Embora haja uma sensação de cautela por conta da crise na Europa, a China já sinalizou que não deve reduzir sua demanda por grãos como soja, trigo e milho. Com os anúncios, os preços na Bolsa de Chicago voltaram a se elevar. No mercado interno, entretanto, a alta de preços ainda não foi sentida. Para o setor agropecuário, as notícias são animadoras:
Carne: com a chegada da primavera, há maior ocorrência de chuvas e elevação das temperaturas e, com isso, as pastagens se desenvolvem bem nas regiões produtoras. A recuperação das pastagens aumenta a disponibilidade de alimentação para os produtores e deve repercutir como incremento na oferta de animais para corte, revertendo o cenário de confinamento, oferta restrita e preços pressionados. Outro fato importante a ser destacado sobre o mercado das proteínas animais é a suspensão temporária que o Serviço Federal de Fiscalização Veterinária e Fitossanitária da Rússia fez para um importante exportador brasileiro em virtude da presença da bactéria Escherichia coli. Atualmente existem 84 locais brasileiros que estão autorizados a exportar para o país.Grãos: o plantio das primeiras safras de feijão para o próximo ano registrou queda que, de acordo com especialistas, somente será restabelecida em um ano. A Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) estima que a produção deva recuar 9%, já que área plantada foi reduzida por conta de culturas mais valorizadas como a soja, por exemplo. Embora o estoque nacional de feijão em dezembro seja inferior em 60 mil toneladas ao de dezembro de 2010, os preços no mercado não deverão se elevar de forma significativa, pois ainda há estoque para atender cerca de 2 meses de consumo.
Na Argentina, um dos principais polos exportadores de milho, a situação climática garante uma evolução positiva da safra. A estimativa da Bolsa de Cereais de Buenos Aires indica que a próxima safra deve bater recorde e garantirá um fôlego maior nos estoques mundiais e, consequentemente, dará alívio nos preços. Até aí, tudo parece boa notícia... Entretanto, não se pode esquecer que a produção nacional tende a encarecer por conta dos custos de transporte - o que compromete a competitividade da mercadoria nacional - prejudicando os produtores.
Frutas: com recorde de produção em 2011, os produtores de frutas cítricas estão enfrentando uma situação pouco favorável em termos de preços, graças ao encurtamento da procura dos Estados Unidos por suco de laranja e a estabilidade da demanda na Europa. Com isso, os embarques foram reduzidos e há excesso de oferta no mercado interno. Especialistas afirmam que os preços estão 50% abaixo dos praticados em 2010.
Canaviais: o blog reforça a preocupação com o término da moagem da cana de açúcar, previsto para novembro, em várias regiões produtoras. O excesso de chuvas prejudicou a produtividade da matéria prima, pois reduziu a concentração de açúcares na planta. Do volume produzido, cerca de 51% foi destinado à produção de etanol - 38% para o etanol anidro e 61% para o etanol hidratado. Com a estagnação no preço do açúcar nos mercados externos a produção passa a ser direcionada a mercados mais valorizados.
Em resumo, os próximos meses devem ser, em média, de alívio nos preços que chegam do setor agropecuário, segmento extremamente importante na composição dos índices de preços no Brasil, inclusive o IPCA - índice oficial monitorado pelo sistema de metas inflacionárias.
Assessoria Técnica
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