segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Conforme apostamos, sai acordo grego

Vamos passar por vários momentos como o desta semana. Sempre que os vencimentos da Grécia estiverem chegando perto, haverá um período de terrorismo dos gregos mostrando que não existem condições de quitação das dívidas sem aporte de dinheiro do BCE, FMI e outros organismos multilaterais. Do outro lado, estarão os diretores desses órgãos multilaterais e alguns líderes nacionais (Ângela Merkel e/ou Sarkozy) pressionando os gregos com seu terrorismo: vão acenar que para a Grécia receber o aporte de recursos, terá que trazer uma contrapartida à mesa de negociações. No final, cada lado cede um pouco e sai um acordo: nem tão bom para sanar o problema de forma definitiva e nem tão ruim que jogue os mercados no caos.

Existem dois times de analistas apostando pesado nesse jogo, e ambos têm perdido para aqueles mais cínicos e frios. O primeiro time aposta numa ruptura. No mercado são chamados de “vendidos”, ou seja, vendem ativos (todo tipo de ativo, financeiro e não financeiro) ao preço presente, esperando comprá-los mais baratos logo adiante, quando o fim do mundo chegar e todos estiverem de pires na mão. O segundo time é super otimista e crê numa solução rápida e definitiva. Esse time dos “comprados” adquire ativos, esperando que este seja o fundo do poço e que em breve possam realizar seus lucros vendendo caro suas posses que compraram baratos. Afinal, para eles a Grécia sairá da crise, assim como toda Europa e os problemas como desemprego, baixo crescimento e consumo fraco vão sumir ao longo deste ano. Claro, neste cenário os preços dos ativos subiriam rapidamente na Europa e no mundo.
Nossa aposta é bem mais chata, quase óbvia, e que não tem muito lugar na mídia: não há grandes possibilidades da ocorrência dos eventos acima. A tendência é de que a situação continue a se arrastar e, quando o momento se tornar mais agudo, embates entre credores e devedores surgirão, e novamente FMI, BCE, Bancos Centrais, Governos, serão chamados a participar das negociações. Nossa aposta se baseia nos mais claros argumentos:

1.         Nada mudou a favor da Grécia (ou de seus parceiros de desolação como Itália, Portugal, Espanha e Irlanda). A crise interna continua, as reformas impõem custos políticos pesados e o baixo crescimento será a toada nos próximos meses, talvez mais de um ano;
2.         Nada mudou contra a Grécia e seus parceiros endividados: os credores e a Europa em si não podem permitir que haja uma ruptura no sistema político desses países e sabem que terão que imprimir lentamente a sua agenda de austeridade e reformas para os devedores.

O ministro grego Papademos discutiu durante vários dias uma forma de chegar a um acordo em torno das medidas de austeridade exigidas pela União Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional em troca da liberação de um empréstimo adicional de 130 bilhões de euros para o governo grego, evitando assim um calote no pagamento de bônus previsto para 20 de março. De seu lado, o governo cortará mais de três bilhões de euros em gastos neste ano, reduzirá os benefícios aos aposentados e também diminuirá o salário mínimo em 22%, segundo o rascunho do documento sobre o acordo firmado entre os líderes, que foi obtido ontem pela imprensa. Ambos lados devem se resignar de não poderem reagir de forma diferente, mais altiva e incisiva. Cada um por seus motivos. Vamos conviver com essa “lenga-lenga” por um bom tempo.

Assessoria Técnica

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