A rigor o comentário é muito pertinente. Se existe hoje no País o mais baixo risco de Default, porque pagamos um prêmio tão elevado aos investidores financeiros que vem aplicar seus dólares aqui? Somente no último ano, quem aplicou seus dólares em renda fixa no Brasil conseguiu um retorno de mais de 20%, e isso não condiz com um prêmio de país com risco baixo. Se hoje o argumento do Banco Central para elevar a Selic é a inflação (também discutível) existem instrumentos para que haja diferença entre a taxa interna de juros e os prêmios pagos para investimentos em renda fixa, como IR, IOF, quarentena. É difícil não se indignar com essa situação.

Competitividade: posição brasileira é 58ª de uma lista de 139 países. O Brasil não pode almejar ser uma das cinco maiores economias do mundo e, além de ter a maior taxa de juros do planeta apresentar uma posição vexatória como essa no ranking de competitividade. Por mais que se possam discutir critérios desse ranking, a posição real do País é ruim.  Aliás, o argumento sempre usado para contrariar esse ranking é que, mesmo assim, o País está crescendo e recebendo muitos investimentos diretos. É verdade, mas imaginemos por um momento quanto não estaríamos ainda melhor se nosso grau de competitividade geral fosse ao menos civilizado.
Nossa infraestrutura não retrata exatamente a posição do nosso risco: outra constatação quase bizarra da existência de dois “brasis” é a nossa infraestrutura. O tema pisado e repisado não pode ser deixado de lado. O País que é visto lá fora como excelente oportunidade de investimento a baixo risco, além de reduzir juros, tem que dar condições mínimas de mobilidade urbana, reduzir custos de transportes e facilitar o investimento privado na resolução desses gargalos que hoje são motivos de vergonha para a futura quinta economia do mundo.

Humor no mercado de capitais: esse dado, apesar de já estar precificado, pode dar uma mãozinha no ânimo dos mercados de capitais, principalmente na bolsa. Se os novos dados confirmarem a descompressão dos preços e também se a percepção de desaceleração da economia não se exacerbar, pode ser que o segundo semestre seja melhor do que a primeira metade do ano para os investidores de renda variável.

Ter um risco baixo é desejável, mas precisamos converter isso em vantagens e benefícios para o povo brasileiro. Não é possível ter uma situação considerada muito favorável internacionalmente para quem olha de fora, sendo que a casa por dentro tem muitos móveis fora do lugar. Devemos comemorar esse marco histórico, ainda que em parte por problemas externos e não mérito interno, mas também buscar resolver os nossos problemas. É possível imaginar como o Brasil estaria crescendo, gerando riqueza e empregos se o resto da casa estivesse em ordem.

Assessoria Técnica

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