quinta-feira, 31 de março de 2011

Sinais importantes do mercado imobiliário na capital paulista

O Secovi divulgou os primeiros dados de vendas de imóveis novos em São Paulo neste ano de 2011. Os números não são bons, mesmo considerando-se o período, que tradicionalmente é muito ruim para as vendas de imóveis na capital. Segundo o Secovi, as vendas de imóveis caíram 45% em janeiro comparativamente ao mesmo mês do ano passado e o volume financeiro negociado cedeu 27% na mesma comparação. Foram vendidas apenas 830 unidades novas em janeiro, com valor bruto de vendas de R$ 430 milhões, o que dá uma média de R$ 518 mil por unidade vendida. Um único mês não é suficiente para avaliarmos se o mercado está de fato indo para um lado ou outro, mas os indícios de que o melhor momento do mercado imobiliário na capital já passou, isso é fato.

O setor é bastante relevante por seu poder de alavancar a atividade de diversos segmentos. São corretores, imobiliárias, incorporadoras, construtoras, bancos, financeiras, geradoras de crédito, escritórios de arquitetura, lojas de móveis, lojas de eletrodomésticos e uma miríade de segmentos que se beneficiam do aquecimento do mercado imobiliário. Também o segmento serve como bom termômetro do apetite por risco dos bancos e da confiança de longo prazo do consumidor, pois envolve um volume muito grande de recursos de financiamento de longo prazo.

Em janeiro de 2010, o setor crescia 35% em vendas, um cenário muito distinto do atual. Novamente, temos que ressaltar a pouca confiabilidade que se pode ter em um dado pontual, mas já desde o final de 2010 as vendas não mostravam o mesmo vigor do primeiro semestre, aumentando as suspeitas de que o mercado paulistano está um pouco exaurido neste momento.

De outro lado, os lançamentos iniciaram o ano com forte crescimento. É verdade que o início de 2010, em termos de lançamentos, foi muito fraco, mas de qualquer maneira os lançamentos começaram o ano em perspectiva totalmente distinta das vendas. Esse mercado tem essa peculiaridade, pois há um diferencial de tempo entre lançamentos e vendas, sendo que dois fenômenos ocorrem: um é o ajuste defasado dos lançamentos quando a demanda sobe ou cai; outro fenômeno é que em grande medida os lançamentos são capazes de criar sua própria demanda, quando o mercado está trabalhando em condições normais. Ou seja, a demanda pode estar esfriando, mas como para se lançar um empreendimento a demora é muito grande entre licenças, plantas, alvarás e outros trâmites, a oferta somente vai se ajustar nos próximos meses.

Por outro lado, o aparecimento desses lançamentos vai dar uma pequena aquecida no próprio mercado. Dessa forma, um pouco de ajuste para baixo da oferta e um pouco de acréscimo de demanda deve ocorrer nos próximos meses, até acontecer o ajuste fino do mercado.

Uma informação interessante e que corrobora um pouco a tese de que em São Paulo o mercado pode estar se exaurindo, pelo mesmo por ora, é o comportamento do setor na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP). A cidade de São Paulo tradicionalmente respondeu por 70% a 80% dos lançamentos e vendas, porém, isso vem se alterando gradualmente, com avanço do mercado principalmente em regiões como o ABC, Guarulhos e Osasco. Em janeiro, foram vendidas na RMSP 2.535 unidades, ou seja, 1.705 fora da capital. Se o preço médio na capital paulista foi de R$ 518 mil por unidade, na RMSP foi de R$ 327 mil em média e, quando tiramos São Paulo da conta o valor médio, cai para R$ 235 mil. Essa nova fronteira do mercado imobiliário, em grande medida, está se viabilizando justamente por conta do forte aquecimento ocorrido na capital nos últimos cinco anos, que elevou exageradamente o preço dos imóveis, seja em valores unitários, seja por metro quadrado de área útil.

Isso enseja um olhar mais crítico quanto à capacidade que se imaginava quase infinita de se elevar o preço dos terrenos na capital, e de que consumidores aceitassem passivamente pagar duas ou três vezes mais por imóveis nos últimos anos. Em algum momento essa relação viabiliza mercados como os do ABC e de outras regiões nas cercanias de São Paulo. O que deve ocorrer? Não sabemos ao certo, mas vale a aposta de que algumas cidades no entorno vão ver o mercado imobiliário se sofisticar e se valorizarão, enquanto em São Paulo o mercado pode passar o ano com um resultado aquém do que era esperado.


quarta-feira, 30 de março de 2011

O importante é arrecadar

O governo federal continua a adotar algumas posturas, no campo tributário, de causar perplexidade. É claro, sempre em nome da necessidade de arrecadar mais para atender aos seus crescentes e muitas vezes injustificados gastos, sobretudo em custeio. 

O fato mais recente está na decisão de reajustar anualmente a tabela de preços que serve de base para a cobrança de tributos federais (IPI, PIS-PASEP e COFINS) sobre bebidas, como cervejas e refrigerantes. O Executivo andou rápido, cumprindo a promessa com eficiência, através da edição do Decreto n° 7455, de 28/03/2011.

É realmente de espantar tal situação, não apenas pela voracidade fiscal, velha conhecida dos contribuintes brasileiros. O quê nos causa mais perplexidade? O fato de o poder tributante, independentemente da natureza dos produtos sujeitos à tributação, focar sua nova investida no consumo de gêneros populares, contrapondo-se à sua própria ênfase dos últimos anos voltada à ascensão de classes de baixa renda a padrões de consumo antes acessíveis a poucos. O governo defende a medida com o seguinte argumento:  “os preços que estão em vigor hoje são os mesmos desde janeiro de 2009”, quando a tributação passou a ser determinada com base nos preços de referência praticados.

Cabem alguns questionamentos: seria justa a correção dessa tabela em razão dos dois anos de defasagem, considerada a inflação do período? Essa correção não conflitaria com o esforço governamental de desindexar a economia?

A mentalidade fiscalista predominante na máquina estatal bem como os seus argumentos sobrepõem-se às reivindicações dos contribuintes, por mais justas e lógicas que sejam. Por isso, algumas “razões” prevalecem: o governo precisa sempre arrecadar mais, correções ou reajustes são incompatíveis com o esforço governamental de desindexação dos preços, portanto inviáveis, de modo a evitar-se pressões inflacionárias, o orçamento da União impõe a austeridade nos cortes e nos gastos do governo, considerados os princípios da transparência e da seletividade na gestão dos recursos públicos. Deixando-se de lado argumentos e contradições, para o governo o importante é arrecadar, o resto fica para futuras negociações por conta de seus interesses e necessidades.

Assessoria Técnica 

O comércio bilateral Brasil Alemanha


O comércio bilateral entre o Brasil e a Alemanha tem tudo para se intensificar nos próximos anos. A Alemanha é considerada o motor de crescimento da União Européia e o Brasil o seu mais importante parceiro comercial na América Latina.

Além de se destacar mundialmente por seus altos índices de exportação, a Alemanha é ainda um grande importador na escala mundial e o quinto mercado para os produtos brasileiros (dado de 2010). Dentre os nossos principais produtos mais demandados pelo país estão: minério de ferro, automóveis e peças, oleaginosos e seus óleos (principalmente soja), café e produtos químicos. 

Por outro lado, o Brasil não possui uma boa participação na balança comercial da Alemanha. Não estamos nem entre os dez principais destinos das exportações alemãs, nem nos principais países que vendem para a nação europeia. Para melhorar o comércio entre os dois países, cabe ao Brasil aproveitar o bom momento que vem vivendo no mercado internacional e ampliar suas relações comerciais com o país europeu. É necessária, no entanto, certa pressão no que diz respeito às restrições tarifárias impostas aos produtos brasileiros, principalmente em relação aos subsídios impostos por certos países do bloco europeu.

Os empresários devem também criar oportunidades para que as empresas brasileiras sejam beneficiadas através de nichos explícitos de negócios como, por exemplo, tecnologias para grandes eventos, como a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016. São necessárias parcerias e associações entre empresas dos dois países visando promover sempre a aproximação entre os investidores dos dois países.

Assessoria Técnica 

Movimento Brasil Eficiente

Você sabia que um dos grandes entraves para que o Brasil possa crescer e se desenvolver é o nosso sistema tributário? Grande parte de nossa administração pública é obsoleta e ineficiente, o que causa sérios prejuízos para o desenvolvimento de nosso país.


Assessoria Técnica 

Regras para dedução da contribuição patronal da Previdência Social do empregado doméstico


A dedução referente à contribuição patronal paga à Previdência Social (INSS) pelo empregador doméstico:

- está limitada a um empregado doméstico por declaração, inclusive no caso da declaração em conjunto;
- está limitada ao valor recolhido no ano-calendário a que se referir a declaração;
- aplica-se somente ao modelo completo de Declaração de Ajuste Anual;
- somente é dedutível a parcela da contribuição previdenciária paga pelo empregador doméstico (12%) 
- não poderá exceder ao valor da contribuição patronal calculado sobre um salário mínimo mensal,sobre o 13º salário e sobre a remuneração adicional de férias (1/3 férias).

Assim, para o ano calendário de 2010 o limite da dedução será de R$ 810,60.
Para o cálculo deste limite foi considerado o salário mínimo de R$ 465,00, para o mês de dezembro de 2009 e de R$ 510,00, para os meses de janeiro a dezembro de 2010. Dessa forma, temos o seguinte:

- para pagamentos de contribuições, relativas aos salários mensais, realizados no mês de janeiro de 2010 (competência de dezembro de 2009), R$ 55,80 por mês;
- para pagamentos de contribuições, relativas aos salários mensais, realizados nos meses de fevereiro a dezembro de 2010 (competência de janeiro a novembro de 2010), R$ 61,20 por mês;
- para pagamento de contribuição, relativa ao décimo terceiro salário, realizado no mês de dezembro de 2010, R$ 61,20;
- para pagamento de contribuição, relativa ao adicional de 1/3 de férias, realizado no mês de janeiro de 2010 (competência de dezembro de 2009), R$ 18,60;
- para pagamento de contribuição, relativa ao adicional de 1/3 de férias, realizado nos meses de fevereiro a dezembro de 2010 (competência de janeiro a novembro de 2010), R$ 20,40.

Assessoria Técnica 

Em breve, mais um indicador confiável

O IBGE vai lançar, em 5 de abril, um indicador de preços do atacado, que vai se chamar IPP (Índice de Preços ao Produtor). O indicador será complementar ao IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) que é o índice de preços escolhido pelo governo para ser a referência para a meta de inflação. Enquanto o IPCA mede a inflação que atinge o bolso do consumidor na etapa final da cadeia de produção, o IPP será o indicador do que ocorre com os preços nos elos intermediários desta cadeia. Não existe uma correlação perfeita entre os preços do produtor e os que chegam ao consumidor final, mas com dois indicadores confeccionados sob os tradicionais cuidados e perfeição técnica do IBGE, será possível levantarmos uma série bastante interessante de hipóteses ao longo dos próximos meses.

O indicador novo do IBGE será, sem dúvida, o melhor marcador do que acontece com os preços no atacado, com metodologia moderna e totalmente livre de suspeições. Nasce para avaliar a evolução dos preços de 320 produtos, em 23 setores, na porta da fábrica, sem impostos e fretes – o que retira do indicador uma contaminação indevida, pois se as condições de transporte e/ou as regras tributárias mudam, esses fenômenos não vão interferir no comportamento dos preços capturados pelo IPP.

O índice será produzido com coletas em 1,4 mil empresas, de periodicidade mensal, já disponibilizando, no momento de seu lançamento, uma série de história que teve início em janeiro de 2010. Para se ter uma ideia da seriedade do indicador, o projeto se iniciou em 2001, sendo que a implementação do piloto ocorreu em 2006. Somente dez anos depois do início do projeto, e cinco anos após o piloto, é que o IBGE considera que o índice está metodologicamente acabado.

Para o setor público será um índice de muita importância, pois com essas informações o governo poderá rastrear melhor o “DNA” da inflação. Será mais fácil entender as origens de processos de altas de preços (a rigor, de quedas também) e isso facilita a utilização de instrumentos tanto para acelerar quanto para desaquecer a economia. Também será interessante avaliar, ao longo dos meses, como se dá o processo de transferência de preços entre a indústria, o varejo e o consumidor. Essa poderosa ferramenta será ainda utilizada como um dos componentes para que as autoridades antecipem o desempenho do PIB, antes do término da coleta e processamento dos números das divulgações oficiais, que tendem a ser um tanto defasadas.

Esse indicador também será extremamente relevante nas novas negociações de contratos como o de concessões e de reajustes em contratos particulares e do setor público. Atualmente, os índices usados são muito pouco apropriados, por sofrerem influências externas muito severas e também por deterem metodologia e ponderação inadequadas ao momento econômico do País. De qualquer forma, é sempre bem-vindo um novo indicador, ainda mais da qualidade que sabemos o IBGE possuir. Para a Fecomercio, é mais um avanço e mais um grau de liberdade que ganhamos no acompanhamento periódico que se faz em prol do setor. A seguir os setores da indústria de transformação que serão pesquisados para a confecção do IPP:

Indústrias de Transformação : 

10 - Fabricação de produtos alimentícios
11 - Fabricação de bebidas
12 - Fabricação de produtos de fumo
13 - Fabricação de produtos têxteis
14 - Confecção de artigos de vestuário e acessórios
15 - Preparação de couros
16 - Fabricação e produtos de madeira
17 - Fabricação de celulose, papel e produtos de papel
18 - Impressão e reprodução de gravações
19 - Fabricação de coque. de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis
20B - Fabricação de sabões, detergentes, produtos de limpeza, cosméticos, produtos de perfumaria e de higiene pessoal
20C - Fabricação de outros produtos químicos
21 - Fabricação de produtos farmoquímicos
22 - Fabricação de produtos de borracha e de material plástico
23 - Fabricação de produtos de minerais não metálicos
24 - Metalurgia
25 - Fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos
26 - Fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos
27 - Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos
28 - Fabricação de máquinas e equipamentos
29 - Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias
30 - Fabricação de outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores
31 - Fabricação de móveis 

Assessoria Técnica 

terça-feira, 29 de março de 2011

Governo de São Paulo e Fecomercio firmam parceria para reduzir ICMS

A extensão ao varejo da redução do ICMS concedida à indústria com o objetivo de reduzir o preço de bens de consumo, a tentativa do governo federal de retomar a CPMF, as oportunidades de desenvolvimento do estado a partir da exploração do petróleo na camada pré-sal e incentivos às micro e pequenas empresas foram os temas debatidos pelo Governador Geraldo Alckmin, ontem (28/3), no seu encontro com o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio), Abram Szajman e com os presidentes dos 152 sindicatos filiados à entidade.

Durante o encontro, Alckmin firmou parceria com a Fecomercio para reduzir o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) cobrado do comércio varejista. A ação que visa reduzir os preços dos produtos para o consumidor final terá início com a formulação de um estudo, realizado pela Fecomercio, sobre os impactos da medida na economia do Estado. A medida também vai ao encontro dos planos do Governo de São Paulo para impedir que empresas deixem o estado devido à guerra cambial com outras unidades da federação, a exemplo do que foi feito com o setor industrial, que teve o ICMS de diversos produtos reduzidos de 18% para 12%. Segundo Alckmin, esse tipo de parceria tem que se tornar recorrente para “aproveitar ao máximo as oportunidades de desenvolvimento do País”.

Quanto à CPMF, que a União ameaça reestabelecer, desta vez com o nome de Contribuição Social para a Saúde (CSS), Alckmin demonstrou sensibilidade para uma realidade que a Fecomercio, há muito, vem denunciando. “Sou totalmente contra, a carga tributária tem que ser reduzida e não aumentada.” O governador apontou que realmente faltam recursos para a saúde, mas que o problema não é falto de arrecadação. “O Brasil tem uma alta carga tributária, o que falta é uma gestão dos recursos existentes.”

Já no campo de oportunidades, Alckmin apontou que o Estado de São Paulo deverá participar diretamente do desenvolvimento das operações de exploração do petróleo na camada do pré-sal, e afirmou que haverão boas oportunidades de investimento, principalmente para o setor de serviços. “A Petrobras deverá gerar 8 mil empregos diretos em Santos, ou seja, é uma grande chance para a área de serviços.” Instigado pela Fecomercio, Alckmin ainda assumiu o compromisso de se reunir com os prefeitos dos municípios paulistas para debater a redução do Imposto Sobre Serviços (ISS), uma forma de estimular o desenvolvimento do setor. “O empresário também pode contar com as linhas de crédito do Investe São Paulo e do Nossa Caixa Desenvolvimento”, conclui.


Semana embalada por notícias positivas


A semana passada, em termos gerais, foi positiva para o mercado financeiro. Como há muito tempo vem ocorrendo, a taxa de câmbio variou pouco. Por outro lado, o resultado médio do Ibovespa foi positivo. Variação pequena, dentro da expectativa, mas positiva. O mercado interno se depara com a pressão do Banco Central sobre o volume de crédito e sobre a demanda, e do lado externo as notícias, em média, foram melhores do que as que estamos analisando há pouco mais de um mês.

O desastre no Japão vai ficando para trás – felizmente – e podemos fazer avaliações menos emotivas, um pouco mais distante da tragédia. Nesta semana, o Japão já foi capaz de mostrar ao mundo algo que vínhamos dizendo: a sua fantástica capacidade de reação às situações realmente adversas. A imagem da estrada que foi reconstruída em seis dias rodou o mundo e, de certa forma, foi bastante eficiente em convencer os mercados de que o país vai de fato passar por um período de estímulo econômico bastante razoável. Podemos apostar que o Japão será pivô de novas altas de preços de commodities e vai aumentar a demanda global no médio prazo, conforme era nossa principal aposta.

Na Líbia, mais notícias positivas – especialmente para aqueles que não fazem parte da família Kadaffi. A coalizão vai liberando o caminho para que a oposição ao líder líbio avance e o deixe em uma posição insustentável. A Líbia de fato descambou para uma guerra civil, mas a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) não é nada discreta na sua preferência em resolver o conflito com a derrota e retirada de Kadaffi de cena. Com isso, o preço do petróleo Brent ficou mais estável, ao redor de US$ 115 o barril. Na esteira de nossas outras apostas e indicações, não vemos condições de Kadaffi se sustentar por um período longo e, em dois ou três meses, a situação estará muito provavelmente resolvida.

A melhor notícia de todas, porém, é a recuperação norte-americana. O PIB dos Estados Unidos cresceu o equivalente a 3,1% no último trimestre de 2010, superior aos 2,5% estimados pelo mercado e ao resultado prévio que havia sido de 2,8%. Ou seja, o mundo deve experimentar um ano de maior ritmo econômico do que 2010. Ironicamente, o Brasil vai enfrentar o cenário oposto. Não que seja motivo para grande alarme, mas o País vai crescer menos quando o mundo crescerá mais, e os motivos para isso são todos internos: inflação, gastos públicos elevados e falta de infraestrutura.

Para o Ibovespa, essa situação gera, ao menos, uma perspectiva um pouco melhor do que a que vínhamos apontando nas últimas semanas. Porém, como o lado negativo de toda essa história, há um aumento significativo na pressão inflacionária vinda de fora do território brasileiro. Talvez tenhamos que conviver com um mercado de crédito mais restrito e uma taxa de juros mais elevada do que seria o desejável, com esses fatores anulando o upside das notícias internacionais. Para não ficarmos em cima do muro, a aposta é de que o Ibovespa pode ter desempenho positivo em 2010, modesto, ao invés de um desempenho praticamente estável, mesmo com as restrições internas. Acreditamos que as boas notícias neste momento superam as ruins. Isso não quer dizer que a taxa de câmbio vá se valorizar rapidamente e que o Ibovespa passará a subir semana após semana. Seguem os quadros para avaliação dos leitores:




Assessoria Técnica 

segunda-feira, 28 de março de 2011

Tabela do IR terá correção de 4,5% por ano até 2014

O governo federal oficializou hoje, por meio da Medida Provisória 528, publicada no Diário Oficial da União, a correção de 4,5% na tabela do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) em 2011, 2012, 2013 e 2014

Abaixo as novas tabelas e os valores alterados:

Ano-calendário 2011:
Tabela Progressiva Mensal
Base de Cálculo (R$)
Alíquota (%)
Parcela a Deduzir do IR (R$)
Até 1.566,61
-
-
De 1.566,62 até 2.347,85
7,5
117,49
De 2.347,86 até 3.130,51
15
293,58
De 3.130,52 até 3.911,63
22,5
528,37
Acima de 3.911,63
27,5
723,95



Ano-calendário 2012:
Tabela Progressiva Mensal
Base de Cálculo (R$)
Alíquota (%)
Parcela a Deduzir do IR (R$)
Até 1.637,11
-
-
De 1.637,12 até 2.453,50
7,5
122,78
De 2.453,51 até 3.271,38
15
306,80
De 3.271,39 até 4.087,65
22,5
552,15
Acima de 4.087,65
27,5
756,53



Ano-calendário 2013:
Tabela Progressiva Mensal
Base de Cálculo (R$)
Alíquota (%)
Parcela a Deduzir do IR (R$)
Até 1.710,78
-
-
De 1.710,79 até 2.563,91
7,5
128,31
De 2.563,92 até 3.418,59
15
320,60
De 3.418,60 até 4.271,59
22,5
577,00
Acima de 4.271,59
27,5
790,58



Ano-calendário 2014:
Tabela Progressiva Mensal
Base de Cálculo (R$)
Alíquota (%)
Parcela a Deduzir do IR (R$)
Até 1.787,77
-
-
De 1.787,78 até 2.679,29
7,5
134,08
De 2.679,30 até 3.572,43
15
335,03
De 3.572,44 até 4.463,81
22,5
602,96
Acima de 4.463,81
27,5
826,15



Parcela isenta dos rendimentos de aposentadoria e pensão, a partir do mês que o contribuinte completar 65 anos de idade:
- para o ano-calendário de 2010: R$ 1.499,15 por mês;
- para o ano-calendário de 2011: R$ 1.566,61 por mês;
- para o ano-calendário de 2012: R$ 1.637,11 por mês;
- para o ano-calendário de 2013: R$ 1.710,78 por mês;
- a partir do ano-calendário de 2014: R$ 1.787,77 por mês.

Limite do desconto simplificado:
- para o ano-calendário de 2010: R$ 13.317,09;
- para o ano-calendário de 2011: R$ 13.916,36;
- para o ano-calendário de 2012: R$ 14.542,60;
- para o ano-calendário de 2013: R$ 15.197,02;
- a partir do ano-calendário de 2014: R$ 15.880,89.


Despesa com instrução (limite anual):
- para o ano-calendário de 2011: R$ 2.958,23;
- para o ano-calendário de 2012: R$ 3.091,35;
- para o ano-calendário de 2013: R$ 3.230,46;
- a partir do ano-calendário de 2014: R$ 3.375,83.

Dedução por dependente (limite anual):
- para o ano-calendário de 2010: R$ 1.808,28;
- para o ano-calendário de 2011: R$ 1.889,64;
- para o ano-calendário de 2012: R$ 1.974,72;
- para o ano-calendário de 2013: R$ 2.063,64;
- a partir do ano-calendário de 2014: R$ 2.156,52.

Assessoria Técnica 

Importamos de tudo, até inflação

O mundo globalizado é muito melhor do que aquele das décadas anteriores. O crescimento aumentou, o consumo cresceu muito e se democratizou, a evolução tecnológica acelerou etc. Mas precisamos primeiro entender o que estamos chamando de mundo globalizado. Para nós, é um mundo onde as interações entre indivíduos, empresas e governo se tornou muito veloz, tanto na troca de informações – bastante volumosa –, como no proporção de troca de bens e serviços, cuja velocidade só é limitada pelos meios físicos. Essa agilidade e intensidade de interações é que possibilitou algumas mudanças de patamares técnicos, elevou à categoria de consumidores milhões de pessoas e acelerou o crescimento de regiões antes periféricas e esquecidas do planeta. Recorrendo ao lugar comum, “o mundo ficou pequeno”.

Mas a globalização não ocorreu do dia para a noite. Foi um processo (e ainda é, pois nunca estará acabado) gradual e a sua evolução não foi planejada, ocorrendo de acordo com as possibilidades técnicas aliadas a uma percepção crescente de empresas e consumidores (mais do que de governos) de que a integração e interação faziam todo sentido. Esse processo certamente, como já exposto, trouxe mais vantagens do que custos, mas não é totalmente isento de efeitos colaterais que ainda não aprendemos a lidar. Nas primeiras crises ditas globais (México 1994 e 1995, Sudeste asiático em 1997, Rússia e Argentina em 1998 e Brasil em 1999) aprendemos que alguns instrumentos de política econômica somente funcionam em economias fechadas.

O processo se iniciou com a ancoragem das moedas ao dólar e terminou com as crises de balanços de pagamentos e rupturas cambiais bastante dolorosas. Com a recente crise do subprime nos EUA, aprendemos que os efeitos se espalham muito rapidamente e que o poder dos governos e bancos centrais em controlar o risco sistêmico é muito mais limitado do que nas décadas de 1970 ou 1980. Claro, as regras da economia são as mesmas, como leis, que funcionam em qualquer lugar a qualquer tempo. O problema é que não conseguimos compreender os fenômenos e muito menos antecipá-los adequadamente, até por conta da grande velocidade e transparência que as informações adquiriram.

Neste momento, o mundo está enfrentando mais um fenômeno novo, com bases antigas. Não era mesmo possível imaginar que o aumento brutal da demanda global fosse ficar impune. Alguns sinais já vêm sendo emitidos há tempos, como a pressão sobre as commodities. Não há como manter os preços estáveis quando 2,5 bilhões de pessoas na China e Índia resolvem fazer parte do mercado de consumo de alimentos. Ainda assim, os efeitos negativos estão sendo mais do que compensados pelo aumento de conforto global.

O efeito colateral mais interessante se dá justamente sobre os analistas, que não conseguem avaliar friamente o fenômeno, que a rigor é um pouco simples. Se houvesse um choque de demanda (um crescimento repentino do consumo) em uma economia fechada como a do Brasil em 1970, o resultado seria uma alta de preços e todos economistas seriam unânimes no diagnóstico e nos prognósticos. Como o mesmo ocorre em um mundo globalizado, estamos levando tempo demais para compreender o óbvio, com medo de parecermos antiquados e “estraga prazeres”. Mas é isso mesmo: aumentou a demanda mais do que a oferta, os preços têm que subir.

Esse fenômeno foi encoberto por dois fatores primordiais: o primeiro é que a relação entre oferta e demanda global é mais estável do que entre oferta e demanda local, que estão mais sujeitas a choques e sobressaltos. É mais estável, mas não imune à volatilidade.

O segundo fator que por muito tempo disfarçou esse efeito foi o fato de que as altas de preços por mais de uma década ficaram praticamente restritas àscommodities (e alguns mercados específicos por motivos particulares, caso, por exemplo, de imóveis nos EUA). A mágica por trás dessa estabilidade era apenas um truque: a China conteve o aumento de preços internos com base em uma forte repressão ao consumo. Em outras palavras, a China pressionou os preços de bens de consumo não duráveis como alimentos e matérias-primas, e represou essas pressões mantendo os custos internos arroxados, e fornecendo quantidades olímpicas de bens semiduráveis e duráveis a preços baixos. Resultado, a inflação média mundial era baixa.

Mas, como ensina qualquer livro de macroeconomia, as leis econômicas vão se impôr. As pressões internas da China começam a aparecer e impulsionar os preços de seus produtos – analistas apostam em uma inflação real ao consumidor ao redor de 10% e no atacado acima desse patamar.

Pressões sociais internas para aumentar salários e externas para que a China valorize seu câmbio começam a pavimentar o caminho para uma rodada de inflação dos importados no mundo. O Brasil vai se deparar com esse efeito dado que além dos produtos chineses (e de outras economias emergentes) provavelmente começarem a subir, a taxa de câmbio parou de se valorizar e não vai mais compensar as pressões em dólar. É mais um fenômeno global diferente, que, no fundo, é igual aos anteriores.

Assessoria Técnica