Conforme antecipamos, o acordo entre a Grécia, seus credores e o FMI deve chegar ao um bom termo. Nesta semana, ficou definida que a primeira parte dos recursos, cerca de US$ 150 bilhões, deve ser aportada na Grécia, e está faltando apenas algum ajuste nas medidas internas que devem ser aprovadas pelo Congresso grego. Esse talvez seja o momento mais delicado, mas tudo indica que em uma, duas ou no máximo três semanas o dinheiro já estará liberado. Assim que os termos forem definitivamente acertados e as providências internas na Grécia sejam tomadas, os mercados financeiros devem reagir positivamente na Europa e, por derivação, no resto do mundo.
O informativo já havia alertado que a rigor o que mais preocupa não é a economia grega e sim outros países da Europa que estão em situação muito complexa. É o caso de Espanha, Portugal, Irlanda e Itália. Além disso, países como Alemanha, Inglaterra e França, as maiores economias do continente, não estão em um momento econômico excepcional e, portanto, qualquer auxílio a outros países requer um esforço adicional em todas as economias europeias, em um momento não tão bom assim. Essa situação, por mais irônica que pareça, é agravada pelo euro. A moeda está valorizada, o que reduz a já combalida competitividade do Velho Continente, e por ser uma moeda única, impede que cada país faça política monetária isoladamente, de acordo com suas peculiaridades.
No Brasil, o Ibovespa continuou de lado, com movimento relativamente baixo. A semana curta e uma sexta-feira espremida entre o final de semana e o feriado de quinta-feira contribuíram para o desempenho quase sonolento do índice. Completando o quadro, o cenário descrito acima na Europa enseja muita cautela, apesar das apostas terem como certo o acordo e a liberação do pacote de ajuda aos gregos. Estivemos tantas vezes nessa situação que temos uma boa ideia do processo como um todo e dos sinais que são emitidos. Provavelmente, após o acordo, os mercados europeus vão deixar de ser o problema que atrasa ainda mais a recuperação global.
Recuperação Global: não acreditamos que o mundo inteiro volte a ter dias como aqueles em meados dos anos 2000. Muito crédito (até um pouco irresponsável), muito crescimento disseminado, e pouca contribuição de algumas economias que surfaram na onda favorável, apesar de fraquezas inerentes. Dito isso, é bem possível que os Estados Unidos acelerem sua recuperação já em 2012 (vale lembrar que a recessão já ficou para trás, mas o ritmo ainda é insuficiente para gerar bons empregos). Com essa recuperação em vista, não será preciso uma desaceleração muito forte dos BRICs (o R fica um pouco destoante nesta sigla), mas não se espera que Europa e Japão saiam do seu ritmo quase imperceptível de crescimento, nem no curto, nem no longo prazo a se manterem as atuais circunstâncias de política Fiscal, Monetária e Cambial no continente e no Japão. A armadilha que pegou o Japão (se chama “Armadilha da Liquidez”, que ocorre quando o consumo interno é muito baixo) parece estar cercando a Europa, e, em ambas regiões, o quadro demográfico também é pouco auspicioso pelo menos nas próximas duas décadas.
Assessoria Técnica
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