segunda-feira, 27 de junho de 2011

Mercado ficará refém da Europa por uns tempos

A Grécia parece um daqueles doentes que precisam ser convencidos a fazer o tratamento. A família briga, os médicos pressionam, mas é muito difícil convencê-lo de que a solução dos problemas passa por mudanças de hábitos e um tratamento à base de cirurgia e remédios muitas vezes amargos. O doente quer uma solução mágica: cura sem cirurgia, sem remédios e, se possível, sem nenhuma mudança de hábitos. Portanto, um tratamento indolor.

As potências econômicas europeias e o FMI estão fazendo o papel de família e médicos da Grécia. Já fizeram o terrível diagnóstico, mostraram os resultados dos exames e indicaram a cirurgia e o tratamento posterior. Como anestesia, uma injeção de US$ 250 bilhões, mas somente será aplicada para que se faça a necessária cirurgia. O paciente por enquanto concordou em receber a anestesia, mas não quer ir para o centro cirúrgico. Do outro lado, médicos e família não vão concordar com essa ideia. Resta o impasse.
O mais curioso nesta história é que do outro lado, médicos e família têm que salvar o paciente. Ou seja, não restam muitas alternativas para os bancos privados que são credores da Grécia. Eles exigem contrapartida, mas sabem que devem aceitar um acordo inferior ao desejado sob pena de um risco de danos maiores – no caso, a moratória, segundo os especialistas; calote, dizem os populares. Se aceitarem um acordo nos moldes propostos pelos gregos, estarão incitando outros devedores a provocarem situações de insolvência. Ou seja, resta o impasse.

No meio do caminho estará provavelmente a solução. Os gregos, de seu lado, vão dar indícios não muito claros de que vão cumprir as exigências tradicionais do FMI e dos bancos privados e públicos estrangeiros, principalmente alemães. Os bancos e governos europeus, de outro lado, vão fazer de conta que acreditam em tudo e devem escalonar a liberação de recursos, condicionando-as ao cumprimento das metas
Assessoria Técnica

Nenhum comentário:

Postar um comentário