sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Existem sinais de desconcentração da atividade econômica

O PIB dos municípios de 2009 foi divulgado nesta semana. Com os dados disponíveis, fica mais fácil analisar com alguma exatidão o que ocorreu em cada cidade ao longo dos anos. Agora o País dispõe de uma série histórica de PIB de cada município de dez anos, o que permite essa avaliação mais apurada sobre desempenho de longo prazo.

Existia a expectativa de que a renda estivesse se deslocando para o interior do País, e, portanto, também para o  interior de São Paulo. A distribuição de renda ocorrida com a emergência de uma classe média mais robusta, já indicava que não só estava havendo deslocamento de consumo entre as camadas de renda distintas, mas também que esse processo seria mais intenso onde a renda média fosse menor. Ou seja, o deslocamento de consumo ocorreu entre as pessoas de classes de renda diferente, privilegiando o aumento do consumo nas Classes C e D, e também deslocou o foco desse crescimento dos grandes centros, um pouco mais para o interior. Evidentemente, essa era uma conclusão lógica, ainda que sem demonstrações contábeis. Era lógica, pois, se a concentração de pessoas nas Classes C e D de renda era maior fora dos grandes centros, a emergência destas classes somente poderia levar à emergência do interior.
O quadro abaixo mostra que, no Estado de São Paulo, a RMSP formada por 39 municípios ainda detém o maior volume de consumo em relação às outras regiões. Separamos o estado em três partes: Litoral, com 15 municípios, RMSP com seus 39 municípios e Interior com os restantes 591 municípios de um total de 645 no Estado.


O que se nota claramente é que houve forte crescimento do PIB do Estado em uma década, mas que tanto o litoral quanto o interior obtiveram taxas de crescimento um pouco maiores ao longo deste período. A RMSP ainda responde por mais de 50% do PIB do Estado (56,5%), mas chegou a representar muito mais no passado. Isso não quer dizer que a capital e os municípios do entorno pararam de crescer, quer apenas dizer que houve uma desconcentração deste crescimento. Para sermos mais precisos, o PIB nominal do Estado cresceu a uma taxa de 11% ao ano, enquanto a RMSPO cresceu 10,6%, o interior 11,4% e o litoral 12,6%.
Esses resultados mostram que o processo de desconcentração é longo e gradual, como era de se esperar. Na realidade as taxas de crescimento ainda são muito próximas, mas em 10 anos isso foi suficiente para deslocar um pouco o foco da capital. Com a tendência de que se mantenha o processo de distribuição de renda e com investimentos importantes a serem feitos no litoral paulista por conta do pré-sal é muito provável que, na próxima década, esse fenômeno continue a ocorrer.

Nossa tese de que o PIB estaria se deslocando era calcada apenas na distribuição de consumo e de renda que vêm ocorrendo há alguns anos. Ora, se o consumo se desloca, as estratégias da iniciativa privada acabam se adaptando a isso e a oferta de produtos e serviços vai lentamente se interiorizando também. Esse processo acaba por deslocar não somente o consumo, mas também o PIB, conforme estamos vendo. Provavelmente o mesmo deve ter ocorrido em todo o País, o que será estudado em breve.

Assessoria Técnica

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