sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Mais uma vez, a Europa mexeu com os mercados

Para quem lê o blog, não há nenhuma surpresa. Quantas vezes o mercado financeiro (e outros mercados também) já se agitaram por conta de notícias extremamente positivas ou extremamente negativas vindas da Europa ou relativas às soluções ou complicações da atual crise? Inúmeras! Mas o que ocorreu que deixou todo mundo eufórico? Mesmo com a queda esperada dos juros, o dólar caiu durante esta quarta-feira, o Ibovespa e as bolsas em geral subiram forte e o clima mudou radicalmente. Na realidade nada mudou radicalmente de forma a justificar esse comportamento, mas o simples fato de que os mercados acreditam que a união de esforços entre Bancos Centrais pode funcionar bem, foi motivo suficiente para um dia de bons resultados. Para completar, até mesmo a China está adotando medidas para manter o consumo interno, o que é uma excelente notícia para nós brasileiros.

As principais notícias do dia:

1.         China vai reduzir compulsório, o que deve alavancar fortemente o mercado interno de crédito;

2.         Federal Reserve e Bancos Centrais do Canadá, Inglaterra, Japão, Suíça e Banco Central Europeu anunciaram ações coordenadas para mitigar impactos da crise;

3.         Os mercados no Brasil já esperavam que a Selic fosse cair de 11,5% para 11%.

No caso da China, o aumento de crédito possível por conta da redução dos compulsórios pode manter o ritmo de consumo interno crescendo cerca de 10% ao ano, o que manterá os preços de commodities em patamares elevados. Boa notícia em geral, mas para alguns setores da indústria isso pode ser entendido como a continuidade de um processo de valorização cambial que já perdura 2 anos.
No caso das ações coordenadas os efeitos são potencialmente grandes. Isso deverá impedir que haja empoçamento de liquidez de um lado e falta de recursos de outro. Foram assinados acordos para facilitar e baratear as transferências de recursos de um mercado para o outro e também reduzir os custos nas trocas entre moedas (swaps cambiais). Ironicamente, os elevados fluxos financeiros eram – erroneamente – identificados como uma das causas da crise. Na prática, os bancos centrais vão se ajudar uns aos outros e em cada região, vão servir para dar liquidez à empresas e bancos que eventualmente sejam solventes mas que estejam com pouca liquidez. Essa medida reduz muito a possibilidade de quebradeira de empresas e bancos, inclusive na Europa, onde a situação é complicada.

No Brasil a queda da Selic deve reforçar a ideia de que o governo está estimulando o consumo. Em parte esse efeito poderá ser medido já no Natal por conta da movimentação de vendas no varejo. Acreditamos que o Banco Central e o governo estão no caminho certo, dado que há um processo de desaceleração e de outro lado, temos munição e arsenal para combater esse processo, com poucos riscos inflacionários de fato.

Assessoria Técnica

Nenhum comentário:

Postar um comentário