quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Turismo entra definitivamente na pauta dos negócios brasileiros

O País deverá bater o recorde de 2005 quando recebeu 5,35 milhões de turistas. Seis anos depois, o Brasil vai receber quase 5,5 milhões de turistas, fato que deve ser amplamente comemorado, pois ocorre a despeito da crise internacional, que afeta muito fortemente os países ricos e também a despeito da apreciação do real, que torna as diárias e os gastos no Brasil muito caros para os turistas estrangeiros.

Para melhorar as coisas, o crescimento do número de turistas é acompanhado por um crescimento ainda maior dos gastos dos estrangeiros aqui. O número de turistas vai crescer 5% e o volume total de divisas que ingressarão neste ano vai subir cerca de 15% - saltando de pouco mais de US$ 5,5 bilhões para mais de US$ 6,4 bilhões. O gasto médio por turista vai subir 10% saindo de US$ 1.080 para US$ 1.185 por pessoa. Nada mau se esse resultado for colocado dentro das perspectivas negativas da economia global.
Esse número ainda é muito aquém das possibilidades do País e hoje está em alta pelo turismo de negócios – o Brasil entrou definitivamente na rota dos negócios globais – e também pela super exposição que a imagem do País está tendo por conta da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos. Portanto, receber esses eventos já alavanca as visitas, mesmo antes de acontecerem. Estima-se que na Copa do Mundo o Brasil receberá 600 mil turistas estrangeiros distribuídos em 12 cidades (mais ou menos 50 mil por sede, além dos turistas não atraídos por futebol).

A meta para 2014, ano da Copa, é recebermos mais de sete milhões de turistas estrangeiros e, para 2020 é atingir a marca de 10 milhões de visitantes. Vale ressaltar que, para que isso ocorra, serão necessárias as providências muitas vezes lembradas pelo Conselho de Turismo da FecomercioSP. Serão necessários investimentos bilionários em comunicações, infraestrutura aeroportuária, segurança, formação de mão de obra para o receptivo e alterações significativas no mobiliário e na mobilidade urbana. Se hoje, recebendo metade desse número de estrangeiros, o País já enfrenta evidentes gargalos no setor, dobrar a recepção de estrangeiros não é tarefa trivial. Também temos que lembrar que se o número de estrangeiros que buscarão o País nos próximos anos vai crescer, o mesmo deverá ocorrer com o turismo interno, exigindo um esforço de investimentos em estrutura ainda maior.
Lembrando que: para quem compara o Brasil com países da Europa, por exemplo, as condições são completamente diferentes. Se é verdade que Paris recebe mais de 40 milhões de turistas ano, também é verdade que grande parte destes vêm de regiões muito próximas, e, portanto, não seria justo comparar o número de turistas estrangeiros que atravessam o Atlântico para vir ao Brasil com aqueles que tomam o trem ou o ônibus ou enfrentam poucas horas de voos a preços competitivos para chegarem ao centro da Europa. Se o Brasil estiver em condições de receber 10 milhões de turistas estrangeiros, de forma adequada em 2020, já será uma vitória. Temos que acompanhar e cobrar as providências do governo e do setor privado para que isso ocorra.

Assessoria Técnica

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Pressão dos importados sobre os produtos nacionais será ainda mais forte em 2012

O Conselho de Planejamento Estratégico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) se reuniu nesta segunda-feira (19) para um balanço econômico de 2011 e falar das expectativas para o próximo ano.

O presidente do Conselho, Paulo Rabello de Castro, que conduziu a reunião, abriu o debate fazendo uma comparação entre as projeções de crescimento de países desenvolvidos e o Brasil, que deverá crescer cerca de 3%.
Para os Estados Unidos, Japão e Reino Unido, o PIB não deverá chegar a 1%. Nos países da zona do euro, a situação será pior, ficando em torno de -1,2%. Entre os Brics, no entanto, a expectativa é de que o Brasil fique na última posição já que Rússia crescerá cerca de 3%, Índia, 6% e China 8%.
Rabello de Castro enfatiza que a lentidão brasileira se deve à menor dedicação quanto aos investimentos, mesmo em anos que antecedem a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. “Apesar da construção de estádios e da aceleração e retomada do crescimento nos últimos anos, observamos que nossos investimentos são menores, principalmente se formos comparados a países asiáticos”, diz Rabello.
A competitividade no mercado interno e os reflexos da crise dos países ricos sobre o Brasil, também foram analisados. Para o economista chefe do Bradesco, Otávio de Barros, a pressão dos importados será ainda maior em 2012, já que mercados como Europa e Estados Unidos enfrentam recessão enquanto o consumidor brasileiro está adquirindo bens de consumo como nunca. “O Brasil é o quarto maior consumidor de carros, mas é o sexto produtor. Isso se deve aos importados, que ganham mercado cada vez mais”, analisa.
Em relação à política econômica interna, a FecomercioSP acredita o governo adotará novamente o receituário usado ao final de 2008 para enfrentar a crise dos Estados Unidos naquele momento: redução de juros, manutenção do crédito através dos bancos públicos (Banco do Brasil, Caixa Federal e BNDES), desoneração tributária pontual (redução do IPI na Linha Branca, por exemplo) e medidas para proteger a indústria nacional.
Para a entidade essa “prescrição” certamente poderia ser aprimorada com uma redução definitiva efetiva e generalizada do IPI para todos os setores. A entidade também vê com preocupação medidas “contrabandeadas” nos pacotes de manutenção do nível de atividade. Mais precisamente assustam as medidas que camuflam intenções protecionistas que vão prejudicar o consumidor e o desempenho de longo prazo do País sob o véu da defesa do emprego e do consumo.

O ritual de sobe e desce continua...e continuará

Já faz um bom tempo que os mercados estão invertendo os sinais semana após semana. Claro, o objeto desse fenômeno é a situação na Europa, que continua bastante complicada. Na realidade, continua e continuará bastante complexa por muito tempo. Não há porque esperar que a situação dos 27 países do bloco europeu e dos 17 que contam com a moeda única, seja resolvida em breve. O problema é tão grande quanto a economia do Bloco, portanto, a solução necessária também deverá ser proporcionalmente complicada e demorada.
Nosso boletim tem alertado para o que chamamos de solução aos poucos. Claro, os sinais de que não haverá desintegração do Euro vão sendo dados. Ao mesmo tempo, novos problemas e divergências aparecem, como, por exemplo, o novo entrevero entre França e Inglaterra, mais especificamente entre o presidente francês e o primeiro ministro britânico. Essa situação é natural, dado que um processo de ajuste dessa magnitude traz além das complexidades técnicas, a necessidade de costuras políticas internas a cada país nada simples.
Nossas projeções são de que, um pacote completo de medidas jamais seja adotado, e, ao contrário, as medidas serão tomadas paulatinamente, o que, no final deve se configurar como um projeto concatenado, porém que será construído mesmo aos pedaços. Isso nos parece que tem ficado claro. A cada momento de maior tensão (quando as bolsas caem e o Euro apanha de outras moedas) segue-se um anúncio de adoção de medidas de certa importância. Após esses anúncios, seguem-se as avaliações de efeitos e, quase sempre, a percepção de que o que foi divulgado não dá conta de resolver toda a situação. E não deveria dar conta mesmo, pois as medidas estão buscando resolver problemas pontuais e ao mesmo tempo irem incrementando o arcabouço de medidas disponíveis até que, em determinado momento, a situação tenha sido totalmente controlada. É um processo incremental e não de saltos.
Finalmente, mas não menos importante, é o fato de a Alemanha ter como forte aliada neste  projeto de resgate/salvação do Euro e da comunidade, a França. São justamente as nações que tiveram problemas e disputas históricas muito profundas, e que, sem momentos de crise econômica, fizeram eclodir as duas maiores guerras do século passado. Esse fator não pode passar despercebido, pois já há profetas do apocalipse prevendo que essa crise europeia pode ir além da desintegração do Bloco, com efeitos no campo de conflitos internos aos países e também entre nações. Esse não parece um quadro provável, e sim uma aposta de alguém que quer atenção e vive do sensacionalismo. Claro, confrontos entre trabalhadores, polícia, grevistas, governos e embates ideológicos tendem mesmo a se exacerbar nesse momento, porém as principais lideranças do continente estão dando claros sinais que preferem o diálogo e o ajuste, ainda que custoso, do que os custos da desintegração e da perda da moeda única ou, pior, a deflagração de confrontos entre nações. Esse cenário está fora de nossas projeções, apesar de ser a crise econômica europeia mais profunda do pós Segunda Guerra Mundial.
Assessoria Técnica

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Existem sinais de desconcentração da atividade econômica

O PIB dos municípios de 2009 foi divulgado nesta semana. Com os dados disponíveis, fica mais fácil analisar com alguma exatidão o que ocorreu em cada cidade ao longo dos anos. Agora o País dispõe de uma série histórica de PIB de cada município de dez anos, o que permite essa avaliação mais apurada sobre desempenho de longo prazo.

Existia a expectativa de que a renda estivesse se deslocando para o interior do País, e, portanto, também para o  interior de São Paulo. A distribuição de renda ocorrida com a emergência de uma classe média mais robusta, já indicava que não só estava havendo deslocamento de consumo entre as camadas de renda distintas, mas também que esse processo seria mais intenso onde a renda média fosse menor. Ou seja, o deslocamento de consumo ocorreu entre as pessoas de classes de renda diferente, privilegiando o aumento do consumo nas Classes C e D, e também deslocou o foco desse crescimento dos grandes centros, um pouco mais para o interior. Evidentemente, essa era uma conclusão lógica, ainda que sem demonstrações contábeis. Era lógica, pois, se a concentração de pessoas nas Classes C e D de renda era maior fora dos grandes centros, a emergência destas classes somente poderia levar à emergência do interior.
O quadro abaixo mostra que, no Estado de São Paulo, a RMSP formada por 39 municípios ainda detém o maior volume de consumo em relação às outras regiões. Separamos o estado em três partes: Litoral, com 15 municípios, RMSP com seus 39 municípios e Interior com os restantes 591 municípios de um total de 645 no Estado.


O que se nota claramente é que houve forte crescimento do PIB do Estado em uma década, mas que tanto o litoral quanto o interior obtiveram taxas de crescimento um pouco maiores ao longo deste período. A RMSP ainda responde por mais de 50% do PIB do Estado (56,5%), mas chegou a representar muito mais no passado. Isso não quer dizer que a capital e os municípios do entorno pararam de crescer, quer apenas dizer que houve uma desconcentração deste crescimento. Para sermos mais precisos, o PIB nominal do Estado cresceu a uma taxa de 11% ao ano, enquanto a RMSPO cresceu 10,6%, o interior 11,4% e o litoral 12,6%.
Esses resultados mostram que o processo de desconcentração é longo e gradual, como era de se esperar. Na realidade as taxas de crescimento ainda são muito próximas, mas em 10 anos isso foi suficiente para deslocar um pouco o foco da capital. Com a tendência de que se mantenha o processo de distribuição de renda e com investimentos importantes a serem feitos no litoral paulista por conta do pré-sal é muito provável que, na próxima década, esse fenômeno continue a ocorrer.

Nossa tese de que o PIB estaria se deslocando era calcada apenas na distribuição de consumo e de renda que vêm ocorrendo há alguns anos. Ora, se o consumo se desloca, as estratégias da iniciativa privada acabam se adaptando a isso e a oferta de produtos e serviços vai lentamente se interiorizando também. Esse processo acaba por deslocar não somente o consumo, mas também o PIB, conforme estamos vendo. Provavelmente o mesmo deve ter ocorrido em todo o País, o que será estudado em breve.

Assessoria Técnica

Orientações para limpar o nome

Algumas pessoas acabam deixando de pagar suas contas, seja porque aparecem alguns imprevistos no mês e as contas fogem do controle ou mesmo por descuido.

Então, acabam ficando com o "nome sujo", o que significa que estão com seu nome cadastrado nos órgãos de proteção ao crédito, como Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), Serasa, entre outros. Com o nome sujo o consumidor perde o cheque, não consegue crédito em instituições financeiras, não pode ser avalista e, principalmente, não pode fazer compras a prazo.
Para saber se seu nome está sujo acesse: www.maisconsultas.com ou vá pessoalmente ao SPC e Serasa em sua cidade.

Após receber a notificação ou telefonema informando a inadimplência, procure a empresa a qual você está devendo e negocia quitação de sua dívida;
Você terá um prazo de dez dias para fazer isso, antes que seu nome seja registrado na Serasa e/ou no Serviço de Proteção ao Crédito – SPC;

Depois da confirmação do pagamento da primeira parcela em 24 horas seu nome será retirado da lista de devedores;
Se você não receber a notificação, descubra para qual empresa você está devendo e qual é o valor desta dívida; e

Outra opção é procurar o SPC ou Serasa e pedir um extrato de todas as suas dívidas em aberto em entidades associadas, como as Associações Comerciais, por exemplo. Procure então os credores e negocie os pagamentos;
Quando já há protesto em seu nome, vá até o cartório que registrou o protesto e peça os dados de quem o protestou. Entre em contato com o estabelecimento, regularize sua dívida e solicite uma carta que afirme que sua dívida foi quitada. Pessoas físicas também podem pedir protesto. Retorne ao cartório que registrou o protesto, apresente a carta e peça o cancelamento.

Assessoria Técnica

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Alimentação puxa alta do IPCA

Até novembro de 2011, o medidor oficial da inflação brasileira apresentou incremento médio mensal de 0,52% sem registrar qualquer variação negativa ao longo de 11 meses. Para finalizar o ano dentro do teto da meta estipulada pelas autoridades monetárias (6,5%), deverá fechar o último mês do ano com, no máximo, 0,50% de alta, ligeiramente abaixo dessa média.
Uma avaliação mais aprofundada da composição do indicador nos leva a crer que este comportamento tem sido influenciado, de maneira contundente, pelas condições climáticas pouco favoráveis. Este cenário de clima incerto compromete o desempenho da safra de muitos produtos, reduzindo sua oferta no mercado e elevando os preços finais destes bens. Prova disto é que as maiores contribuições para altas no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) são oriundas das variações ocorridas neste setor, especialmente em produtos in natura. O segmento de Alimentação, cujo peso no indicador é de aproximadamente 23%, já acumula alta de 5,97% em 2011.
Enquanto algumas frutas, verduras e legumes têm oscilado em magnitudes significativas, como a mandioca, por exemplo, que atinge variação acumulada de 50,64% em 2011, a chegada das temperaturas mais amenas, a incidência de chuvas e o aumento da área plantada permitem um desenvolvimento mais adequado de outras culturas como o alho, feijão fradinho e a laranja pêra, que recuam 29,75%, 22,38% e 17,16%, respectivamente, no mesmo período.
Por outro lado, não se pode deixar de notar que alguns serviços disputam a posição do topo da lista dos vilões do ano, como os preços das passagens de avião, por exemplo. Com 56,11% de alta no acumulado de janeiro a novembro de 2011, o resultado supera a variação acumulada de qualquer outro item do IPCA. Aliado ao reajuste no preço do querosene de avião – que representa cerca de 40% do custo das passagens - o aumento crescente da demanda doméstica tem surtido um efeito potencializador nesta tendência de preços mais pressionados.
Embora para cumprir a meta de inflação os preços tenham que ficar ligeiramente abaixo da média do ano, há muitos indícios de que os alimentos devem encerrar o período de altas persistentes em breve, pois as safras tem se desenvolvido de maneira muito positiva por conta de maiores investimentos, aumento de área plantada e melhora significativa das condições climáticas com o aumento das temperaturas e das chuvas nos últimos meses. A crise europeia também ainda não relevou de que forma deve encurtar sua demanda por commodities e por conta disto, os preços nos mercados internacionais estão em tendência de ligeira queda e, consequentemente, tendem a pressionar para baixo os preços internos neste momento.
De qualquer forma, o Governo não pode esquecer que além de perseguir metas de inflação utilizando instrumentos de política monetária, deve priorizar em sua agenda a melhoria efetiva das condições de oferta de uma economia, de forma a minimizar descompassos entre oferta e demanda, reduzindo ao mínimo o temor da volta da inflação e possíveis pressões de demanda. No caso de alimentos, por exemplo, um grupo muito importante na formação do indicador de inflação, os custos de transporte são bastante relevantes na formação do preço final.
Além de estimular o consumo de bens por meio de incentivos fiscais, é imperioso que haja investimento em setores específicos e que impactam de forma significativa na formação dos preços da economia. De qualquer forma, nossa expectativa é de que o IPCA vá terminar 2011 no limite, um pouco abaixo dos 6,50%.

Assessoria Técnica

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Como variam as variáveis

Para um analista econômico ou um estatístico, algumas perguntas são até engraçadas. Quando alguém pergunta por que o Ibovespa está indo e vindo tanto, por que uma semana em alta e logo na outra em baixa e, assim sucessivamente, a resposta é simples: porque o Ibovespa depende de muitas variáveis, como setor externo, desempenho das empresas, juros interno e internacionais, taxa de câmbio etc. Logo após essa primeira resposta, o interlocutor emenda: mas por que essas variáveis variam tanto? Bom, sendo educados, os analistas tendem a explicar que é assim mesmo, que de acordo com as circunstâncias que se apresenta, a tendência é variar mesmo, e essa faixa de variação muito larga (um ativo subir muito e cair muito de preço em um curto espaço de tempo) tem o nome de Volatilidade. Um analista mais mal educado diria: bom, se chamamos as variáveis por esse nome, é justamente porque variam, não são constantes.

Explicações à parte, o fato é que essa volatilidade está muito grande. Bom, para quem opera diariamente com isso, ruim para o investidor de longo prazo. O Ibovespa tem variado entre 50 mil e 55 mil pontos desde o final de outubro, e aparentemente, não vai mudar muito de ritmo no curto prazo. Hoje, o principal fator para mexer com o humor das bolsas (não só no Brasil) é a situação europeia, e essa variável não deu sinais de que vá se acomodar nos próximos meses. Para nós o caminho que está sendo trilhado é o que prevíamos e tende a ajustar de forma bem razoável os problemas, ou seja, não prevemos uma ruptura na moeda europeia ou na unidade daquela economia formada por 27 países, sendo 17 com moeda única, o Euro. O quadro abaixo mostra que, o pior momento destes últimos tempos ocorreu em agosto, como resposta ao grande susto que a Grécia deu no mundo, parece mesmo ter ficado para traz. De lá para cá o gráfico parece um eletroencefalograma.

De qualquer maneira, parece muito óbvio que a tendência clara de queda de longo prazo que prevaleceu desde o final de 2010 não está mais presente nestes últimos meses. O cenário que traçamos é exatamente esse: deve haver uma recuperação lenta e gradual, que ocorrerá aos “trancos” ao longo de todo o ano que vem, se o ajuste europeu for parecido com o que estamos prevendo.

Na semana, o movimento foi de pouca alteração em relação à semana anterior no resultado final, porém, ao longo dos dias houve bastante volatilidade, conforme se pode notar nos gráficos. Esperamos que esse comportamento seja a única coisa constante nos mercados financeiros por um bom tempo.



Assessoria Técnica

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Diárias de hotel no Brasil vão subir 20% no início do ano, segundo especialistas

Não precisa ser especialista e nem mesmo esperar o ano que vem para notar que o setor de Turismo está demasiadamente aquecido, principalmente em grandes centros, em especial, em São Paulo. As estimativas são de aumento de 20% logo em janeiro e no segundo semestre haverá outros reajustes de 30% sobre os preços. No total, fala-se de um aumento de 50% nos preços das diárias.

Na realidade, estas são perspectivas e projeções, que podem ou não se confirmar, e que seu grau de acerto é bastante duvidoso. Porém, é fato que esses custos estão pressionando o orçamento nas grandes cidades, principalmente na capital paulista. Somente neste ano, em 11 meses, o custo das diárias de hotéis capital paulista, subiu quase 18%. Isso é reflexo do aumento rápido da demanda pelos serviços de hotelaria que não foi acompanhado pelo respectivo aumento da oferta. Na realidade, não havia projeções tão otimistas para o País há quatro ou cinco anos, quando deveriam ter sido iniciados vários investimentos em diversos segmentos. Hotelaria é um destes setores para os quais claramente não houve a atenção devida nem do setor público e nem do setor privado.
No caso específico de São Paulo, o que ocorre é que grande parte dos negócios feitos no Brasil, é fechada na capital. Hoje, a cidade de São Paulo é a capital não oficial do hemisfério sul. Dentre os BRICs certamente a ordem de importância percebida é China e depois Brasil, muito atrás Rússia e Índia. Disso decorre que o País recebe cada vez mais turismo de negócios, que, em grande medida chegam a São Paulo. É válido dizer que esse fenômeno não deveria ser uma grande surpresa e muitos analistas já antecipavam essa onda há muito tempo. Todavia, sempre parece que somos surpreendidos. Nosso receio é que a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos também nos peguem de surpresa, apesar de já sabermos que receberemos esses eventos há um bom tempo.

Esse despreparo, essa falta de investimentos em nível adequado é função de uma série de questões: falta de uma política fiscal que estimule investimentos ao invés de consumo, redução da carga tributária, melhoria das condições das relações trabalhistas, que ainda são ruins e desestimulam a geração de emprego, a falta de segurança jurídica (aspecto que até tem melhorado) e a famosa falta de infraestrutura básica. No caso de investimentos que requerem novas construções, como o sistema hoteleiro, as aprovações são uma verdadeira armadilha. Basicamente é impossível conseguir um rito de aprovações adequado, seja por conta das regras municipais, seja por conta de licenças ambientais que estão indo muito além de proteger o meio ambiente, e acabam por desencorajar o desenvolvimento.
Se já há falta de quartos em São Paulo que está justificando essa forte alta nos preços de hospedagem, o que será que vai acontecer com o País nos próximos anos?  Não só em razão dos eventos esportivos. A percepção da FecomercioSP é de que o País vai crescer de forma sustentada por um período bastante longo. Neste meio tempo, o País continuará a atrair muitos negócios e, claro, negociantes. São Paulo já está em definitivo na rota dos melhores lugares do mundo para se fazer negócio, já é a capital dos negócios neste hemisfério. Seria muito bom se tivéssemos lugar para todos ficarem com conforto quando vierem fechar uma nova transação aqui.

Assessoria Técnica

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Agropecuária em foco

O Índice de Preços no Varejo (IPV), calculado mensalmente pela FecomercioSP, revelou ao longo de 2011 - repetindo o comportamento notado em 2010 - a influência dos preços agrícolas e da evolução das safras para a formação de preços no varejo. Por terem uma participação elevada na composição do índice geral, as flutuações nos preços destes bens tendem a impulsionar de forma mais pronunciada o resultado final do indicador. Por conta disto, quinzenalmente, o blog passará a acompanhar mais próximo o desempenho da agricultura brasileira e mundial para tentar antecipar impactos altistas ou baixistas nos preços das commodities e dos produtos in natura.

Embora haja uma sensação de cautela por conta da crise na Europa, a China já sinalizou que não deve reduzir sua demanda por grãos como soja, trigo e milho. Com os anúncios, os preços na Bolsa de Chicago voltaram a se elevar. No mercado interno, entretanto, a alta de preços ainda não foi sentida. Para o setor agropecuário, as notícias são animadoras:
Carne: com a chegada da primavera, há maior ocorrência de chuvas e elevação das temperaturas e, com isso, as pastagens se desenvolvem bem nas regiões produtoras. A recuperação das pastagens aumenta a disponibilidade de alimentação para os produtores e deve repercutir como incremento na oferta de animais para corte, revertendo o cenário de confinamento, oferta restrita e preços pressionados. Outro fato importante a ser destacado sobre o mercado das proteínas animais é a suspensão temporária que o Serviço Federal de Fiscalização Veterinária e Fitossanitária da Rússia fez para um importante exportador brasileiro em virtude da presença da bactéria Escherichia coli. Atualmente existem 84 locais brasileiros que estão autorizados a exportar para o país.

Grãos: o plantio das primeiras safras de feijão para o próximo ano registrou queda que, de acordo com especialistas, somente será restabelecida em um ano. A Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) estima que a produção deva recuar 9%, já que área plantada foi reduzida por conta de culturas mais valorizadas como a soja, por exemplo. Embora o estoque nacional de feijão em dezembro seja inferior em 60 mil toneladas ao de dezembro de 2010, os preços no mercado não deverão se elevar de forma significativa, pois ainda há estoque para atender cerca de 2 meses de consumo.

Na Argentina, um dos principais polos exportadores de milho, a situação climática garante uma evolução positiva da safra. A estimativa da Bolsa de Cereais de Buenos Aires indica que a próxima safra deve bater recorde e garantirá um fôlego maior nos estoques mundiais e, consequentemente, dará alívio nos preços. Até aí, tudo parece boa notícia... Entretanto, não se pode esquecer que a produção nacional tende a encarecer por conta dos custos de transporte - o que compromete a competitividade da mercadoria nacional - prejudicando os produtores.

Frutas: com recorde de produção em 2011, os produtores de frutas cítricas estão enfrentando uma situação pouco favorável em termos de preços, graças ao encurtamento da procura dos Estados Unidos por suco de laranja e a estabilidade da demanda na Europa. Com isso, os embarques foram reduzidos e há excesso de oferta no mercado interno. Especialistas afirmam que os preços estão 50% abaixo dos praticados em 2010.

Canaviais: o blog reforça a preocupação com o término da moagem da cana de açúcar, previsto para novembro, em várias regiões produtoras. O excesso de chuvas prejudicou a produtividade da matéria prima, pois reduziu a concentração de açúcares na planta. Do volume produzido, cerca de 51% foi destinado à produção de etanol - 38% para o etanol anidro e 61% para o etanol hidratado. Com a estagnação no preço do açúcar nos mercados externos a produção passa a ser direcionada a mercados mais valorizados.

Em resumo, os próximos meses devem ser, em média, de alívio nos preços que chegam do setor agropecuário, segmento extremamente importante na composição dos índices de preços no Brasil, inclusive o IPCA - índice oficial monitorado pelo sistema de metas inflacionárias.


Assessoria Técnica

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

As maiores economias do mundo em 2011 serão as maiores economias do mundo em 2020

Hoje, o PIB global ronda a casa dos US$ 60 trilhões, dos quais US$ 15 trilhões são produzidos nos Estados Unidos (a maior economia do mundo) e US$ 6,5 trilhões na China (a segunda maior economia do mundo). Além de Estados Unidos e China, antes do Brasil em termos de PIB, temos o Japão, a Alemanha, a França, a Inglaterra e a Itália. Provavelmente, em uma década a ordem será: Estados Unidos, China, Japão, Alemanha e Brasil, e depois França, Inglaterra e Itália. De qualquer forma, o quadro mundial não vai mudar tanto assim. Vamos tomar as três maiores economias globais hoje (que serão ainda as três maiores economias em 2020) e o Brasil. A tabela abaixo é bastante ilustrativa.

Segundo as estimativas mais razoáveis, e também com números arredondados, essas quatro economias representam 49% do PIB global e em 2020 vão representar 51% de tudo que for produzido no planeta. Somando-se as oito maiores economias do mundo, a produção atinge hoje 66% do total global e tende a ser 68% desse total em uma década.  Não é uma mudança tão grande assim. Na realidade, a mudança efetivamente está ocorrendo na participação do produto entre as maiores economias, ou seja, Brasil e China completarão o grupo das cinco maiores economias do mundo em uma década. Quem está mudando efetivamente de posição e ganhando importância geral é a China, que está tirando uma pequena porção da importância de cada um dos  maiores países do mundo. Em menor escala e mais lentamente, o Brasil está também caminhando para ultrapassar outras economias como Itália, Inglaterra e França, mantendo ainda uma distância significativa das outras grandes potências econômicas globais.
No caso chinês, o aumento da participação no PIB global se deve a uma estratégia de desenvolvimento voltado para fora, com aumento brutal da entrada de reservas, utilização maciça de mão de obra barata e baseado na produção de bens de consumo em escala colossal para abastecer quase que todos os mercados consumidores relevantes. No caso do Brasil, para nossa sorte, o modelo de nosso crescimento está hoje um passo à frente, baseado em um mercado interno muito poderoso. A classe média forte e ascendente pode garantir ao Brasil mais de uma ou duas décadas de crescimento sustentado, superior à média global e dos países desenvolvidos. A China será a segunda economia do mundo, com sua participação no PIB global saltando de 11% para 15%.

O Brasil vai passar de 3,7% para 4,1%. Aparentemente o sucesso chinês é maior, mas o quadro muda muito quando comparamos as rendas per capitas em questão. Ao final de mais 10 anos a China terá atingido uma renda per capita de US$ 5 mil e o Brasil estará atingindo US$ 16,5 mil, mais de três vezes maior do que nosso principal concorrente pelo espaço global hoje. Nosso modelo só é mais lento porque partimos de uma base econômica e social mais desenvolvida.

Assessoria Técnica

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

PIB cresce em linha com as projeções da FecomercioSP

Os mercados começaram o ano projetando um crescimento do PIB de quase 5%. Naquele momento a FecomercioSP previa 3,5%. Quando, ao final do primeiro semestre ficou evidente que a economia estava desacelerando, as projeções foram ajustadas para baixo.

O mercado aceitava 4% e a FecomercioSP também fez um pequeno ajuste de 3,5% para 3%, projeção que perdura até o momento. O diferencial de projeções se baseava apenas na crença que os técnicos da entidade tinham nos efeitos das políticas macroprudenciais (ajustes recessivos, para usar um termo que não seja eufemismo). Também compunham nosso cenário os chamados efeitos estatísticos de base, ou seja, o crescimento no segundo semestre era para ser menor mesmo, dado que o PIB havia atingido um patamar muito elevado e mostrava desaceleração do ritmo de crescimento já no final do ano passado. Base forte no final de 2010, desaceleração na margem e medidas de aperto monetário e de crédito sugeriam crescimento bem mais modesto do que em 2010, nas nossas contas, 3%.
Na realidade o ritmo de crescimento no terceiro trimestre de 2011 foi de 2,1% em relação ao mesmo período de 2010.  Com isso, o PIB cresceu 3,7% em 12 meses e 3,2% nos nove primeiros meses de 2011 comparados com os nove primeiros meses de 2010. Isso confirma que a desaceleração é um fato e só pode ser efeito das medidas que em 2010 foram utilizadas em meio ao medo de um superaquecimento e de inflação. Bom, as medidas funcionaram e o que acabou complicando a situação foi o fato de que as economias desenvolvidas surpreenderam o mundo de forma negativa, principalmente a Europa, que está envolvida em uma crise de dívidas soberanas sem precedentes, e isso reduziu o ritmo da economia global. Como o Brasil hoje tem um grau de abertura ainda pequeno e seu mercado interno é relevante para a produção nacional, os efeitos domésticos foram menores, mas estão presentes. Tanto que o governo adotou uma postura exatamente oposta neste final de ano àquela que havia adotado no final de 2010.

Nossa expectativa é de que as medidas de estímulo adotadas nestes últimos dias venham a fazer efeito em 2012. Exatamente no sentido oposto do que prevíamos para 2011, o ano que vem deve começar crescendo a um ritmo de 1,5% a 2% no máximo, mas vai acelerar fechando o ano com crescimento próximo de 3%, mas rodando no final do ano a um ritmo de 4,5% ou um pouco mais. Aproveitando o ensejo, nossas projeções para 2012 são de um crescimento de 3% também (pode ser um pouco maior), mas não está em nossas contas, por exemplo, uma surpresa positiva com relação às economias globais, o que elevaria a taxa de crescimento. Nosso cenário é basicamente composto na manutenção do mercado interno bastante ativo, como função das políticas de estímulo ao crédito e ao consumo. Também se baseia nas dificuldades que ainda vão persistir no cenário externo, principalmente na Europa. Estados Unidos vão mostrar sinais mais claros de recuperação, mas não a ponto de reverter o quadro global já em 2012. Será um ano de fraco crescimento no mundo todo, com alguns países se saindo melhor, como será o caso do Brasil e da China. Essa nossa posição de crescimento modesto, porém maior do que a média global, é muito importante para manter nossa taxa de desemprego baixa e a atratividade de investimentos que ainda vão render muitos frutos por talvez mais de uma década.

Assessoria Técnica

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Final de ano é tempo de organizar as finanças para se livrar das dívidas

O Natal se aproxima e o consumidor já faz planos para as compras de final de ano. O consumidor já tem parte de sua renda comprometida com dívidas assumidas e é bom lembrar que, além das compras de Natal, deve considerar os gastos de início de ano, que são inevitáveis e, em boa parte, previsíveis. O importante é colocar seus débitos em dia e ter seu nome excluído do cadastro de inadimplentes. Com o nome sujo o consumidor perde o cheque, não consegue crédito em instituições financeiras e, principalmente, não pode fazer compras a prazo.
Algumas dicas são importantes para lidar com a renegociação de suas dívidas:

Para dívidas futuras:

1. Levante todas as informações de gastos do orçamento doméstico, identificando os custos fixos e outros que possam ser previsíveis;

2. Priorize as suas despesas, listando suas necessidades de consumo e identificando as que possam ficar para depois;
3. Identifique as condições dos financiamentos, compare taxas e prazos. Somente tome crédito se realmente for necessário;

4. Caso a renda mensal esteja muito comprometida procure condições de pagamento alongadas, evitando os juros do cartão de crédito que são os mais caros (238% a.a. - ANEFAC nov.2011);

5. Evite utilizar o limite do cheque especial. As taxas de juros cobradas são mais caras do que as linhas de empréstimo pessoal. Contudo, evite ficar sem o cheque, pois com o nome sujo ele será cancelado pelo banco e ainda pode ser uma alternativa em caso de urgência:

. Cheque Especial - 157,76% a.a.

. Empréstimo pessoal - 65,92% a.a.

(ANEFAC - Nov/11)

6. Reserve 30% da renda para imprevistos e gastos extras de início de ano.
7. Faça suas contas todos os meses considerando todos os compromissos assumidos e projetando novas parcelas a serem contratadas por financiamento. Faça uma previsão das receitas e equacione. Somente um bom controle financeiro permitirá a elaboração de um planejamento eficaz.


Orientações para limpar o nome

SPC e Serasa

Ficar com o “nome sujo”, o que significa que está com seu nome cadastrado nos órgãos de proteção ao crédito, como Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), Serasa, entre outros. Com o nome sujo o consumidor perde o cheque, não consegue crédito em instituições financeiras, não pode ser avalista e, principalmente, não pode fazer compras a prazo.
Para saber se seu nome está sujo acesse: www.maisconsultas.com ou vá pessoalmente ao SPC e Serasa em sua cidade.


Caso o consumidor ainda não esteja com o nome protestado

Para dívidas existentes:

1. Para pagamento priorize as dívidas vitais, tais como moradia, alimentação, luz, água e outras básicas.

2. Procure conhecer as condições de suas dívidas, taxas cobradas e destaque as que apresentam taxas de juros mais elevadas;

3. Verifique de que maneira é possível quitar as dívidas mais caras, seja com recursos extras que deverão entrar, tais como a primeira parcela do 13º salário e recursos do primeiro lote de restituições. Procure se livrar dessas dívidas cujos juros elevados acabam por consumir seu orçamento;

4. Caso não seja possível, verifique é viável contratar outro financiamento, com taxas reduzidas, a fim de liquidar dívidas mais caras, mas faça apenas um, se não ficará com vários financiamentos em aberto;

5. Avalie, em casos extremos, se algum bem da família poderia ser vendido a fim de quitar os financiamentos mais caro.

Caso o consumidor já esteja com o nome protestado

1. O consumidor deve procurar seu credor, apresentar suas condições e possibilidades. Deve solicitar um extrato do que está sendo cobrado, além do principal. Juros de mora, multa e juros por atraso podem ser praticados;

2. As parcelas mensais renegociadas devem caber no bolso do consumidor. Na medida do possível, solicite prazos alongados e juros reduzidos para que o valor da parcela não comprometa demais o orçamento. Pague à vista somente se tiver condições e se o desconto for expressivo;

3. Passadas 24 horas da quitação da primeira parcela, o nome do consumidor deve ser retirado do cadastro de restrição de crédito. Caso isso não ocorra, deve-se procurar um órgão de defesa ao consumidor e registrar a reclamação;

4. Para obter mais informações, o endividado pode procurar o Idec ou Procon de sua cidade, ou consultar o Código de Defesa do Consumidor.

Uma semana de boas notícias, mas cuidado, nada está definido

Numa semana em que os europeus deram um forte sinal de que entenderam que vão ter de sujar as mãos para sair do atoleiro, o mercado recebeu essa notícia com otimismo. Bom, pelo menos algo será feito. Só por isso a bolsa em São Paulo subiu 5,5% e o dólar caiu 5,2% na semana. Basicamente o que mudou é que se iniciaram algumas conversas a respeito do papel do Banco Central Europeu (BCE) e também é oficial a possibilidade de alguns dos mais importantes bancos centrais do mundo, inclusive o Fed dos Estados Unidos e o BOJ do Japão, atuarem em conjunto. Essa atuação era chamada de orquestração. Ainda pairam muitas dúvidas sobre os rumos da Europa e sobre os efeitos dessas novas metas de atuação conjunta. As principais dúvidas são:
1.         Os Bancos Centrais vão de fato adotar medidas que aumentem as linhas de crédito de imediato para as necessidades urgentes?
2.         O acordo é factível ou não existem condições de operacionalização para linhas de crédito e de empréstimos flexíveis inter Bancos Centrais?

3.         Os europeus entenderam de fato o risco de deixar desmoronar o Euro?

Para nós, em geral as chances de funcionamento são grandes e amplas, porém, não sem antes muitos meses de ajustes e resgates de emergência à moda antiga ao longo do caminho. O fato de terem essas economias percebido a necessidade de firmarem um acordo mais explícito de colaboração em que constassem ações efetivas para que não haja falta e/ou empoçamento de liquidez, é o diferencial neste momento. Conforme estamos alertando há tempos, nenhuma solução será indolor ou incontestável. Também a hipótese de que os ajustes fiscais na Europa sejam feitos sem problemas políticos sérios internos a cada país, é nula.
A retomada do crescimento na Europa pode demorar alguns anos e nos Estados Unidos deve começar em 2012, porém ainda lentamente. A redução do desemprego é ainda mais problemática e demorada. Na realidade os problemas sociais e políticos internos de cada país são função direta da taxa de desemprego, ou seja, medidas de ajuste, tradicionalmente recessivas, serão fortemente contestadas e isso deverá gerar o crescimento dos movimentos de oposição na Europa. Também é esperado um acirramento dos movimentos nacionalistas, outro efeito colateral muito normal. Neste momento o nacionalismo que deve se exacerbar é o de direita, visto que em sua maioria foram os governo de orientação de esquerda que levaram a Europa a esse momento.

Na realidade foram medidas de esquerda de pouco controle de gastos e exagero de benefícios sociais (welfare) que trouxe a Europa para essa posição. A contraposição com os Estados Unidos não é bem válida, pois foram as mesmas famílias de medidas que complicaram a equação em uma economia pujante. Foram gastos enormes em um esforço de guerra que completa quase 10 anos. A grande diferença é que nos Estados Unidos foi a direita que exagerou nos gastos. Neste momento, um governo democrata não está tendo muito clara essa visão de que o ajuste deve ser feito com a redução do Estado, o que retarda a resolução da questão. Ironicamente têm sido governos Republicanos que atuam para descontrolar as contas públicas (Bush pai, por exemplo) e Democratas para organizar a casa fiscal (Clinton, por exemplo). O presidente Obama tinha tudo para repetir a receita de sucesso, mas preferiu alguns caminhos mais demagógicos como culpar os ricos e o mercado financeiro unicamente e projetar mais gastos pagos com mais tributos sobre fortunas. Caminho errado, se for definitivamente adotado, e essa pode ser a diferença de uma recuperação mais rápida e robusta e um martírio mais prolongado das economias globais.



Assessoria Técnica

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Governo tenta garantir nível de consumo

As medidas que o governo adotou nesta semana para estimular o consumo, são, de forma geral, uma repetição da fórmula que já deu certo após a crise deflagrada com a quebra do Lehman Brothers em 2008. Deu certo, pois grande parte das economias do mundo caiu em forte recessão em 2009, enquanto que o Brasil foi um dos poucos países a não viverem esse processo tão forte apesar da desaceleração. Mais importante é que, já ao final de 2009, com apenas um ano de crise global aguda, o País já mostrava sinais de que iria crescer aceleradamente, como de fato ocorreu já em 2010. Essa é a receita que estão usando e acreditamos que os efeitos de fato sejam muito parecidos.
As principais medidas estão calcadas na redução específica e pontual de IPI para alguns produtos e outros tributos sobre não duráveis como trigo, seus derivados, e massas. São elas:

Redução de impostos da linha branca para:

As medidas valem também para os estoques que já estão nas lojas e vão vigorar até 31 de março de 2012. Complementam as medidas desta quinta-feira:
PIS/Cofins sobre o trigo, a farinha do trigo e o pão francês, continua reduzida de 9,25% para 0% até o fim de 2012. Antes, a redução estava prevista para acabar este ano;

PIS/Cofins cobrado sobre as massas (macarrão, por exemplo) passou de 9,25% para 0%. A medida vale até junho de 2012. Essa medida irá gerar desoneração de R$ 284 milhões;

Corte do IOF sobre crédito ao consumidor (como cheque especial e financiamentos), de 3% para 2,5%;
Fim do IOF de 2% em aplicações de estrangeiros na Bolsa;

Redução de tributos do programa Minha Casa, Minha Vida, de 6% para 1% em imóveis de até R$ 85 mil.
Essas medidas, na realidade, são os complementos que já esperávamos às ações do Banco Central como reduzir a Selic, os compulsórios e as exigências de cobertura de crédito. Na opinião da FecomercioSP o efeito maior se dará sobre os preços da Linha Branca, com as quedas variando em média de 3% a 5%. A tabela abaixo ilustra os casos mais prováveis, a depender da margem bruta praticada pelas lojas.


Os efeitos dessas medidas não se restringem, especificamente, ao aumento ou não de vendas de fogão, geladeira ou máquinas de lavar roupa. Muito mais importante, ainda que não haja aumento expressivo nas vendas, é o fato de que um volume bastante grande de tributos não será cobrado, permanecendo no bolso dos consumidores, que saberão gastar muito melhor do que o governo e isso deve estimular a economia, no seu conjunto. Agora, se isso é verdade em tempos de crise, será que não vale para todos os anos? Seria uma bela ideia propor que o governo pense em derrubar a carga tributária de forma mais ampla e definitiva. Muito provavelmente o nível de atividade fosse crescer e compensar uma eventual perda de arrecadação. Vale a pena tentar.
Assessoria Técnica