Na realidade, o grande problema não está na taxa básica de juros, pelo menos para o consumidor. Claro, a queda da Selic é bem vinda para o consumidor que vai se beneficiar ligeiramente da redução dos custos de empréstimos, mas é muito mais importante para o País, que vai diminuir enormemente o custo de sua dívida pública, ainda muito vinculada a juros flutuantes de curto prazo.
Contudo, quando tratamos do assunto na ponta do consumidor, sob qualquer ângulo que se olhe (FecomercioSP, Banco Central, Anefac) o cenário não mudou tanto assim. As taxas de juros médias ao consumidor terminaram 2011 ao redor de 43,8%, o mesmo patamar do começo do ano passado, após ter chegado a mais de 47% em outubro. Ou seja, mesmo com a queda de juros recente, os consumidores ainda pagam excessivamente caro para obter um empréstimo. O pior é que, em algumas carteiras, como o crédito rotativo no cartão de crédito ou o cheque especial, as taxas permanecem em média estáveis há muito tempo. E estáveis na casa dos 150% a 240% ao ano, a depender do caso. Um estudo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) sobre os países latinos próximos como Argentina, Chile e Colômbia mostrou que a taxa para o financiamento no cartão de crédito não ultrapassa os 50% ao ano, ou seja, quase cinco vezes menor do que o nosso teto.Algo está errado no sistema financeiro brasileiro (ou algo está muito confortável para bancos e administradoras de cartões). Na visão da FecomercioSP, de nada adiantam os protestos, quase infantis, contra os grandes lucros dos bancos. A atitude realmente capaz de mudar algo é promover o aumento da competição no sistema financeiro. Em primeiro lugar, o mercado ainda é muito fechado, porém, e mais importante, o consumidor tem um papel preponderante nessa cruzada para que as taxas de juros caiam a um patamar civilizado. É o consumidor, em última instância, o responsável pelas altas taxas de juros. Afinal, é o consumidor que vai tomar crédito, que se deixa descontrolar e entra no cheque especial, que compra no rotativo do cartão de crédito. É ele também que basicamente se recusa a sentar com o seu gerente de banco ou credor para renegociar os termos de suas dívidas como prazos e juros.
Quando isso começar a ocorrer de forma massiva, certamente os bancos e credores terão que competir entre si por consumidores mais conscientes.Assessoria Técnica
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