quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Standard and Poors sempre um passo atrás

Famosa agência americana de classificação de risco, a Standard and Poors (S&P) rebaixou ontem a nota de 37 bancos americanos. Como se os mercados já não tivessem rebaixado estas e outras notas por conta própria. Cada vez mais parece necessária a criação de uma agência de classificação que dê nota às agências de classificação. O descrédito nas opiniões dessas entidades (inclusive as grandes como Moodys, S&P etc.) já não era pequeno antes da crise de 2007/2008. Sua situação ficou ainda pior quando sem que ninguém visse, em um curto espaço de tempo, o Lehman Brothers fosse à “banca rota”, quando ainda era classificado com as notas máximas das agências de risco.

Não fosse o evidente atraso nas alterações das classificações, que quase sempre ocorrem muito depois que o mercado isoladamente já antecipou o movimento, os critérios e notas atribuídas também são motivos de descrédito. Como explicar as diferentes graduações de dívidas soberanas existentes ainda entre muitos europeus com problemas de fluxo de caixa e basicamente já insolventes, em alguns casos, e países como o Brasil ou México que ainda detém notas inferiores a muitos países da zona do Euro. Normalmente a resposta está nos critérios. Bom, se os critérios para classificação estão sendo rigorosamente adotados (e não estão) e ainda assim existem essas distorções gritantes, então eles não valem de nada. Estamos avaliando os conceitos errados e atribuindo notas que não condizem com a realidade econômica dos países. Para que servem, então.
No tocante a empresas, a coisa fica ainda pior. O grau de subjetividade está cada vez maior e as condições objetivas basicamente não predominam em nenhum critério adotado. Tanto é assim que o episódio da quebra do Lehman Brothers ressaltou essa pouca consistência das agências que ainda classificavam pacotes de investimentos claramente podres como dignos de atenção. Inclusive, as conversas internas captadas nos e-mails de técnicos das agências tornaram muito evidentes que os cuidados com a classificação não eram assim tão sofisticados. Agora segue o rito da mesma maneira para o setor bancário. Entre os afetados pela decisão da S&P estão Bank of America, Citigroup, Goldman Sachs, Morgan Stanley e Wells Fargo, assim como os espanhóis BBVA e Santander e suas filiais no Brasil, México e Estados Unidos. Basicamente todos estavam fortemente “pendurados” com garantias ruins já em 2007. Também é fato que muitos desses estiveram à beira da falência entre 2008 e 2009, o que motivou um processo de fusões e aquisições sem precedentes na história, com grande participação dos Tesouros Nacionais. Quem, sendo especialista do setor financeiro está surpreso? Para que serve a classificação, então?

Como é comum acontecer com os rankings diversos - como os de Seleções de Futebol - quem conhece do assunto, normalmente discorda veementemente tanto do ranking, quanto dos critérios que são comumente usados para justificar os posicionamentos. A título de curiosidade, segue o último ranking de seleções da FIFA. Alguém pode crer em um ranking de futebol onde a Itália esteve por muito tempo atrás do Egito e agora Itália e Argentina figuram atrás da Croácia? Pois é, alguns rankings de risco são tão ou mais duvidosos do que isso.
Assessoria Técnica

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