Neste sentido, o título é voltado para a constante – e recente – disposição do setor industrial em pressionar o poder público para adoção de medidas protecionistas, ou mesmo pelo seu esforço em capturar os formuladores de políticas econômicas. Esse fato fica evidenciado pela enorme distorção no fomento que o BNDES, por exemplo, faz ao setor Industrial em detrimento do setor de Serviços. A indústria hoje representa menos da metade do emprego e do produto nacional que é gerado no terciário. Ou seja, as políticas tradicionais e protecionistas, além de prejudicarem o andamento da economia em seu todo e de reduzirem o bem-estar dos consumidores que se veem com menos opções e pagando mais caro, são, no final do dia, ineficazes e ineficientes. Essas políticas protecionistas, voltadas ao tradicional conceito de economia industrial, apenas atrasam o inevitável: o avanço do setor mais dinâmico da economia, em paralelo ao aumento de renda e consumo. Por isso mesmo, podemos dizer que ainda há espaço para a indústria ver sua participação na composição do PIB cair.
Nos Estados Unidos, onde a indústria representa 22% do PIB e o setor de Serviços mais de 76%, o PIB per capita é, em termos arredondados, R$ 90 mil. No Brasil, o PIB per capita é de R$ 21 mil, no Estado de São Paulo R$ 34 mil, e na capital de R$ 44 mil. Parece evidente que, quanto maior a renda local, maior a participação do setor terciário no PIB. A relação causal é difícil de estabelecer. O setor de Serviços cresce por que a renda é alta ou a renda é alta porque o setor de serviços é preponderante na região? Essa pergunta tipo “Economia Tostines” tende a ser respondida assim: na realidade os fenômenos ocorrem em paralelo. Portanto, se o Brasil hoje tem um setor industrial que responde por 27% do PIB e Serviços respondendo por 67% do PIB, é bom imaginar o futuro próximo (o início da próxima década, provavelmente) com uma participação do setor industrial menor do que 25% e contar com mais de 70% do produto sendo gerado no setor terciário.O crescimento da renda sofistica o consumo, e esse novo consumidor, depois de se abastecer de produtos agrícolas básicos (na feira) de estar com a casa repleta de bens duráveis e com um carro na garagem, vai aumentar significativamente seu consumo de lazer, planos de saúde, academias, educação, cinema, teatro, TV a Cabo, Internet, Telefonia Móvel entre outros serviços.
Assessoria Técnica
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