quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Espaço para cair

Uma análise mais detida sobre os números do PIB e das principais atividades econômicas no Brasil, no Estado de São Paulo e na capital paulista, mostra que o processo de transformação econômica favorável ao setor de Serviços ainda tem um longo caminho a ser perseguido. Foram inúmeros os artigos e estudos escritos no âmbito da FecomercioSP que justificam a adoção de uma nova política econômica no Brasil que, em primeiro lugar, dê ao setor terciário o status que o setor merece. Em segundo lugar, que pense em um novo modelo educacional no Brasil que contemple as alterações dinâmicas e as necessidades do mercado de trabalho, ao invés de apenas reformar um modelo de conceito antigo, que foi adequado para o Brasil industrial pós Getúlio Vargas. O quadro abaixo mostra como a participação do setor de Serviços cresce na medida em que o PIB/Capita aumenta.
Neste sentido, o título é voltado para a constante – e recente – disposição do setor industrial em pressionar o poder público para adoção de medidas protecionistas, ou mesmo pelo seu esforço em capturar os formuladores de políticas econômicas. Esse fato fica evidenciado pela enorme distorção no fomento que o BNDES, por exemplo, faz ao setor Industrial em detrimento do setor de Serviços.  A indústria hoje representa menos da metade do emprego e do produto nacional que é gerado no terciário. Ou seja, as políticas tradicionais e protecionistas, além de prejudicarem o andamento da economia em seu todo e de reduzirem o bem-estar dos consumidores que se veem com menos opções e pagando mais caro, são, no final do dia, ineficazes e ineficientes. Essas políticas protecionistas, voltadas ao tradicional conceito de economia industrial, apenas atrasam o inevitável: o avanço do setor mais dinâmico da economia, em paralelo ao aumento de renda e consumo.  Por isso mesmo, podemos dizer que ainda há espaço para a indústria ver sua participação na composição do PIB cair.
Nos Estados Unidos, onde a indústria representa 22% do PIB e o setor de Serviços mais de 76%, o PIB per capita é, em termos arredondados, R$ 90 mil. No Brasil, o PIB per capita é de R$ 21 mil, no Estado de São Paulo R$ 34 mil, e na capital de R$ 44 mil. Parece evidente que, quanto maior a renda local, maior a participação do setor terciário no PIB. A relação causal é difícil de estabelecer. O setor de Serviços cresce por que a renda é alta ou a renda é alta porque o setor de serviços é preponderante na região? Essa pergunta tipo “Economia Tostines” tende a ser respondida assim: na realidade os fenômenos ocorrem em paralelo. Portanto, se o Brasil hoje tem um setor industrial que responde por 27% do PIB e Serviços respondendo por 67% do PIB, é bom imaginar o futuro próximo (o início da próxima década, provavelmente) com uma participação do setor industrial menor do que 25% e contar com mais de 70% do produto sendo gerado no setor terciário.

O crescimento da renda sofistica o consumo, e esse novo consumidor, depois de se abastecer de produtos agrícolas básicos (na feira) de estar com a casa repleta de bens duráveis e com um carro na garagem, vai aumentar significativamente seu consumo de lazer, planos de saúde, academias, educação, cinema, teatro, TV a Cabo, Internet, Telefonia Móvel entre outros serviços.
 

Assessoria Técnica

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