Existem dois times de analistas apostando pesado nesse jogo, e ambos têm perdido para aqueles mais cínicos e frios. O primeiro time aposta numa ruptura. No mercado são chamados de “vendidos”, ou seja, vendem ativos (todo tipo de ativo, financeiro e não financeiro) ao preço presente, esperando comprá-los mais baratos logo adiante, quando o fim do mundo chegar e todos estiverem de pires na mão. O segundo time é super otimista e crê numa solução rápida e definitiva. Esse time dos “comprados” adquire ativos, esperando que este seja o fundo do poço e que em breve possam realizar seus lucros vendendo caro suas posses que compraram baratos. Afinal, para eles a Grécia sairá da crise, assim como toda Europa e os problemas como desemprego, baixo crescimento e consumo fraco vão sumir ao longo deste ano. Claro, neste cenário os preços dos ativos subiriam rapidamente na Europa e no mundo.
Nossa aposta é bem mais chata, quase óbvia, e que não tem muito lugar na mídia: não há grandes possibilidades da ocorrência dos eventos acima. A tendência é de que a situação continue a se arrastar e, quando o momento se tornar mais agudo, embates entre credores e devedores surgirão, e novamente FMI, BCE, Bancos Centrais, Governos, serão chamados a participar das negociações. Nossa aposta se baseia nos mais claros argumentos:1. Nada mudou a favor da Grécia (ou de seus parceiros de desolação como Itália, Portugal, Espanha e Irlanda). A crise interna continua, as reformas impõem custos políticos pesados e o baixo crescimento será a toada nos próximos meses, talvez mais de um ano;
2. Nada mudou contra a Grécia e seus parceiros endividados: os credores e a Europa em si não podem permitir que haja uma ruptura no sistema político desses países e sabem que terão que imprimir lentamente a sua agenda de austeridade e reformas para os devedores. O ministro grego Papademos discutiu durante vários dias uma forma de chegar a um acordo em torno das medidas de austeridade exigidas pela União Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional em troca da liberação de um empréstimo adicional de 130 bilhões de euros para o governo grego, evitando assim um calote no pagamento de bônus previsto para 20 de março. De seu lado, o governo cortará mais de três bilhões de euros em gastos neste ano, reduzirá os benefícios aos aposentados e também diminuirá o salário mínimo em 22%, segundo o rascunho do documento sobre o acordo firmado entre os líderes, que foi obtido ontem pela imprensa. Ambos lados devem se resignar de não poderem reagir de forma diferente, mais altiva e incisiva. Cada um por seus motivos. Vamos conviver com essa “lenga-lenga” por um bom tempo.
Assessoria Técnica
Nenhum comentário:
Postar um comentário