O mercado aceitava 4% e a FecomercioSP também fez um pequeno ajuste de 3,5% para 3%, projeção que perdura até o momento. O diferencial de projeções se baseava apenas na crença que os técnicos da entidade tinham nos efeitos das políticas macroprudenciais (ajustes recessivos, para usar um termo que não seja eufemismo). Também compunham nosso cenário os chamados efeitos estatísticos de base, ou seja, o crescimento no segundo semestre era para ser menor mesmo, dado que o PIB havia atingido um patamar muito elevado e mostrava desaceleração do ritmo de crescimento já no final do ano passado. Base forte no final de 2010, desaceleração na margem e medidas de aperto monetário e de crédito sugeriam crescimento bem mais modesto do que em 2010, nas nossas contas, 3%.
Na realidade o ritmo de crescimento no terceiro trimestre de 2011 foi de 2,1% em relação ao mesmo período de 2010. Com isso, o PIB cresceu 3,7% em 12 meses e 3,2% nos nove primeiros meses de 2011 comparados com os nove primeiros meses de 2010. Isso confirma que a desaceleração é um fato e só pode ser efeito das medidas que em 2010 foram utilizadas em meio ao medo de um superaquecimento e de inflação. Bom, as medidas funcionaram e o que acabou complicando a situação foi o fato de que as economias desenvolvidas surpreenderam o mundo de forma negativa, principalmente a Europa, que está envolvida em uma crise de dívidas soberanas sem precedentes, e isso reduziu o ritmo da economia global. Como o Brasil hoje tem um grau de abertura ainda pequeno e seu mercado interno é relevante para a produção nacional, os efeitos domésticos foram menores, mas estão presentes. Tanto que o governo adotou uma postura exatamente oposta neste final de ano àquela que havia adotado no final de 2010.Nossa expectativa é de que as medidas de estímulo adotadas nestes últimos dias venham a fazer efeito em 2012. Exatamente no sentido oposto do que prevíamos para 2011, o ano que vem deve começar crescendo a um ritmo de 1,5% a 2% no máximo, mas vai acelerar fechando o ano com crescimento próximo de 3%, mas rodando no final do ano a um ritmo de 4,5% ou um pouco mais. Aproveitando o ensejo, nossas projeções para 2012 são de um crescimento de 3% também (pode ser um pouco maior), mas não está em nossas contas, por exemplo, uma surpresa positiva com relação às economias globais, o que elevaria a taxa de crescimento. Nosso cenário é basicamente composto na manutenção do mercado interno bastante ativo, como função das políticas de estímulo ao crédito e ao consumo. Também se baseia nas dificuldades que ainda vão persistir no cenário externo, principalmente na Europa. Estados Unidos vão mostrar sinais mais claros de recuperação, mas não a ponto de reverter o quadro global já em 2012. Será um ano de fraco crescimento no mundo todo, com alguns países se saindo melhor, como será o caso do Brasil e da China. Essa nossa posição de crescimento modesto, porém maior do que a média global, é muito importante para manter nossa taxa de desemprego baixa e a atratividade de investimentos que ainda vão render muitos frutos por talvez mais de uma década.
Assessoria Técnica
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